Juro futuro fica perto da estabilidade antes de pesquisa
Sem indicação mais clara do exterior, investidores domésticos optaram pela cautela antes das próximas pesquisas eleitorais
Da Redação
Publicado em 5 de setembro de 2014 às 17h23.
São Paulo - Em mais um dia de agenda relativamente cheia, com IPCA de agosto e relatório do mercado de trabalho norte-americano, os juros futuros, sobretudo de longo prazo, tiveram volatilidade pela manhã e, à tarde, se reaproximaram da estabilidade, até terminarem com discreto viés de baixa e giro relativamente baixo.
Com o IPCA em linha com o esperado, as atenções dos investidores se concentraram no resultado fraco do payroll norte-americano, que, inicialmente, gerou leituras de que o aperto da política monetária pelo Fed pode demorar um pouco mais.
Prevaleceu, ainda, uma certa cautela antes das próximas pesquisas eleitorais, com a Sensus saindo já neste fim de semana.
Assim, ao término da negociação regular na BM&FBovespa, a taxa do DI para janeiro de 2015 (182.640 contratos) marcava 10,82%, de 10,81% no ajuste anterior.
A taxa do DI para janeiro de 2016 (184.015 contratos) indicava 11,35%, de 11,34% na véspera. O DI para janeiro de 2017 (168.270 contratos) apontava 11,26%, de 11,27% no ajuste anterior. E o DI para janeiro de 2021 (136.980 contratos) tinha taxa de 10,98%, de 11,00% ontem.
Logo na abertura dos negócios, os investidores se depararam com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em linha com o previsto.
A inflação oficial subiu 0,25% em agosto, ante 0,01% em julho, perto da mediana de 0,26% encontrada pelo AE Projeções. Com o resultado, no entanto, o IPCA voltou a superar o teto da meta em 12 meses, em 6,51%.
No ano, acumula alta de 4,02%. Um pouco antes, a Fundação Getúlio Vargas havia informado que o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) avançou 0,06% em agosto, acima da mediana de -0,05%.
Ao comentar o resultado do IPCA, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, destacou a queda nos preços dos alimentos no mês de agosto.
Ele também chamou a atenção para a redução "significativa mês após mês" do índice de difusão da inflação, o que, na sua avaliação, reflete os efeitos da política econômica. No mês passado, o índice de difusão atingiu a marca de 55%.
Mas tais números foram relegados ao segundo plano diante dos dados norte-americanos.
No mês passado, os EUA criaram apenas 142 mil empregos, o menor nível registrado no ano e bem abaixo dos 225 mil postos de trabalho previstos por economistas.
Inicialmente, a leitura foi de que o dado adiaria por mais algum tempo o aperto da política monetária pelo Federal Reserve.
Depois, contudo, alguns economistas passaram a enxergar a possibilidade de o indicador ser revisado para cima nas próximas leituras, além de considerarem o dado um ponto fora da curva.
Tudo isso trouxe volatilidade para os ativos externos. Tanto que os yields dos Treasuries, que caíram com bastante intensidade logo após o dado, caminhavam para um fechamento com pequena elevação.
O juro do bônus de 10 anos estava em 2,459% às 16h30, de 2,451% no fim da tarde de ontem.
Sem uma indicação mais clara do exterior, os investidores domésticos optaram pela cautela antes das próximas pesquisas eleitorais, o que resultou em giro baixo e volatilidade contida no período da tarde.
Hoje, inclusive, o cientista político e chefe de pesquisa sobre mercados emergentes do Eurasia Group, Christopher Garman, traçou um cenário de extremo equilíbrio na disputa entre Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) na eleição presidencial.
Segundo ele, a probabilidade de vitória é de meio a meio entre Dilma e Marina, com um ligeiro favoritismo para a reeleição da presidente Dilma.
"A probabilidade é ligeira de vitória apertadíssima de Dilma", disse, em teleconferência da GO Associados. Para ele, a campanha de Aécio Neves (PSDB) "está em grandes dificuldades e naufragando".