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Marina Silva tem a chave para manter a alta dos mercados

Favorito dos investidores, Aécio Neves precisará seduzir eleitores que votaram em Marina para vencer Dilma no segundo turno das eleições

Marina Silva e Aécio Neves: para superar a diferença de 8 pontos de Dilma, o tucano pode precisar do apoio da antes rival Marina Silva (Paulo Whitaker/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2014 às 17h16.

São Paulo/Nova York - As ações brasileiras subiram 6 por cento desde o primeiro turno da eleição presidencial deste fim de semana. Se o aumento perderá ou ganhará impulso é algo que dependerá em grande parte do que a terceira colocada fará a seguir.

A ascensão de Aécio Neves, que estava atrás nas pesquisas e ficou em segundo lugar na eleição de 5 de outubro, estimulou apostas de que um novo governo assumirá depois que a candidata à reeleição Dilma Rousseff comandou a expansão econômica mais lenta de todos os presidentes em duas décadas.

Para superar a diferença de oito pontos do primeiro turno ele pode precisar do apoio da antes rival Marina Silva e de seu Partido Socialista Brasileiro, o PSB. Marina já decidiu apoiar Aécio e deve fazer um anúncio oficial no dia 9, segundo informou O Estado de S.Paulo.

“A maioria dos investidores quase havia esquecido que Aécio Neves estava na disputa”, disse Eric Conrads, que ajuda a gerenciar cerca de US$ 500 milhões em ações latino-americanas na ING Groep NV, por telefone, de Nova York.

“Agora o ponto de interrogação é qual a porcentagem dos votos de Marina que ele conseguirá. Essa é a questão. Isso é chave”.

Os investidores que empurraram o Ibovespa 4,7 por cento para cima ontem, com a subida das debêntures e do câmbio no país, estão apostando em uma mudança depois que o primeiro mandato de Dilma foi marcado por um aumento da inflação e pela primeira recessão do Brasil em mais de cinco anos.

Aécio, ex-governador do estado de Minas Gerais, disse que nomearia seu principal conselheiro econômico, o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, como ministro da Fazenda como parte dos esforços para reconquistar a confiança do investidor no Brasil.

Para vencer o segundo turno da eleição, no dia 26 de outubro, ele precisará seduzir eleitores que votaram em Marina, a ex-ministra do Meio Ambiente e cristã evangélica de 56 anos que as pesquisas mostravam com maior probabilidade de conseguir o segundo lugar e disputar o segundo turno com Dilma.

Voto do povo

A assessoria de imprensa de Aécio Neves preferiu não comentar o impacto de sua candidatura sobre os mercados. A campanha de Marina não respondeu a um e-mail em busca de comentários a respeito de suas conversas com Aécio depois da eleição de domingo.

“Eu não acredito que os investidores sejam capazes de fazer tudo e eles certamente não ganham eleições”, disse Dilma, em resposta a uma pergunta sobre a reação do mercado aos resultados do primeiro turno. “É o povo brasileiro que vota e ganha eleições”.

Matemática eleitoral

A boa performance de Aécio ajudou a reverter a queda de setembro na moeda e nas ações brasileiras, que tiveram o pior mês em pelo menos dois anos devido à expectativa de reeleição de Dilma.

Ela recebeu 42 por cento dos votos, enquanto Aécio teve 34 por cento e Marina, 21 por cento.

Para vencer a eleição, Aécio, de 54 anos, precisaria garantir cerca de dois terços dos votos que Marina recebeu no primeiro turno, segundo Bruno Rovai, analista de mercados emergentes da Barclays.

Se Marina decidir anunciar seu apoio a Aécio amanhã, isso poderia ajudar os mercados brasileiros a estenderem o aumento de ontem, disse ele em entrevista por telefone.

“Ainda há espaço para mais ganhos se Marina formalizar o seu apoio a Aécio”, disse Rovai, de Nova York.

Daqueles que pretendiam votar em Marina no primeiro turno, 59 por cento votariam em Aécio em um segundo turno entre ele e Dilma, enquanto a candidata à reeleição ficaria com 24 por cento do apoio de Marina no segundo turno, segundo a pesquisa mais recente do Datafolha, de antes do primeiro turno.

Capital político

Aécio precisa convencer os eleitores descontentes com o atual governo de que ele pode governar melhor que Dilma para conseguir ganhar seu apoio, segundo Rafael Cortez, analista político da firma de consultoria Tendências.

“Dilma perdeu um capital político significativo e, como tal, há um cenário de maior competitividade”, disse Cortez, por telefone, de São Paulo. “A questão passa a ser se esse movimento será suficiente para que Aécio consiga uma recuperação”.

O PSDB, de Aécio, tem um apoio mais amplo no Congresso que os aliados de Marina e é mais capaz de realizar as mudanças necessárias para fortalecer a economia brasileira, disse Wagner Salaverry, diretor da Quantitas Gestão de Recursos SA.

O partido de Dilma continuará sendo o maior na Câmara dos Deputados, mas perderá 18 cadeiras e passará a somar 70 votos, segundo os resultados parciais da eleição, reportou a agência de notícias da Câmara ontem.

O partido de Aécio ganharia 10 assentos e somaria 54, e os apoiadores de Marina totalizariam 34, contra 24 anteriormente, disse a agência.

Agora, Aécio

“Os mercados estão subindo não só porque os resultados foram menos favoráveis para Dilma, mas também porque seu adversário agora é Aécio”, disse Salaverry, que ajuda a gerenciar cerca de R$ 15 bilhões (US$ 6,33 bilhões) na Quantitas, por telefone, de Porto Alegre.

O Ibovespa havia caído 12 por cento na relação entre a maior alta do ano, registrada no dia 2 de setembro, e a semana passada, porque as pesquisas mostravam um apoio crescente à tentativa de reeleição de Dilma.

Desde que assumiu, em janeiro de 2011, sua administração ampliou o papel do governo nas empresas, mudando regras de concessão para baixar as tarifas de eletricidade e limitando os preços da gasolina para conter a inflação.

Sob supervisão de Dilma, o Brasil entrou em sua primeira recessão em mais de cinco anos no segundo trimestre, mesmo depois que ela reduziu impostos sobre bens de consumo e aumentou os investimentos do governo.

Uma economia fraca provavelmente continuará pesando sobre os mercados do país, independentemente de quem vencer a eleição, segundo Michelle Gibley, diretora de pesquisa internacional da Charles Schwab, que tem sede em São Francisco e US$ 2,38 trilhões em ativos.

Seguindo as pesquisas

“Os investidores precisam ser cuidadosos ao seguirem o que quer que digam as pesquisas mais recentes para tomar decisões”, disse Gibley, por telefone, de Denver, EUA. “Se você olhar em uma base mais a longo prazo, será difícil mudar o curso do Brasil”.

Embora os fundamentos econômicos estejam fracos, os investidores podem ser encorajados a comprar se Aécio ganhar a eleição presidencial por causa da confiança de que sua equipe seria mais bem-sucedida em eventualmente transformar as coisas ao redor, disse João Medeiros, diretor da corretora Pioneer. Dilma ainda não anunciou quem seriam seus assessores em um possível segundo mandato.

“Aécio é positivo para o mercado no sentido de que há claridade em relação à sua equipe econômica”, disse Medeiros, por telefone, de São Paulo. “E Dilma? É um enorme ponto de interrogação”.

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São Paulo/Nova York - As ações brasileiras subiram 6 por cento desde o primeiro turno da eleição presidencial deste fim de semana. Se o aumento perderá ou ganhará impulso é algo que dependerá em grande parte do que a terceira colocada fará a seguir.

A ascensão de Aécio Neves, que estava atrás nas pesquisas e ficou em segundo lugar na eleição de 5 de outubro, estimulou apostas de que um novo governo assumirá depois que a candidata à reeleição Dilma Rousseff comandou a expansão econômica mais lenta de todos os presidentes em duas décadas.

Para superar a diferença de oito pontos do primeiro turno ele pode precisar do apoio da antes rival Marina Silva e de seu Partido Socialista Brasileiro, o PSB. Marina já decidiu apoiar Aécio e deve fazer um anúncio oficial no dia 9, segundo informou O Estado de S.Paulo.

“A maioria dos investidores quase havia esquecido que Aécio Neves estava na disputa”, disse Eric Conrads, que ajuda a gerenciar cerca de US$ 500 milhões em ações latino-americanas na ING Groep NV, por telefone, de Nova York.

“Agora o ponto de interrogação é qual a porcentagem dos votos de Marina que ele conseguirá. Essa é a questão. Isso é chave”.

Os investidores que empurraram o Ibovespa 4,7 por cento para cima ontem, com a subida das debêntures e do câmbio no país, estão apostando em uma mudança depois que o primeiro mandato de Dilma foi marcado por um aumento da inflação e pela primeira recessão do Brasil em mais de cinco anos.

Aécio, ex-governador do estado de Minas Gerais, disse que nomearia seu principal conselheiro econômico, o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, como ministro da Fazenda como parte dos esforços para reconquistar a confiança do investidor no Brasil.

Para vencer o segundo turno da eleição, no dia 26 de outubro, ele precisará seduzir eleitores que votaram em Marina, a ex-ministra do Meio Ambiente e cristã evangélica de 56 anos que as pesquisas mostravam com maior probabilidade de conseguir o segundo lugar e disputar o segundo turno com Dilma.

Voto do povo

A assessoria de imprensa de Aécio Neves preferiu não comentar o impacto de sua candidatura sobre os mercados. A campanha de Marina não respondeu a um e-mail em busca de comentários a respeito de suas conversas com Aécio depois da eleição de domingo.

“Eu não acredito que os investidores sejam capazes de fazer tudo e eles certamente não ganham eleições”, disse Dilma, em resposta a uma pergunta sobre a reação do mercado aos resultados do primeiro turno. “É o povo brasileiro que vota e ganha eleições”.

Matemática eleitoral

A boa performance de Aécio ajudou a reverter a queda de setembro na moeda e nas ações brasileiras, que tiveram o pior mês em pelo menos dois anos devido à expectativa de reeleição de Dilma.

Ela recebeu 42 por cento dos votos, enquanto Aécio teve 34 por cento e Marina, 21 por cento.

Para vencer a eleição, Aécio, de 54 anos, precisaria garantir cerca de dois terços dos votos que Marina recebeu no primeiro turno, segundo Bruno Rovai, analista de mercados emergentes da Barclays.

Se Marina decidir anunciar seu apoio a Aécio amanhã, isso poderia ajudar os mercados brasileiros a estenderem o aumento de ontem, disse ele em entrevista por telefone.

“Ainda há espaço para mais ganhos se Marina formalizar o seu apoio a Aécio”, disse Rovai, de Nova York.

Daqueles que pretendiam votar em Marina no primeiro turno, 59 por cento votariam em Aécio em um segundo turno entre ele e Dilma, enquanto a candidata à reeleição ficaria com 24 por cento do apoio de Marina no segundo turno, segundo a pesquisa mais recente do Datafolha, de antes do primeiro turno.

Capital político

Aécio precisa convencer os eleitores descontentes com o atual governo de que ele pode governar melhor que Dilma para conseguir ganhar seu apoio, segundo Rafael Cortez, analista político da firma de consultoria Tendências.

“Dilma perdeu um capital político significativo e, como tal, há um cenário de maior competitividade”, disse Cortez, por telefone, de São Paulo. “A questão passa a ser se esse movimento será suficiente para que Aécio consiga uma recuperação”.

O PSDB, de Aécio, tem um apoio mais amplo no Congresso que os aliados de Marina e é mais capaz de realizar as mudanças necessárias para fortalecer a economia brasileira, disse Wagner Salaverry, diretor da Quantitas Gestão de Recursos SA.

O partido de Dilma continuará sendo o maior na Câmara dos Deputados, mas perderá 18 cadeiras e passará a somar 70 votos, segundo os resultados parciais da eleição, reportou a agência de notícias da Câmara ontem.

O partido de Aécio ganharia 10 assentos e somaria 54, e os apoiadores de Marina totalizariam 34, contra 24 anteriormente, disse a agência.

Agora, Aécio

“Os mercados estão subindo não só porque os resultados foram menos favoráveis para Dilma, mas também porque seu adversário agora é Aécio”, disse Salaverry, que ajuda a gerenciar cerca de R$ 15 bilhões (US$ 6,33 bilhões) na Quantitas, por telefone, de Porto Alegre.

O Ibovespa havia caído 12 por cento na relação entre a maior alta do ano, registrada no dia 2 de setembro, e a semana passada, porque as pesquisas mostravam um apoio crescente à tentativa de reeleição de Dilma.

Desde que assumiu, em janeiro de 2011, sua administração ampliou o papel do governo nas empresas, mudando regras de concessão para baixar as tarifas de eletricidade e limitando os preços da gasolina para conter a inflação.

Sob supervisão de Dilma, o Brasil entrou em sua primeira recessão em mais de cinco anos no segundo trimestre, mesmo depois que ela reduziu impostos sobre bens de consumo e aumentou os investimentos do governo.

Uma economia fraca provavelmente continuará pesando sobre os mercados do país, independentemente de quem vencer a eleição, segundo Michelle Gibley, diretora de pesquisa internacional da Charles Schwab, que tem sede em São Francisco e US$ 2,38 trilhões em ativos.

Seguindo as pesquisas

“Os investidores precisam ser cuidadosos ao seguirem o que quer que digam as pesquisas mais recentes para tomar decisões”, disse Gibley, por telefone, de Denver, EUA. “Se você olhar em uma base mais a longo prazo, será difícil mudar o curso do Brasil”.

Embora os fundamentos econômicos estejam fracos, os investidores podem ser encorajados a comprar se Aécio ganhar a eleição presidencial por causa da confiança de que sua equipe seria mais bem-sucedida em eventualmente transformar as coisas ao redor, disse João Medeiros, diretor da corretora Pioneer. Dilma ainda não anunciou quem seriam seus assessores em um possível segundo mandato.

“Aécio é positivo para o mercado no sentido de que há claridade em relação à sua equipe econômica”, disse Medeiros, por telefone, de São Paulo. “E Dilma? É um enorme ponto de interrogação”.

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