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Wall Street revive pânico e ações de bancos tombam

Regulador americano acusa Goldman Sachs de lesar investidores em 1 bilhão de dólares

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 16 de abril de 2010 às 18h58.

São Paulo  A crise de 2007/2008, a maior desde a Grande Depressão de 1930, mostrou nesta sexta-feira (16) que ainda perambula por Wall Street. O setor bancário americano, que se recupera das cicatrizes deixadas pelo estouro da bolha de ativos financeiros complexos negociados com a crença de uma alta quase infinita dos preços dos imóveis, levou um duro golpe. A SEC (Securities and Exchange Commission), que regula o mercado financeiro americano, revelou uma fraude de 1 bilhão de dólares no banco Goldman Sachs.

A notícia devastou os mercados e derrubou as ações do setor financeiro em todo o mundo. Os papéis da instituição financeira recuaram quase 13%. Outros também foram afetados: JPMorgan (-5,57%), Deustche Bank (-9,24%), Bank of America (-5,49%), Credit Suisse (-2,53%), UBS (-4,41%), Citigroup (-5,2%) e Wells Fargo (-2,83%). "A reputação do sistema bancário americano sofreu um impacto inegável", explica Joseph Brusuelas, presidente da Brusuelas Analytics.

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A SEC alega que o fundo Paulson & Co criou, em conjunto com o Goldman em 2007, um produto financeiro conhecido como CDO (collateralized debt obligation) que seguia os preços dos imóveis por meio de direitos de recebimentos de dívidas imobiliárias. A fraude teria ocorrido quando o fundo utilizou meios financeiros que o fizeram ganhar quando os preços das casas começaram a cair, o que levou a uma derrocada no valor do CDO.

"O Goldman permitiu, de forma errada, que um cliente que apostava contra o mercado de hipotecas a influenciar fortemente a decisão de escolha de qual ativo incluir no produto, enquanto dizia aos outros investidores que os ativos tinham sido escolhidos uma terceira parte independente", explicou o diretor da SEC, Robert Khuzami, em nota.

Regulação

O banco era visto como uma demonstração de força de recuperação do sistema bancário ao anunciar um lucro recorde de 13,4 bilhões de dólares em 2009, depois de receber 10 bilhões de dólares de ajuda do governo durante a crise. Os recursos foram devolvidos em junho. "O aumento da investigação de algumas transações relacionadas aos CDOs pode afetar negativamente a recuperação de alguns dos maiores bancos", indica TJ Marta, estrategista chefe de mercado da Marta on the Markets.

Marta acredita que é bem possível que outros bancos sejam envolvidos em situações parecidas. Em nota, o Goldman declarou que as acusações não tem fundamentos na lei e nos fatos, e que irá contestá-las de forma vigorosa para proteger a empresa e a sua reputação. "Dada a importância do papel do Goldman Sachas no mercado financeiro global, os investidores devem continuar sensíveis ao fluxo de notícias relacionadas ao tema", indica Brusuelas.

É crescente nos Estados Unidos a fiscalização e controle dos bancos. Além da busca por operações irregulares, os reguladores têm proposto a redução da oferta de produtos financeiros e a criação de regras mais rígidas para as políticas de pagamentos de salários e bônus dos executivos. "O crescimento do escopo da regulação proposta pela administração Obama irá enfraquecer a inovação e o crescimento econômico no longo prazo", conclui Brusuelas.

Comunicado da SEC
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