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Investidores retiram US$ 3,9 trilhões de mercados emergentes

Os títulos de governos de países emergentes em moeda local caíram 4,8 por cento desde 31 de dezembro, segundo dados compilados pelo JPMorgan


	Após anos de “fluxos de entrada substanciais” os mercados emergentes são “vulneráveis” a “deslocamentos globais de carteiras de valores”, explicaram analistas do Deutsche Bank AG
 (REUTERS/Neil Hall)

Após anos de “fluxos de entrada substanciais” os mercados emergentes são “vulneráveis” a “deslocamentos globais de carteiras de valores”, explicaram analistas do Deutsche Bank AG (REUTERS/Neil Hall)

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Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2013 às 14h44.

São Paulo – Os investidores estão retirando dinheiro dos mercados emergentes no ritmo mais rápido em dois anos devido à queda de ações, títulos e divisas causada por um desaquecimento econômico e um menor estímulo global.

Mais de US$ 19 bilhões saíram de fundos de investimento em ativos de países em desenvolvimento nas três semanas finalizadas em 12 de junho, o maior valor desde 2011, segundo a EPFR Global. Os investidores estrangeiros se livraram de US$ 5,6 bilhões de ações brasileiras e de US$ 3,2 de títulos indianos neste mês.

A reversão do fluxo de US$ 3,9 trilhões que chegou aos mercados emergentes nos últimos quatro anos foi agravada por protestos populares no Brasil e na Turquia em desafio a várias políticas dos governos, do combate à inflação ao desenvolvimento de infraestrutura.

Por sua vez, o Banco Mundial estima que a China, a maior economia em desenvolvimento, terá a taxa de crescimento anual mais lenta desde 1999, enquanto os déficits de contas correntes na Indonésia, no Brasil e no Chile são os maiores em uma década.

Contribui para a reversão a especulação de que a Reserva Federal Americana e o Banco Central Europeu porão fim ao fluxo de dinheiro barato. O presidente da Fed, Ben S. Bernanke, disse ontem que os responsáveis pela política econômica talvez “moderem” o ritmo das compras de títulos neste ano, reduzindo a injeção de dinheiro na economia americana, parte do qual chega a outros países.

Os títulos de governos de países emergentes em moeda local caíram 4,8 por cento desde 31 de dezembro, segundo dados compilados pelo JPMorgan. As commodities, medidas pelo S&P GSCI Index, caíram 3,3 por cento no mesmo período devido à menor demanda da China.

Após anos de “fluxos de entrada substanciais” os mercados emergentes são “vulneráveis” a “deslocamentos globais de carteiras de valores”, explicaram analistas do Deutsche Bank AG.


Na Turquia, protestos em Istambul provocados pela indignação a respeito dos planos de desenvolvimento, desataram uma onda de manifestações contra o governo em todo o país em 31 de maio, a maior perturbação em uma década de poder do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, com pelo menos quatro mortos e milhares de feridos em choques entre os manifestantes e a polícia.

Tensão no Brasil

No Brasil, os protestos começaram por causa do aumento das passagens de ônibus e cresceram até transformarem-se nas maiores manifestações no país em duas décadas.

“É uma etapa perigosa”, disse Stephen Jen, cofundador do hedge fund SLJ Macro Partners LLP. “O Fed começará a normalizar as taxas. É um processo gradual, mas a pressão apontará em uma única direção: a favor do dólar e contra os mercados emergentes”.

As importações potencializadas por empréstimos baratos levaram os déficits de conta corrente no Chile, no Brasil e na Indonésia aos valores mais altos em pelo menos uma década, deixando os países vulneráveis à fuga de capitais, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O declínio dos ativos de mercados emergentes pode acelerar ainda mais esse fluxo e criar um círculo vicioso, acredita Phillip Blackwood, que gerencia US$ 3,7 bilhões em dívidas de países em desenvolvimento na EM Quest Capital LLP de Londres.

“É o começo do fim do dinheiro fácil”, disse, apostando na desvalorização da lira e do peso colombiano. “A situação positiva anterior está se revertendo. É a tempestade perfeita para mais quedas”.

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