Suzano tem prejuízo de R$ 2 bilhões, mas ação sobe mais de 5%. Entenda
No mesmo período do ano passado, a empresa teve lucro de 700 milhões de reais
Guilherme Guilherme
Publicado em 14 de agosto de 2020 às 13h40.
Última atualização em 14 de agosto de 2020 às 17h52.
As ações da companhia de papel e celulose Suzano chegaram a liderar as altas do Ibovespa nesta sexta-feira, 14, e encerraram em alta de 5,92%, mesmo após ter registrado prejuízo líquido de 2,05 bilhões de reais no segundo trimestre. No mesmo período do ano passado, a empresa teve lucro líquido de 700 milhões de reais.
À primeira vista, o resultado da companhia pode ter parecido fraco, mas o mercado financeiro interpretou de outra forma. Isso porque a mediana das projeções apontava para perdas ainda maiores, de 3,16 bilhões de reais.
Analistas do BTG Pactual também ressaltam a expansão de 38% do Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado para 4,18 bilhões de reais. Já a geração de caixa operacional da companhia teve alta de 51% na comparação anual para 3,372 bilhões de reais.
“O fato de a empresa ter conseguido um fluxo de caixa livre positivo em meio a um trimestre de preços de celulose muito deprimidos e perdas [ à vista ] com derivativos de 1,6 bilhão de reais é uma realização digna de nota, em nossa opinião”, afirmam em relatório.
No segundo trimestre, a receita líquida da companhia cresceu 20% para 7,996 bilhões de reais. Isso só foi possível graças ao forte desempenho da frente de celulose, que representa a maior parte do faturamento da empresa e teve 28% de aumento da receita líquida. No período, o volume de vendas foi de 2,8 milhões de toneladas de celulose, ante 2,214 milhões toneladas no mesmo período de 2019. Já a produção teve incremento de 14%. “A demanda por celulose foi beneficiada, em um primeiro momento, pelo crescimento da demanda de papéis sanitários [ Tissue ]”, afirma a companhia.
Embora a demanda pela celulose possa aumentar o preço da commodity no mercado internacional, a dívida bilionária da companhia continua sendo uma pedra no sapato dos acionistas. No período, a dívida líquida cresceu 29% em relação ao ano passado, para 67,9 bilhões de reais, com a relação dívida/Ebitda em reais elevada de 3,5x para 5,6x.