Quanto o dólar precisa subir para chamar a atenção do BC?
Nos últimos dias a moeda norte-americana voltou a valorizar de forma expressiva; ontem, fechou na segunda maior cotação do Plano Real.
Da Redação
Publicado em 29 de agosto de 2018 às 06h20.
Última atualização em 29 de agosto de 2018 às 07h05.
O Banco Central fez, no segundo trimestre deste ano, uma grande intervenção no mercado de câmbio . Anunciou que faria uma oferta de cerca de 20 bilhões de dólares, por meio de contratos de swap, para conter a volatilidade do dólar – que subiu de 3,30 reais, em abril, para 3,90 no começo de junho; e caiu em seguida, com alguns altos e baixos.
Nos últimos dias, porém, o dólar voltou a valorizar de forma expressiva. Ontem, fechou em 4,14 reais, a segunda maior cotação do Plano Real. Ficou abaixo apenas dos 4,17 reais registrados em janeiro de 2016.
Dessa vez, porém, nem sinal do BC. “O mercado está incomodado com a falta de intervenção”, diz Camila De Caso, economista da corretora Spinelli.
Para alguns analistas, a ausência do BC tem contribuído para deixar os investidores ainda mais tensos. “O Banco Central está deixando o mercado colocar o preço do dólar. A consequência é que o investidor que entrou nesse mercado achando que O BC defenderia um certo patamar cambial ficou desconfortável. O risco aumentou”, diz Karel Luketic, analista-chefe da XP Investimentos.
A avaliação dos especialistas é que a valorização recente do dólar é explicada principalmente pelo estresse eleitoral (o aumento de juros nos Estados Unidos já estaria no preço). E, como o cenário continua imprevisível, as previsões para o câmbio são bem diferentes dependendo do analista. A projeção média do mercado financeiro indica que o dólar vai fechar o ano em 3,75 reais.
Já a corretora Spinelli estima uma cotação de 4,30 reais. “O risco de vitória de um candidato que não esteja comprometido com a agenda de reformas e ajuste fiscal é relevante“, diz Camila. “Alguns falam até em rever reformas já aprovadas, como a trabalhista, o que é preocupante.”
Para Luketic, da XP, o real pode valorizar um pouco no curto prazo, pelo fato de ter perdido mais que as moedas de outros países emergentes. “É mais provável a cotação sair de 4,14 para cerca de 4 reais do que subir para 4,30. Mas, na situação atual, é muito difícil fazer projeções”, diz ele.