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6 lições sobre investimentos do filme "A Grande Aposta"

Filme indicado ao Oscar dá dicas sobre investimentos ao contar a história de especuladores que anteciparam a crise econômica nos Estados Unidos em 2008

Christian Bale interpreta o gestor de fundos Michael Burry no filme "A grande aposta": o mercado financeiro exige (muita) cautela (Divulgação/Facebook/Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 21 de janeiro de 2016 às 10h42.

São Paulo - "O que nos causa problemas não é o que não sabemos. É o que temos certeza que sabemos e que, no final, não é verdade". A citação do escritor americano Mark Twain, que aparece logo no início do filme "A grande aposta", em exibição nos cinemas desde o dia 14, resume uma importante lição do filme: nos investimentos , a certeza desvinculada de fatos concretos é mais prejudicial do que a dúvida.

Baseado no livro-reportagem do jornalista americano especializado em finanças Michael Lewis, o filme do diretor Adam McKay recebeu cinco indicações ao Oscar deste ano. "A grande aposta" conta a história de quatro investidores que ganharam muito dinheiro ao antecipar a bolha imobiliária e, consequentemente, o colapso do mercado financeiro americano, que culminou na crise de 2008 ( relembre a crise financeira de 2008-09 ).

Os personagens retratados no filme conseguiram descobrir, de maneiras diferentes, como títulos ligados a hipotecas, e oferecidos por grandes bancos , não eram tão seguros como se alardeava.

Eles previram que esses investimentos poderiam ter um desempenho extremamente negativo diante de um eventual aumento da inadimplência no pagamento desses créditos, concedidos de forma irresponsável a americanos que claramente não tinham capacidade financeira de arcar com as prestações.

Nesse cenário, os quatro investidores apostaram que a rentabilidade desses títulos, considerados muito seguros, iria despencar quando a inadimplência aumentasse, já que as taxas desses créditos seriam fortemente reajustadas para cima ao longo do tempo.

À primeira vista, o roteiro pode parecer distante do pequeno investidor, já que os personagens retratados são gestores de fundos, consultores de investimentos, donos de corretora e grandes investidores. Mas "A grande aposta" passa mensagens interessantes, que valem para qualquer tipo de investidor.

O filme mostra, por exemplo, as pressões enfrentadas por quem nada contra a maré, além dos artifícios utilizados por grandes instituições financeiras para seduzir clientes.

Veja a seguir essas e outras lições passadas pelo filme para quem quer se aprimorar no mundo dos investimentos:

1) Para descobrir, basta olhar (ou questionar)

O gestor de fundos Michael Burry, interpretado no filme por Christian Bale, se baseia em conhecimentos históricos para saber que, ao contrário do que se fala de forma recorrente, nem sempre o mercado imobiliário é um porto seguro. Pelo contrário: os preços dos imóveis caíram durante a Grande Depressão da década de 30.

Com essa pulga atrás da orelha, ele começa uma extensa pesquisa para verificar a situação das hipotecas incluídas nos títulos vendidos pelos bancos. Ele acaba descobrindo que elas não são tão seguras como foram classificadas, e estão, na verdade, misturadas a créditos de alto risco.

Dificilmente o pequeno investidor terá acesso a informações tão estratégicas, que permitam antecipar uma bolha, mas nunca é demais questionar a instituição financeira sobre os reais riscos de uma aplicação financeira e confrontar as informações passadas pelos bancos com os dados divulgados em livros, na internet e com profissionais do mercado.

2) Não fique intimidado com termos complicados

Está difícil entender como funciona um investimento oferecido pelo banco? Não hesite em pedir explicações até que o conceito fique bem claro. Para isso, vale até mesmo buscar relações entre o funcionamento do investimento e situações cotidianas.

Esse é um dos recursos utilizado pelo filme para facilitar o entendimento do espectador sobre o que são créditos de alto risco, por exemplo. Em um determinado momento do filme, um dos personagens dá a dica: o mercado financeiro parece propositalmente utilizar termos sofisticados para intimidar o investidor e evitar possíveis questionamentos. Não caia nessa e peça sempre esclarecimentos.

3) Não confie em avaliações

Na crise imobiliária dos Estados Unidos foi constatado que o esquema dos títulos ligados à hipoteca era fraudulento e chegou a envolver até agências de classificação de risco, as chamadas agências de rating.

Essas agências classificaram os títulos lastreados em hipotecas como aplicações de baixo risco quando eles estavam misturados a créditos podres. A razão? Conflito de interesses, já que os clientes das agências de classificação de riscos são os próprios bancos.

Também foram verificadas falhas na regulação do mercado financeiro, que permitiram aos bancos fazer essas manobras. Ou seja, nunca é demais se proteger contra possíveis brechas na legislação questionando e comparando dados. O segredo é não seguir a manada e evitar aplicar seu dinheiro em um determinado investimento apenas porque um familiar ou o seu vizinho o indicou. Busque pensar por si mesmo.

4) Analise bem com quem você deixará o seu dinheiro

Diferentemente do que se pensa, "A grande aposta" mostra que não foram pequenas corretoras, sem reputação no mercado, que fizeram parte do esquema de títulos ligados a hipotecas, mas, sim, grandes bancos de investimento. Ou seja, não importa o porte da instituição financeira: o investidor deve sempre se certificar se o que está sendo oferecido é, de fato, o mais adequado para o seu perfil.

É natural que consultores de investimento e gerentes de bancos ganhem uma comissão ao recomendar uma aplicação. Mas é necessário checar se ela é, de fato, a mais vantajosa, ou se há conflitos de interesse que podem estar interferindo nessa escolha.

5) Não existe investimento 100% seguro ou que se valoriza o tempo todo

Todos os personagens do filme foram alvos de chacota (e até processos) simplesmente por estarem apostando contra o mercado imobiliário, considerado altamente seguro.

Mas, de acordo com uma máxima das finanças, um investimento não pode ser avaliado apenas por seu histórico passado, ainda que essa performance corresponda a décadas consecutivas de valorização.

É o que explicam no filme o economista Richard Taler, especializado em finanças comportamentais, e a cantora Selena Gomez. Na cena, Selena joga blackjack em um casino e mostra como os participantes do jogo de cartas passam a apostar nela apenas por conta de seu desempenho inicial, desconsiderando que suas chances de manter o bom desempenho diminuíam ao longo do jogo.

A crise das hipotecas americanas foi uma situação específica, que levou à criação de uma bolha. Pensando em uma situação mais cotidiana, toda aplicação financeira está suscetível a mudanças inesperadas da economia, que podem ter grande impacto em seu desempenho futuro.

6) Especular nem sempre dá certo

Ainda que tenham se baseado em fatos, todos os personagens retratados no filme podem ser considerados especuladores, que são aqueles participantes do mercado que investem visando o lucro e não apenas a manutenção do patrimônio.

Ainda que no filme os especuladores tenham sido certeiros em suas apostas, analisar todas as variáveis que podem impactar um determinado investimento é extremamente complexo e inúmeros especuladores já perderam rios de dinheiro com isso. O problema é que essas histórias não necessariamente viram filmes.

Por isso, não faça apostas sem aconselhamento, muito menos com dinheiro que possa precisar no curto prazo. Caso contrário, você pode ter de arcar com grandes prejuízos se precisar resgatar seu dinheiro antes do tempo, por exemplo ( veja 10 livros que te ajudam a enriquecer em 2016 ).

São Paulo - Exemplos para aplicadores em todo o mundo, oito grandes investidores têm em comum um longo caminho de sucesso em suas aplicações financeiras. Não à toa, alguns aparecem constantemente na lista global dos mais ricos . Esses nomes lendários não construíram suas fortunas com base na sorte e especulação, e tiveram de lidar com os altos e baixos do mercado financeiro.A partir de suas trajetórias pessoais, ensinam conceitos importantes que servem como base para qualquer investimento . Conheça as principais lições:
  • 2. Tenha um objetivo sustentável

    2 /10(REUTERS/Rick Wilking)

  • Veja também

    Com foco no longo prazo, o megainvestidor americano Warren Buffet não costuma investir em aplicações populares. Prefere aplicar sua fortuna em negócios tradicionais ou consolidados em um pequeno mercado e que podem render bons e constantes lucros no futuro. Dessa forma, seu patrimônio não flutua ao sabor da economia. Além disso, quando Buffet acerta o alvo, a margem de ganho é maior, pois a aplicação foi feita antes da expansão ou valorização do investimento.
  • 3. Use os altos e baixos a seu favor

    3 /10(Simon Dawson/Bloomberg)

  • Enquanto muitos investidores temem oscilações em suas aplicações financeiras, o empresário e megainvestidor húngaro-americano George Soros , de perfil agressivo, sempre viu oportunidades na volatilidade dos investimentos. Para isso, acompanha bem de perto a evolução de dados sobre a economia que possam ter impacto futuro nas aplicações e empresas nas quais investe. Dessa forma, consegue migrar recursos de uma aplicação financeira para outra antes de perder dinheiro, ou passar a investir em segmentos que tenham potencial de valorização após mudanças no cenário macroeconômico.
  • 4. Esteja à frente de recomendações

    4 /10(Divulgação/ Site templeton.org)

    O empresário e filantropo John Templeton realizava investimentos na direção contrária da que o mercado apostava. Seu lema era: pense por si mesmo. Para selecionar aplicações financeiras, criou suas próprias ferramentas, e não seguia recomendações e tendências. Enquanto os olhos da maioria dos investidores estavam geralmente voltados para determinada empresa ou aplicação financeira, ele garimpava investimentos não convencionais, com maior oportunidade de ganhos.
  • 5. Saiba administrar os riscos

    5 /10(Divulgação/Columbia Archives)

    O investidor americano Benjamin Graham foi professor de Warren Buffet e um exemplo para o megainvestidor. Pai do conceito de investimento em valor, um dos ensinamentos de Graham é de que o investidor não dever temer o risco, mas, sim, administrá-lo. Como não é possível fugir totalmente das perdas ao investir, Graham definia um nível máximo de riscos para sua carteira de aplicações e se mantinha dentro dessa margem de segurança. Caso seu nível de risco ultrapassasse essa margem, o investidor não aplicava seu dinheiro, pois passaria a especular e ter grandes chances de perdas.
  • 6. Diversifique na medida certa

    6 /10(Wikimedia Commons)

    O economista britânico John Maynard Keynes, criador da macroeconomia moderna, também era um investidor. Um dos conceitos que seguia era o da diversificação inteligente, que consiste em diminuir os riscos das aplicações financeiras ao optar por produtos com comportamento opostos ou ao menos diferentes. Isso não se resume a ter na carteira uma parte de investimentos em renda fixa e outra porção em renda variável ( entenda os conceitos ), mas, dentro das opções de aplicações em renda variável, investir em ativos que tenham reflexos diferentes diante de uma mesma situação. Dessa forma, o patrimônio não fica refém de mudanças na economia.
  • 7. Seja racional

    7 /10(Getty Images)

    Braço direito do megainvestidor Warren Buffet , Charles Munger é conhecido por mapear comportamentos que influenciam de forma negativa nas decisões de investimento, e fugir deles. Racional, acredita que investir consiste em se preparar, ter paciência, disciplina e objetividade. Para Munger, situações de estresse, atitudes defensivas, temor a perdas e a inveja de quem está ganhando muito dinheiro têm o poder de destruir fortunas.
  • 8. Fique atento a taxas

    8 /10(Scott Eells/Bloomberg)

    O investidor americano John Clifton "Jack" Bogle, fundador do grupo financeiro Vanguard, defende a simplicidade nas aplicações financeiras para investidores individuais de perfil conservador e, principalmente, a redução de gastos com taxas, que costumam afetar rendimentos de aplicações passivas, que acompanham índices de mercado e oferecem menor risco.
  • 9. Seja discreto ao investir

    9 /10(Chris Hondros/Getty Images)

    Sempre no topo da lista de mais ricos do mundo, o empresário mexicano Carlos Slim é discreto ao investir. Tem uma carteira de aplicações variada, mas não entra em detalhes sobre onde aloca seus recursos, pois tem consciência de sua influência. Slim tem a cautela de não induzir investidores a apostarem em seus alvos para evitar uma redução em sua margem de ganhos caso os investimentos se valorizem de forma artificial após muitos aplicadores passarem a investir. Por conta da grande quantidade de dinheiro que aplica no mercado financeiro e em empresas, Slim apenas anuncia quando deixa de investir ou migra recursos aplicados quando é obrigado por lei.
  • 10. Agora, veja os livros que podem ajudar a investir melhor

    10 /10(4FR/Getty Images)

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