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Atividades do BankBoston no Brasil dependem da estratégia global do Bank of America

São Paulo, 27 de outubro, Portal EXAME O Bank of America anunciou nesta segunda-feira (27/10) uma fusão com o Fleet Boston, um negócio de cerca de 47 bilhões de dólares. A transação envolveu uma troca de papéis em que os acionistas do Fleet vão receber 0,5553 ação do Bank of America para cada ação que […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

São Paulo, 27 de outubro, Portal EXAME O Bank of America anunciou nesta segunda-feira (27/10) uma fusão com o Fleet Boston, um negócio de cerca de 47 bilhões de dólares. A transação envolveu uma troca de papéis em que os acionistas do Fleet vão receber 0,5553 ação do Bank of America para cada ação que possuírem. O novo banco é um gigante: poderá tornar-se, dependendo ainda da aprovação das autoridades estaduais americanas, o segundo maior banco do mundo, com ativos superiores a 900 bilhões de dólares. Terá 5 700 agências e mais de 16 000 caixas automáticos em 29 dos 50 estados americanos.

A aquisição vai definir os rumos da subsidiária brasileira do Fleet, o BankBoston. Geraldo Carbone, presidente do BankBoston no Brasil, diz que a aquisição é um bom negócio para o banco. Fortalecemos nossa base de capital e agora somos associados ao segundo maior banco do mundo e ao maior banco dos Estados Unidos , diz Carbone. Com isso, podemos repensar toda a nossa estratégia de crescimento no Brasil.

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Para Carbone, o fato de o Fleet ter 190 bilhões de dólares em ativos tornava mais difícil para o BankBoston que tem cerca de 9 bilhões de dólares em ativos no Brasil montar suas estratégias de crescimento e gestão de risco, especialmente após a forte turbulência do ano passado. Agora, vinculados a um banco com 900 bilhões de dólares em ativos, essa tarefa fica muito mais fácil , diz ele. As restrições de risco ou de balanço desaparecem. Segundo o presidente, o Brasil é um bom candidato a aumentar as operações do Bank of America. O país, diz ele, tem um mercado amplo, grandes oportunidades de crescimento e o risco Brasil já recuou para um patamar aceitável para os investidores internacionais. O que foi sinalizado com as conversas iniciais com a matriz é que deveremos discutir possibilidades de crescimento nos próximos 12 meses , diz Carbone.

Outros analistas estão um pouco mais céticos. Todos destacam que o BankBoston é uma excelente operação, rentável e muito bem posicionada no mercado. Mas sua continuidade vai depender do apetite do Bank of America em atuar no Brasil , diz Gilberto Munhoz, sócio da consultoria KPMG dedicado ao sistema financeiro. Qual será esse apetite? Não dá para saber, mas os últimos movimentos do banco eram de sair do Brasil, pois sua história aqui não é brilhante.

O Bank of America do Brasil envolveu-se em alguns dos maiores problemas do sistema financeiro. Além de problemáticos empréstimos a empresas de comunicação e a times de futebol, sua empresa de administração de recursos ainda está sendo processada por algumas centenas de investidores furiosos. O seu fundo mais visível, o Bank of America High Yield, perdeu 20% de seu patrimônio no início de junho de 2002, apesar de o departamento de vendas da empresa de gestão ter informado aos investidores que as perdas estavam limitadas a 3%. Isso foi um marco na administração de fundos , diz Munhoz. Não se tinha notícia de que investidores pessoa física haviam processado os gestores. Poucos meses depois dos problemas, o que restou da empresa de gestão foi vendida para o HSBC.

Nos últimos tempos, o Bank of America vem reduzindo drasticamente suas operações por aqui. A ordem foi fechar as portas e ficar com operações muito pequenas na América Latina, exceto no México , diz Ian Dubugras, que presidiu o Bank of America no Brasil até há poucos meses. Dubugras que foi contratado depois de os empréstimos problemáticos terem ocorrido e que não era responsável pela empresa de gestão de recursos diz que o Bank of America não é uma organização com foco em países emergentes. Eles têm demonstrado uma clara preferência pelo mercado americano e por alguns países da Europa , diz Dubugras. Ele, porém, faz uma ressalva. Se o banco quiser crescer no Brasil, o BankBoston é uma plataforma de lançamento de excelente qualidade.

A chave para saber o que vai acontecer com o BankBoston depende da disposição dos executivos em Charlotte, na Carolina do Norte, onde ficará a sede do novo banco. Em uma teleconferência para a imprensa americana, os dois executivos a cargo da nova organização, Ken Lewis (novo presidente do conselho, que presidia o Bank of America) e Charles Gifford (novo CEO, que presidia o Fleet) falaram pouco sobre América Latina. Seus únicos comentários são que o Boston é uma marca muito bem consolidada na região, mas que a exposição do Bank of America à América Latina não deverá ser alterada no curto prazo. No entanto, se transparências para investidores contam, as 33 lâminas da apresentação que pode ser baixada no site do banco não fazem qualquer menção à América Latina. Segundo Erivelto Rodrigues, diretor da consultoria especializada em bancos Austin Asis, ambos os bancos vinham demonstrando não ter muito interesse nas operações da América Latina. Deve haver uma descontinuidade das operações , diz ele.

Os especialistas são unânimes em afirmar que qualquer mudança deverá demorar para acontecer. Não se muda um banco do tamanho do Boston em dois dias , diz o presidente de um banco internacional. Pelo menos por alguns meses, a vida deve continuar como tem sido . A diferença, agora, é que os executivos do BankBoston terão de demonstrar (de novo) que a aquisição por um banco de varejo americano sem muita tradição no exterior não altera a forma de fazer negócios. Algo como quando o Boston fundiu-se ao Fleet. Algumas pessoas tinham ressalvas às operações brasileiras , diz Carbone. Mas isso mudou depois de uma boa exposição dos números, da forma de operar e das perspectivas do negócio.

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