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6 formas de medir o retorno do seu investimento

CDI, IPCA, Selic, IGP-M, Ibovespa e poupança: saiba qual é o indicador certo para você avaliar a rentabilidade da sua aplicação

Conheça os indicadores mais usados no mercado e compare o retorno do seu investimento (Ana Maria)

Conheça os indicadores mais usados no mercado e compare o retorno do seu investimento (Ana Maria)

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Da Redação

Publicado em 24 de julho de 2011 às 08h00.

São Paulo – CDI, IPCA, IGP-M. Familiar aos que aplicam na renda fixa, a sopa de letrinhas diz respeito a uma série indicadores que mais do que denunciar a evolução de preços ou a taxa que os bancos pagam para tomar empréstimos entre si, balizam o retorno de uma série de aplicações. E os parâmetros não param por aí. Confira, nas próximas páginas, quais são os índices mais utilizados no mercado financeiro e em que medida você deve prestar atenção neles para avaliar se está mesmo ganhando dinheiro.

1. CDI
Variação no primeiro semestre: 5,51%
Variação em 2010: 9,74%
fonte: Banco Central

Os bancos fecham as suas contas ao fim de todos os dias. Para uns, sobra dinheiro. Para outros, falta. Nas duas pontas, há interesse em negociar papéis lastreados nestes recursos: é a oportunidade de deixar o caixa no azul para quem compra, e de ganhar uma remuneração a mais por recursos que ficariam parados para quem empresta.

"O banco tomador também pode usar o dinheiro para disponibilizá-lo em financiamentos", explica o professor de economia da FGV Ricardo Rochman. O custo da captação acaba sendo vantajoso, já que dependendo da operação de crédito, os juros pagos pelos clientes cobrem essa diferença e ainda devolvem algum lucro à instituição financeira.

Chamados de certificados de Depósitos Interbancários (ou CDIs), esses títulos funcionam da mesma forma que os CDBs, embora só sejam negociados entre bancos. Como o CDI determina o custo diário do dinheiro, a taxa cobrada pela operação de empréstimo - a famosa taxa do CDI - acabou se consolidando como parâmetro para diversos investimentos na renda fixa.

Os CDBs vendidos pelos bancos, por exemplo, prometem um determinado percentual de retorno em relação ao CDI. Conseguir turbinar essa rentabilidade, segundo Ricardo Rochman, depende do tamanho da aplicação, do prazo para o resgate, mas também do investidor.

"Se a quantia for pequena, você conseguirá taxas de 90% para baixo. Se tiver bastante dinheiro, tranquilamente conseguirá 100% ou até um pouco mais do CDI", diz. A recomendação é pesquisar bastante e barganhar melhores condições com o gerente do seu banco se a concorrência estiver oferecendo retornos mais polpudos para um investimento do mesmo porte.

A taxa do CDI caminha lado a lado com a Selic e também serve como benchmark para muitos fundos de investimento, em especial os fundos referenciados DI.


2. Selic 
Variação no primeiro semestre: 5,52%
Variação em 2010: 9,76%
Fonte: Banco Central

A Selic é chamada de taxa básica da economia por balizar grande parte dos juros cobrados no mercado. Basicamente, ela representa o custo que o governo paga para tomar dinheiro emprestado dos bancos. Quanto mais alta é essa taxa, maior é o interesse das instituições financeiras neste tipo de transação, já que o governo é um bom pagador. Por outro lado, quando a Selic cai, o crédito ao consumidor passa a ser mais vantajoso. Isso acontece porque as taxas de juros cobradas do cliente superam e muito a Selic ao incorporarem, por exemplo, o risco de inadimplência, o custo da operação e o lucro almejado pelo banco.

Quando a inflação está alta, a equipe econômica do governo mexe na Selic para que o custo de tomar dinheiro emprestado fique mais salgado. Como a Selic afeta toda a economia, cai também a disposição dos consumidores e das empresas, diminuindo a demanda e, consequentemente, a pressão sobre os preços.

Existem títulos públicos do governo que remuneram conforme a Selic. São as chamadas Letras Financeiras do Tesouro, ou LFTs, papéis prefixados negociados via Tesouro Direto. Para quem acredita que a Selic irá diminuir no médio prazo, investir em papéis deste tipo com vencimento fixado para alguns anos à frente significa garantir uma rentabilidade na casa de dois dígitos hoje, que pode não ser conseguida com um risco tão baixo no futuro.

3. IPCA 
Variação no primeiro semestre: 3,86%
Variação em 2010: 5,9%
Fonte: Banco Central

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o popular IPCA, é medido mensalmente pelo IBGE. A variação do indicador é tida como a inflação oficial do país. Ele é considerado um retrato da evolução do custo de vida das famílias brasileiras porque leva em conta os preços finais que chegam ao consumidor em diversos setores da economia, como alimentação, educação e saúde.

Não por menos, é para o IPCA que muita gente volta os olhos na hora de comparar a rentabilidade conseguida em determinada aplicação financeira. A poupança, por exemplo, rende uma taxa de 6% ao ano acrescida da chamada Taxa Referencial, ou simplesmente TR. Na disputa entre IPCA e a caderneta, a inflação ganhou a melhor no primeiro semestre do ano: 3,8% contra 3,6% da poupança. Isso significa que quem aplicou na caderneta viu o dinheiro crescer, é verdade, mas teve o poder de compra diminuído neste período.

Segundo Leonardo Bortoloto, sócio da Aditus Consultoria, comparar a rentabilidade do investimento com a poupança vale para qualquer tipo de aplicação, seja na renda fixa ou variável. "Se a sua escolha bate o IPCA, isso significa que você está tendo um retorno real", ensina.

Para aqueles que temem a corrosão da rentabilidade pela inflação, vale considerar as alternativas que remuneram o investimento em uma proporção que supera, logo de início, a escalada de preços. É o caso dos títulos públicos indexados ao IPCA. As NTN-B pagam um percentual pré-fixado mais a inflação medida pelo IPCA no período da aplicação. "Do ano passado para cá, aumentou muito a demanda por papéis atrelados à inflação", afirma Bortoloto. Por isso, acredita ele, mesmo os títulos emitidos por empresas que querem captar dinheiro, as chamadas debêntures, também condicionam o retorno à evolução do IPCA.


4. IGP-M
Variação no primeiro semestre: 3,14%
Variação em 2010: 11,32%
Fonte: Banco Central

Assim como o IPCA, o IGP-M - ou Índice Geral de Preços do Mercado - também calcula a inflação do país. "A diferença é que o IGP-M considera muito mais o impacto no atacado", diz Leonardo Bortoloto, da Aditus Consultoria. "Por vezes IPCA e IGP-M se descolam pois o IGP-M sofre a influência das variações do dólar. Mas acho que no longo prazo, acima de três anos, eles acabam convergindo para o mesmo patamar."

Como costuma ser utilizado para o reajuste de tarifas e do aluguel, o IGP-M têm relação direta com os retornos de muitos fundos imobiliários, já que os ativos destas carteiras são imóveis com contratos corrigidos anualmente pelo indicador. Não por acaso, esses fundos muitas vezes prometem entregar o retorno no IGP-M acrescido de um percentual pré-fixado. O governo também oferece papéis da dívida pública indexados ao índice, acrescidos também de juros definidos no momento da compra: são as chamadas Notas do Tesouro Nacional (NTN-C).

5. Ibovespa
Variação no primeiro semestre: -9,96%
Variação em 2010: 1,04%
Fonte: BM&FBovespa

Sinônimo do desempenho da renda variável, o Ibovespa é - ou pelo menos parece ser - a medida para falar de ações no Brasil. O índice, que mantém a mesma metodologia desde 1968, é composto pelos papéis mais representativos da bolsa em termos de liquidez e patrimônio, como as blue chips da Petrobras e da Vale. Por isso, quando o assunto é o desempenho de uma determinada carteira, de um fundo de ações, de um índice setorial ou da renda variável como um todo, o grande parâmetro para avaliar o andamento da aplicação se torna a variação do Ibovespa.

“Como ele é o mais tradicional dos nossos indicadores na renda variável, acabou sendo incorporado como medidor do comportamento das ações”, diz o professor da FGV Ricardo Rochman. Para ele, contudo, o índice denuncia o comportamento de uma estratégia de investimento antes do mercado no sentido mais amplo do termo. “O Ibovespa é a referência para o investimento nos papéis de melhor negociabilidade”, completa.

Segundo Rochman, o ideal é que o investidor sempre compare sua aplicação ao índice que melhor refletir aquela estratégia. Só então deve olhar para o Ibovespa para ter uma pista da visão geral do mercado. Entre indicadores do setor de consumo, energia elétrica e até utilização eficiente de carbono, a bolsa conta hoje com 21 índices diferentes.

6. Poupança

Variação no primeiro semestre: 3,6%
Variação em 2010: 6,8%
Fonte: Banco Central

Queridinha dos brasileiros, a poupança costuma funcionar como um barômetro de risco para quem busca retornos mais polpudos. No caso da caderneta, não há muito segredo: a rentabilidade é de 6% ao ano mais TR. Logo, a aplicação que não bate esse percentual exige que o investidor corra mais risco sem necessariamente compensá-lo por isso.

Como a poupança é livre de Imposto de Renda, ela passa a ser bastante vantajosa quando a taxa básica de juros cai. Foi o que aconteceu em 2009, quando a Selic atingiu patamares historicamente baixos em função da política adotada pelo governo para estimular a economia depois da crise. Como os títulos públicos passaram a remunerar menos - mas continuaram cobrando IR de 22,5% a 15% dependendo do tempo da aplicação - a poupança virou a vedete dos investidores.

Mesmo com a subida da taxa básica nos últimos anos, especialistas em finanças não costumam titubear. Quando a taxa de administração cobrada pelos fundos de renda fixa excede 1%, o investidor faz um melhor negócio optando pela tradicional caderneta.

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