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Por que o controlador do Marfrig compra ações no final do pregão?

Dúvida é levantada por analistas da Empiricus após a análise da atuação da corretora Umuarama

As ações estão entre as maiores quedas no ano, com uma desvalorização de 41%.

As ações estão entre as maiores quedas no ano, com uma desvalorização de 41%.

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Da Redação

Publicado em 14 de dezembro de 2011 às 17h56.

São Paulo – A recompra de ações feita por uma empresa que as emitiu é vista como uma manobra positiva aos olhos dos acionista. É um sinal de que a administração acredita no futuro da companhia e vê o preço tão atrativo que é melhor comprar os papéis na bolsa do que investir em algum projeto diferente ou nas próprias operações.

Além disso, ao reduzir o número de papéis em circulação – quando eles são cancelados – cada acionista ganha um pedacinho a mais da empresa e, consequentemente, mais dividendo. A tesouraria começa a atuar como mais um participante do mercado buscando sempre o menor preço. Afinal, é o caixa conquistado com o suor das operações do dia a dia que está em jogo.

Isso também tem acontecido com a Marfrig nas últimas semanas, mas com algumas diferenças. Quem está adquirindo os papéis em circulação não é ela, mas o controlador e a sua esposa, Marcos Antonio Molina dos Santos e Márcia Aparecida Pascoal Marçal
dos Santos, e com dinheiro do próprio bolso. As ações estão entre as maiores quedas do Ibovespa no ano, com uma desvalorização de 41%.

Molina disse em um comunicado publicado no dia 19 de outubro de 2011 que tem comprado as ações (MRFG3) motivado pela “confiança nos sólidos fundamentos da companhia e em seu significativo potencial de criação de valor”. Mas ele não parece tão interessado em buscar o menor preço. 

Desempenho dos papéis da Marfrig nos últimos 6 meses:


A dúvida foi levantada em um relatório desta terça-feira da casa de análise independente Empiricus. Molina atuou em novembro por intermédio da corretora UM Investimentos, período no qual comprou 2,850 milhões de ações ordinárias, o que totalizou um valor de 22,346 milhões de reais, segundo informa um comunicado publicado no último dia 10 de dezembro. A sua participação na empresa já subiu para 47%.

As aquisições se iniciaram no dia 11 de novembro, assim que o período de silêncio para a publicação do balanço do terceiro trimestre se encerrou. Molina parece ter comprado sem a lógica do participante que busca o menor valor. 

As entradas da Umuarama se concentraram nos últimos 15 minutos dos pregões, sem importância com o preço.

“Extravasando os dias de movimentação do controlador, observamos que o padrão de trade da Umuarama é no mínimo atípico. No período de 29 de setembro a 24 de novembro (excetuando o quiet period), em média 40% das compras da corretora foram feitas nos últimos 15 minutos”, destaca o texto assinado pelos analistas da Empiricus, liderados por Rodolfo Amstalden.

% de Compras de MRFG3 pela UM nos últimos 15 minutos de pregão (dados diários)

“Diariamente, recebemos avisos de traders dizendo que as negociações de Marfrig estão sendo manipuladas, inclusive pelo pessoal que mexeu com Mundial. Não temos evidências suficientes sobre essa manipulação. Mas, como analistas, podemos avaliar os dados aqui apresentados de maneira imparcial, grifando suas excentricidades”, diz a Empiricus.

Questionado por EXAME.com, o Marfrig disse que o controlador não fez aquisições com o objetivo de influenciar o mercado, mas porque considera que as ações estavam com um preço atraente. Além disso, ressaltou que o movimento da UM Investimentos também contempla outros acionistas e que Molina não faz novas compras desde o dia 24 de novembro.

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