Mercados

JPMorgan e Barclays prevêem fim da era Kirchner na Argentina

Decrescente popularidade da presidente aumenta a especulação de que um governo menos hostil aos mercados após eleições de 2015


	Cristina Kirchner: com decrescente popularidade, bancos estão recomendando compra de títulos argentinos
 (Handout/Getty Images)

Cristina Kirchner: com decrescente popularidade, bancos estão recomendando compra de títulos argentinos (Handout/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2013 às 22h44.

Buenos Aires - O JPMorgan Chase Co. e o Barclays Plc estão recomendando aos investidores a compra de títulos argentinos porque a decrescente popularidade da presidente Cristina Fernández de Kirchner aumenta a especulação de que um governo menos hostil aos mercados assuma o poder após as eleições de 2015.

Os bônus do governo tiveram um retorno de 2,2 por cento desde que a coalizão governista de Cristina sofreu sua pior derrota eleitoral em 10 anos, no dia 11 de agosto, frente a um ganho médio de 0,2 por cento para países em desenvolvimento. O JPMorgan afirma que o resultado da disputa legal entre a Argentina e os credores do seu default em 2001 demore, provavelmente, até dois anos. O custo para proteger a dívida do país contra a inadimplência também apresentou o maior recuo no continente americano neste mês.

A liderança de uma década que Cristina e seu antecessor e marido, Néstor Kirchner, exerceram desde a presidência está apagando-se depois que limites aos preços, controles monetários e confiscações de companhias privadas pelo governo deixaram a Argentina com os maiores custos para tomar empréstimos nos mercados emergentes. O partido de Cristina obteve apenas 26 por cento dos votos e sua popularidade está próxima ao patamar mais baixo em quatro anos. Esses fatores levaram o JPMorgan a recomendar, na semana passada, uma maior exposição aos títulos argentinos, logo depois que o Barclays recomendou a compra após as eleições, no mês passado.

“Depois dos resultados das primárias, a primeira conclusão é que se pode descartar um terceiro mandado de Cristina”, disse Sebastián Vargas, economista no Barclays, em entrevista por telefone de Nova York. “Parece que qualquer um dos outros potenciais candidatos presidenciais terá uma agenda mais racional do que a dela”.

“Rainha sem trono”

As eleições legislativas de 27 de outubro “deveriam cimentar o estado de Cristina como rainha sem trono”, escreveu o analista do Credit Suisse Casey Reckman em um relatório titulado “Argentina: o começo do fim”, publicado em 26 de setembro.

Segundo escreveu Reckman, o país evitará uma crise devido à falta de choques externos e o resultado do litígio com os detentores de bônus não estará pronto pelo menos até seis meses “e poderia ser facilmente adiado”.


A expectativa é que o candidato Sergio Massa receba 44,9 por cento dos votos nas eleições legislativas de 27 de outubro enquanto o candidato da presidente, Martín Insaurralde, receberia 31,8 por cento, de acordo com uma pesquisa realizada pela Raul Aragón y Asociados, entre 20 e 25 de setembro.

Após visitar Buenos Aires por uma semana no mês passado, Daniel Freifeld, diretor de gestão no fundo para mercados emergentes da Callaway Capital Management LLC, decidiu comprar os títulos denominados em dólares sob a lei local com vencimento em 2015 e 2017.

“Caminho claro”

“Está emergindo um caminho claro para uma mudança de governo, que resultará em um melhor clima para os investimentos”, disse Freifeld em entrevista por telefone de Washington. “A atual administração tem um problema de credibilidade. Um novo governo terá o benefício da dúvida”.

“O litígio poderia prolongar-se, as eleições serão emocionantes, o posicionamento dos investidores é positivo e a macroeconomia continua se virando”, escreveu Vladimir Werning, analista no JPMorgan, em um relatório publicado em 24 de setembro. “As eleições de meio período de outubro estão preparando o cenário para antecipar uma mudança no ciclo de políticas”.

Cristina respondeu aos resultados pobres nas primárias tomando medidas para “retificar seu curso”, incluindo uma reforma impositiva e a oferta de reabrir o swap de dívida do país, disse Vargas.

Contudo, poderia estar incubando-se uma crise porque ela não reverterá as políticas que fizeram com que as reservas caíssem para seu nível mais baixo em seis anos e levaram ao pior déficit orçamentário desde 2001, conforme Jorge Piedrahita, presidente do Torino Capital LLC. Ele recomenda expor-se menos à dívida argentina.

“Muita coisa pode acontecer em dois anos, especialmente na Argentina. A grande questão é: será possível manter por suficiente tempo essa situação para evitar maiores problemas?”, perguntou-se Piedrahita, em entrevista por telefone de Nova York. “Só para mencionar alguns riscos: a expansão monetária pode levar à hiperinflação, uma queda no preço dos grãos pode causar recessão, um julgamento no caso em Nova York pode ocasionar um default técnico”.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaArgentinabancos-de-investimentoBarclaysCristina KirchnerEmpresasEmpresas americanasEmpresas inglesasJPMorganMercado financeiroPolíticosTítulos públicos

Mais de Mercados

Bolsas da Europa operam em alta, sustentadas por balanços positivos

Raia Drogasil (RADL3) tem lucro líquido ajustado de R$ 213,7 mi no 1T24, alta de 4,8%

Bolsas da Ásia fecham sem direção única, com perdas em Tóquio e Xangai

Ambev (ABEV3) cresce no Brasil em volume de cerveja e não alcoólicos; lucro líquido foi de R$ 3,8 bi

Mais na Exame