Mercados

Perda da Bovespa em 1 hora na quinta-feira é igual a um BB e uma Braskem

Queda da bolsa logo depois da abertura do pregão foi equivalente a todas as ações do Banco do Brasil e da Braskem negociadas, cerca de R$ 88 bilhões

Apesar de não ter a magnitude de um "crash", a queda de ontem das bolsas mundiais é suficientemente grande para deixar os investidores nervosos (Luciana Cavalcanti/Você S.A.)

Apesar de não ter a magnitude de um "crash", a queda de ontem das bolsas mundiais é suficientemente grande para deixar os investidores nervosos (Luciana Cavalcanti/Você S.A.)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de agosto de 2011 às 09h30.

São Paulo - Quem chegou para trabalhar nas corretoras de ações ontem de manhã enfrentou uma quinta-feira daquelas: bastou pouco mais de uma hora depois da abertura do mercado, às 10 horas, para que a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) perdesse o equivalente a um Banco do Brasil e a uma Braskem juntos, e ainda sobraram uns bons trocados.

Não foi bem uma "quinta-feira negra" na Bolsa, como o fatídico 24 de outubro de 1929 em Wall Street, mas na Europa muita gente deve ter tomado calmante. A Bolsa de Milão chegou a cair 7,5%, para fechar em queda de 6,15%. A Bolsa de Frankfurt encerrou o dia com perda de 5,82%, mas, no pior momento, chegou a cair 7%.

Perda bilionária

Já a Bovespa, que havia fechado na quarta-feira a 55.073,02 pontos, com mais de R$ 1,7 trilhão, despencou 5,13%, ou impressionantes 2.827 pontos, por volta das 11h10. A perda foi de quase R$ 88 bilhões, o que daria para comprar, em valores do fechamento do dia anterior, todas as ações do Banco do Brasil e da Braskem negociadas em bolsa. Em apenas uma hora e dez minutos de pregão.

Quanto do tombo dos mercados acionários pode-se atribuir à influência do calendário, quase como uma lei da queda das quintas-feiras? "Isso é folclore, mas, por outro lado, até o folclore o mercado negocia também", diz Jorge Simino, 57 anos, veterano no mercado acionário, com 30 anos de carreira, muitos dos quais como analista e depois gestor de fundos do Unibanco. Hoje, Simino é diretor de investimentos da Fundação Cesp.

Simino lembra que, no início da década de 1990, quando o mercado esperava nervosamente notícias das revistas semanais sobre um sitiado governo Collor, alguns especuladores espalhavam rumores numa quinta-feira ou sexta-feira, o que deixava muita gente nervosa.

De lá para cá, os rumores escassearam antes do fim de semana, e o que põe o mercado de sobressalto são os fundamentos da economia mundial. "A abertura hoje foi bem nervosa aqui", relatou George Sanders, gestor de renda variável da Infinity Asset Management. "O mercado está olhando os acontecimentos na Europa, com o medo de saques nos bancos alemães."


Apesar de não ter a magnitude de um "crash", a queda de ontem das bolsas mundiais é suficientemente grande para deixar os investidores nervosos, disse Sanders. "Ontem, a bolsa subiu e tem gente que ainda não está se sentindo confortável com o cenário e resolveu vender. O desconforto é completo, pois não se sabe o que vai acontecer com o sistema financeiro mundial."

A queda do índice Bovespa (Ibovespa) deixou a bolsa de valores brasileira "extremamente barata" e deverá atrair compradores, na opinião da estrategista de ações para mercados emergentes do banco UBS em Nova York, Jennifer Delaney. Segundo ela, o preço do Ibovespa está sendo negociado próximo a 7 vezes o seu lucro futuro estimado, que é muito próximo do nível de 2008 e 2009. Quanto menor a relação preço/lucro de uma ação, maior o potencial de alta nessa ação.

Acompanhe tudo sobre:AçõesB3BancosBB – Banco do Brasilbolsas-de-valoresBraskemEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasIbovespaMercado financeiroQuímica e petroquímicaservicos-financeiros

Mais de Mercados

Volta de Trump pode afetar independência do Fed

"O Brasil deveria ser um país permanentemente reformador", diz Ana Paula Vescovi

Tesla bate US$ 1 trilhão em valor de mercado após rali por vitória de Trump

Mobly assume controle da Tok&Stok com plano de sinergias e reestruturação financeira