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1. As ações mais afetadas pelo real depreciado, segundo o HSBC
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1/11 (Karen Bleier/AFP)
São Paulo – A recente desvalorização do real em relação ao dólar pegou muita gente desprevenida. Além dos turistas que ainda não tinham comprado as verdinhas para a sua viagem ao exterior, muitas empresas precisaram correr para rever os números e estratégias de proteção para enfrentar um ambiente com o dólar mais longe do nível de 1,50 e mais próximo dos 2 reais daqui para frente. Em um relatório publicado nesta semana, a equipe de análise do HSBC foi desafiada a traçar as ações dentre as acompanhadas pelo banco que podem mais ser afetadas ou até beneficiadas pelo novo cenário. “Nosso cenário ‘e se’ coloca o real a 2,00 frente ao dólar ao longo de 2012. Não consideramos um cenário de colapso da economia global em nossa simulação, e sim uma perspectiva de ‘mais do mesmo’”, explicam Alexandre Gartner e Francisco Vanzolini. “Analisamos os impactos em todos os setores em termos relativos, e selecionamos os casos nos quais acreditamos que o impacto pode ser maior ou menor”, destaca o relatório. O impacto da taxa de câmbio foi avaliado em 22 empresas com o foco em aspectos: receita, custos e investimentos e alavancagem. table.tableizer-table {border: 1px solid #CCC; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;} .tableizer-table td {padding: 4px; margin: 3px; border: 1px solid #ccc;}.tableizer-table th {background-color: #104E8B; color: #FFF; font-weight: bold;}
Impacto do enfraquecimento do real |
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Beneficiários | Em maior risco | A monitorar |
Brasil Foods | TAM | Renner |
Vale | Gol | Marisa |
Usiminas | Dasa | B2W |
Gerdau | Fleury | Lojas Americanas |
CSN | Marfrig | Hypermarcas |
OGX | JBS | Pão de Açúcar |
SLC Agrícola | | Tele Norte Leste |
São Martinho | | Petrobras |
Confira nas imagens acima os efeitos nos seus respectivos setores.
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2. Alimentos e Agronegócios
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2/11 (Roberto Chacur)
Para o setor, o HSBC projeta um efeito positivo sobre as ações da SLC Agrícola, Brasil Foods e São Martinho. Para as empresas de carne bovina, contudo, os desafios podem aparecer. “Como a indústria vem operando com margens baixas, os investidores têm demonstrado preocupação com a alavancagem, mesmo antes dos movimentos cambiais”, destacam os analistas. Segundo eles, o enfraquecimento do real aumentaria essas inquietações. SLC: “A empresa está totalmente contratada no lado de fertilizantes para o AF12, embora não esteja muito avançada no hedging da receita (apenas em 29% em algodão, 16% em soja e 30% no Real)”. Brasil Foods: O forte poder de colocação de preços ajudaria a repassar os custos, onde cerca de um terço é relacionado ao dólar. “A empresa também tem hedge contra preços de grãos, o que deve limitar ainda mais os riscos de baixa”. São Martinho: Com dois terços da dívida em reais, a alavancagem tenderia a melhorar em comparação à geração de caixa. Ela ganharia ainda com as exportações de açúcar, que são aproximadamente 45% da receita.
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3. Metais e Mineração
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3/11 (Juliana Borges/EXAME.com)
Altamente exportador, o setor está em posição para ganhar com o enfraquecimento da moeda brasileira, “embora com velocidade e magnitude diferentes”, explicam. “No caso das empresas siderúrgicas, o benefício seria menos imediato e mais incerto, porém o impacto pode ser mais relevante”, ressalta o banco. As siderúrgicas estão com margens muito baixas, ou seja, qualquer melhora seria significativa. Vale: “Como parte dos custos é denominada em reais, o impacto líquido é positivo para a empresa”, diz o banco. O efeito sobre a dívida em dólar, 90% do total, é mitigado pela compensação com a receita de exportações. Usiminas e CSN: As duas empresas deve ser beneficiadas por um possível aumento dos preços do aço no mercado doméstico, atualmente abaixo do nível internacional. Gerdau: Além de ganhar com o crescimento do valor do produto dentro do país, a companhia lucra mais com os ativos que possui fora do Brasil.
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4. Petróleo
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4/11 (OSCAR CABRAL)
Como uma estatal usada pelo governo para controlar os preços da gasolina no mercado interno, a Petrobras é novamente apontada como uma das mais afetadas em um cenário com o real desvalorizado. “Como a empresa está importando gasolina para suprir o mercado local, basicamente ela compra produtos caros e os vende com preços domésticos baratos, prejudicando as margens”, destaca o banco. As margens são pressionadas ainda mais pelo de que um quarto das despesas operacionais está em dólar. Outro ponto levantado pelo HSBC é a dívida vinculada ao dólar que alcança 70% do total. Apesar disso, apenas 15% das receitas são na moeda. “Portanto, sua posição de dívida líquida deve aumentar. “A ressalva é que a dívida da empresa é de longo prazo, portanto, não deve ocorrer impacto caixa”, afirmam. OGX: O impacto seria neutro, aponta o HSBC. A empresa do investidor Eike Batista tem 2,6 bilhões de dólares em dívidas, mas que são compensadas pelo caixa de 2,5 bilhões de dólares. Do lado operacional, 75% das despesas são em dólar, mas as receitas também - o que a beneficiará quando começar a produzir. A OGX espera que isso ocorra até o final do ano. Lupatech: O problema para a fabricante de válvulas e equipamentos para a indústria do petróleo está em uma dívida de 275 milhões de dólares, a qual a empresa não possui hedge para o principal, apenas para os juros devidos. “No final de 2010, a Lupatech fez hedge de pagamentos devidos nos três trimestres subsequentes. Assim, o impacto de curto prazo do cenário cambial tenderia a ser limitado, mas os efeitos em um prazo mais longo podem ser negativos”, diz o banco.
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5. Companhias aéreas
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5/11 (Divulgacao/EXAME)
O efeito sobre os custos do setor é relevante, aponta o banco. Apenas o efeito nos combustíveis é de 30% sobre as despesas totais. Além disso, algumas peças e custos de manutenção devem subir com a desvalorização da moeda, o que também acontece com os custos de arrendamento das aeronaves. “Em um setor que já opera com margens ínfimas, as empresas seriam confrontadas com a necessidade de optar por aumentar tarifas, podendo atingir a demanda, ou prejudicar gravemente sua lucratividade”, destacam os analistas. A Multiplus - administradora do programa de fidelidade da TAM – tem a sua receita líquida vinculada ao dólar, o que beneficiaria a empresa em um momento de fraqueza do real. “Porém, esse efeito seria em grande parte compensado por uma queda no montante de pontos a ser gerado”, destacam. Isso acontece porque os pontos apenas são gerados a cada dólar gasto, ou seja, o impacto líquido pode ser um faturamento menor, mas margens superiores, ressalta o banco.
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6. Saúde
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6/11
No setor, o principal foco recai sobre as prestadoras Dasa e Fleury, aponta o banco. Os analistas explicam que alguns materiais são indexados ao dólar e representam em torno de 31% e 18% dos custos de Dasa e Fleury, respectivamente. “É incerto o quanto dessas
pressões de custos as prestadoras conseguiriam repassar para os preços, considerando sua dependência das pagadoras”, afirmam. Já para as chamadas “pagadoras” Odontoprev e Amil, o efeito deve ser pequeno. As empresas possuem pouca exposição cambial e têm o direito contratual de repassar quaisquer pressões de custos aos clientes. “Portanto, têm grande poder de colocação de preços”.
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7. Consumo e Varejo
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7/11 (Alexandre Battibugli/EXAME.com)
Aqui, o HSBC separa as empresas em três grupos: de vestuário, eletrônicos e de alimentos. As de roupas, como a Marisa e a Renner. “As empresas têm aumentado o mix de itens importados em suas lojas, o que propiciou a elas uma alternativa às pressões de custos no mercado doméstico e maiores margens. Com a desvalorização do Real, essa tendência pode sofrer uma parada ou mesmo ser revertida”, ressaltam. “No lado oposto, a queda nos preços do algodão tenderia a ajudar as margens. De forma geral, sentimos que o cenário para os próximos trimestres será mais difícil do que nos anos anteriores, com uma diminuição do poder de colocação de preços e pressões de custos ainda presente”, ponderam. As varejistas de eletrônicos devem ser as mais expostas. As companhias como a Lojas Americanas e B2W, vendem produtos com componentes que possuem os custos baseados em dólares. “Até que ponto essas pressões serão absorvidas pelos fornecedores e varejistas – e o quanto será repassado para os preços – continua sem resposta”. Por fim, as varejistas de alimentos tendem a sofrer um impacto pequeno. “As empresas têm muitas alternativas de substitutos domésticos para os itens importados (os quais, de qualquer forma, tendem a representar menos de 5% dos produtos vendidos)”, dizem.
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8. Telecomunicações
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8/11 (Getty Images)
O setor deve sofrer pouco com uma desvalorização do real, diz o HSBC. As empresas possuem uma baixa alavangem em dólares. “Porém, se a moeda insistir em permanecer em um nível mais desvalorizado, pode haver algum efeito residual, afetando investimentos, manutenção e custos de aparelhos telefônicos”, destacam. Os analistas lembram, contudo, que parte do aumento pode ser compensada pela queda nos preços globais de aparelhos, “mas o impacto marginal deve ainda ser negativo”.
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9. Bebidas
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9/11
Em um setor dominado na bolsa pela AmBev, a expectativa é de que não ocorra uma pressão no curto prazo. “Embora a empresa tenha em torno de 45% dos custos vinculados ao Dólar (principalmente alumínio, grãos e açúcar), ela possui hedge da maioria de suas compras até o quarto trimestre de 2012”, afirmam os analistas. A empresa poderia facilmente repassar as pressões de custos através dos preços de vendas, “quando e se elas acontecerem”.
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10. Serviços Públicos
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10/11 (Divulgação)
Esse é outro setor cujo impacto da desvalorização do real deve ser pequeno. O HSBC destaca, entretanto, dois casos de exposição ao dólar. O primeiro é a Eletrobrás. “A empresa é beneficiada por seus recebíveis de longo prazo advindos de Itaipu, que são indexados ao Dólar. Por outro lado, parte de sua dívida é denominada em dólares, mas a magnitude dos recebíveis compensa com folga esse aspecto”, explicam. A segunda é a Cesp. A empresa tem 453 milhões de reais um pagamento do principal da dívida a vencer em 2013.
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11. Rodovias
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11/11 (Valéria Gonçalves/EXAME.com)
Se no caso de serviços públicos o impacto é pequeno, para as operadoras de rodovias ele é irrelevante. “Agora que o índice de inflação usado para ajustar anualmente as tarifas de pedágio deixou de ser o IGPM e passou a ser o IPCA, o repasse cambial é muito menor”, lembram os analistas. “A CCR tem uma parcela muito pequena de sua dívida denominada em dólares, portanto o impacto na alavancagem não seria relevante”, completam.