Para as Bolsas europeias, Macron já é o presidente da França
Os resultados das eleições de domingo levaram otimismo a outras praças financeiras europeias
AFP
Publicado em 24 de abril de 2017 às 16h33.
As principais praças financeiras europeias, em primeiro lugar a Bolsa de Paris, reagiram com fortes altas nesta segunda-feira à passagem do candidato centrista pró-europeu Emmanuel Macron ao segundo turno das eleições presidenciais francesas à frente da ultra-direitista Marine Le Pen.
"A Bolsa considera que a hipoteca política já está saldada. A prima de risco que pesava sobre as ações diminui", disse à AFP Daniel Larrouturou, diretor-geral delegado da Diamant Bleu Gestion.
Os resultados das eleições de domingo, que afastaram o espectro de um duelo entre a extrema direita e a esquerda radical, levaram otimismo a outras praças financeiras europeias.
"É a expressão de um alívio, já que agora percebe como ínfimo o risco de ver um candidato antieuropeu ganhar a eleição", resumiu à AFP Isabelle Mateos y Lago, diretora-geral da BlackRock Investment Institute.
Com 24,01% dos votos, Macron empreende esta segunda fase da eleição presidencial como favorito frente a Le Pen, que obteve 21,30% dos votos.
O segundo turno será no dia 7 de maio .
A Bolsa de Paris fechou com alta de 4,14%, após atingir as 5.295,20 unidades durante a sessão. Esse foi o seu nível mais alto desde 15 de janeiro de 2008, justo antes da crise financeira.
Em Frankfurt, o índice Dax fechou com um nível recorde de 12.454,98 unidades, em alta de 3,37%.
A Bolsa de Milão teve alta de 4,77%, fechando com 20.684 unidades.
O Ibex-35 de Madri fechou com alta de 3,76%, a 10.766,8 unidades, e Londres subiu 2,11%, com FTSE-100, em 7.264,68 unidades.
O setor financeiro impulsionou altas. Os franceses Société Générale, BNP Paribas, Credit Agricole e Natixis ganharam mais de 7%. O britânico Barclays, o italiano UniCredit ou o alemão Deutsche Bank também registraram fortes altas.
A dívida francesa, novamente atraente
No mercado da dívida, a taxa de juros francesa a 10 anos se distendeu, para cair a 0,831%. Assim que começaram as operações, a mesma havia caído a 0,825%, seu nível mais baixo desde meados de janeiro.
Ainda mais significativo, o 'spread' com os títulos alemães, utilizado como referência, ficou menor, abaixo dos 50 pontos base, contra 67 pontos em 21 de abril, sinal de que a dívida francesa volta a ser atraente.
Antes da abertura dos mercados europeus, a Ásia já havia tido alta de 1,37%, enquanto as outras praças da região registravam altas.
Em Nova York, Wall Street também aproveitou a tendência altista. No fechamento da Europa, o Dow Jones subiu 1,01% e o Nasdaq, 1,13%.
O euro, ameaçado por um duelo entre as extremas no segundo turno da eleição presidencial, chegou a valer 1,0937 dólares no mercado cambial da Ásia, seu nível mais alto desde novembro de 2016, após a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos.
Em relação à divisa japonesa, abandonada quando a incerteza se dissipa, a moeda única europeia subiu para 120,91 ienes, e às 16H00 GMT (13h00 de Brasília), era negociada a 119,07 ienes.
"Consideram que Emmanuel Macron, de 39 anos, será o próximo presidente da República em duas semanas", afirmou em nota Ray Attrill, do National Australia Bank.
As pesquisas dão a Macron 60% de intenção de voto em 7 de maio.
Apesar de os mercados celebrarem o primeiro turno da eleição com um "importante golpe" às formações "antieuropeias", "seria um erro para os políticos pensar que os problemas da França estão resolvidos", afirmou Michael Hewson, analista da CMC Markets.
"Quando a euforia diminuir, a próxima pergunta deverá se concentrar sobre a capacidade de Emmanuel Macron em cumprir com suas promessas de campanha", acrescentou.
Na mira dos mercados estão agora as eleições legislativas de 11 e 18 de junho, que darão uma ideia do apoio com o qual poderá contar o jovem centrista, que se lançou na corrida à presidência sem o apoio de um dos partidos históricos da França.
"No longo prazo "a pergunta (...) é que capacidade Emmanuel Macron tem de formar uma maioria parlamentar estável" que o apoie, advertem analistas do Saxo Banque.