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Preocupações com eleição 2018 intensificam IPOs no fim do ano

Empresas, incluindo a Neoenergia e a provedora de Internet Algar Telecom, deverão precificar suas ofertas na 3ª semana de dezembro

Mercado: as operações de IPO na Bolsa de Valores de São Paulo levantaram 3,4 bilhões de dólares em 2017 (Germano Lüders/Exame Hoje)
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Reuters

Publicado em 14 de novembro de 2017 às 16h16.

São Paulo - Várias empresas brasileiras estão correndo para abrir capital antes do fim do ano, em meio a preocupações com a imprevisibilidade das eleições no próximo ano, que pode esfriar a demanda por novas ações, disseram executivos de bancos e gestores de fundos.

Empresas, incluindo a elétrica Neoenergia e a provedora de Internet e telefonia móvel Algar Telecom, deverão precificar suas ofertas na terceira semana de dezembro, de acordo com duas pessoas familiarizadas com o assunto.

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A operadora da franquia Burger King, a BK Brasil, e a BR Distribuidora, unidade de distribuição de combustível da estatal Petrobras, também deverão precificar suas ofertas publicas iniciais (IPOs) na mesma semana, disseram as duas fontes.

Prazos regulamentares e a paralisação das atividades durante os feriados de final do ano levaram a uma concentração de ofertas no que pode ser a semana de maior arrecadação com IPOs no país em quatro anos, potencialmente levantando mais de 2 bilhões de dólares. A data para a abertura de capital da farmacêutica Blau Farmacêutica ainda não está clara.

As operações de IPO na Bolsa de Valores de São Paulo, administrada pela B3-Brasil Bolsa Balcão, levantaram 3,4 bilhões de dólares em 2017, mais do que a somatória dos três anos anteriores.

O renascimento vem em um momento em que o Ibovespa atingiu níveis recordes de alta devido à demanda global por ativos de mercados emergentes e à confiança na capacidade do presidente Michel Temer de controlar o crescimento da dívida pública.

O movimento de IPOs no país acompanha uma onda de listagens em bolsa em outras economias em recuperação na região. Mais de 25 empresas latino-americanas podem abrir capital em 2018, disseram à Reuters fontes bancárias, da bolsa e do mercado no mês passado.

As empresas brasileiras estão correndo com seus IPOs, de olho no que poderia ser uma montanha russa nos mercados financeiros antes das eleições presidenciais de outubro.

"Novas listagens já são um empreendimento arriscado, dado que há muito pouco material para basear as avaliações", disse um associado de um dos 20 maiores fundos do Brasil por ativos, que pediu para não ter seu nome revelado.

"Imagine o quanto mais difícil se torna se você não sabe quem vai dirigir o país em um ano".

Dez executivos de bancos e de grandes empresas de gestão de ativos e aquisições disseram à Reuters que os investidores estãocautelosos em fazer apostas em IPOs uma vez que a campanha presidencial tenha se iniciado.

Mas as previsões variam sobre quando esperar o "efeito eleitoral".

Os economistas da Nomura Securities encontraram evidências de impacto no mercado monetário latino-americano cinco meses antes das eleições recentes, o que indicaria maio no Brasil.

O economista do ING, Gustavo Rangel, disse em um relatório que os riscos políticos provavelmente estarão precificados nos ativos brasileiros até março.

Em 2002, as preocupações dos investidores com a liderança na corrida presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva desencadearam uma forte venda de ativos. Apenas uma empresa, a concessionária de rodovias CCR SA , listou ações em bolsa naquele ano.

"Podemos ver mais algumas atividades no primeiro trimestre do próximo ano, mas o segundo dependerá mais das pesquisas", disse um executivo de um banco de investimentos, acrescentando que o surgimento de um time de frente amigável ao mercado poderia abrir caminho para os IPOs.

Apesar do ressurgimento deste ano da atividade de IPO, o entusiasmo pelas novas listagem foi irregular. Os estrangeiros compraram apenas cerca de 40 por cento das ações vendidas em IPOs no Brasil este ano, em comparação com uma participação média de dois terços em ofertas há uma década.

Várias empresas aceitaram avaliações mais baixas para salvar as listagens, em vez de correrem risco de esperar para 2018.

A fraca demanda dos investidores levou a produtora de alimentos Camil Alimentos SA , em setembro, a cortar a faixa de preço sugerida para a oferta, que mesmo assim foi precificada na parte inferior da nova banda de preços. O maior IPO de 2017, a listagem do Grupo Carrefour Brasil SA , saiu na parte inferior da banda de preço sugerida.

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