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Ibovespa fecha em queda após bater 100 mil pontos na abertura

Temores sobre avanço do coronavírus nos EUA se sobrepõem ao otimismo com dados de pedidos de seguro desemprego

Bolsa: Ibovespa abre em alta, bate os 100.000 pontos e vira para queda (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)

Bolsa: Ibovespa abre em alta, bate os 100.000 pontos e vira para queda (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 9 de julho de 2020 às 17h00.

Última atualização em 9 de julho de 2020 às 18h02.

O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, caiu 0,61% e encerrou em 99.160,33 pontos, nesta quinta-feira, 9, com o avanço do número de casos de coronavírus nos EUA se sobrepondo ao otimismo do início da sessão.

Pela manhã, o índice abriu em alta e bateu os 100.000, após dados do mercado de trabalho americano terem saído melhores do que o esperado. Mas, depois de se aproximar dos 100.200 pontos nos primeiros minutos de pregão, o índice perdeu o ímpeto positivo e passou a cair.

No mercado, a expectativa para que o Ibovespa batesse os 100.000 era grande. Na véspera, o índice subiu mais de 2%, com ajuda de dados positivos das vendas no varejo brasileiro, mas não conseguiu superar a marca, tida por especialistas como uma "forte barreira psicológica".

Hoje, o feito só foi possível graças aos pedidos de auxílio desemprego, que vieram abaixo do esperado e impulsionaram as bolsas de valores do mundo todo pela manhã. De acordo com o Departamento de Trabalhos dos Estados Unidos, foram feitos 1,314 milhão de pedidos de seguro desemprego na última semana contra 1,375 milhão de pedidos projetados por economistas.

Porém, o crescente número de casos de coronavírus nos Estados Unidos impôs cautela nos investidores, após o país voltar a registrar recorde diário com mais de 60.000 infectados em 24h.

"Pela primeira vez, o mercado está ponderando o quanto os preços andaram em relação à economia. Dados de alta frequência mostram que aquela ‘pancada’ positiva com a retomada da atividade se estabilizou”, disse Bruno Lima, analista de renda variável da Exame Research.

O movimento negativo ocorreu em linha com os principais índice acionários dos EUA. No mercado americano, o índice S&P 500 caiu 0,52% e o Dow Jones, 1,39%. O índice composto de Nasdaq, com maior concentração de ações de tecnologia – favorecidas pela pandemia – subiu 0,63%.

"O tom ainda é de cautela. Esse aumento de contágio nos EUA preocupa muito e coloca em xeque, inclusive, a eficácia dos estímulos dos bancos centrais. Só os dados de desemprego não foram suficientes para manter o Ibovespa acima dos 100.000 pontos. Tem um efeito psicológico muito importante. A marca ainda tem que ser consolidada, mas para isso depende de fatores complexos, inclusive, sinais de melhora da economia interna", disse Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos.

Na bolsa, os destaques ficaram com as ações das principais varejistas da bolsa, que foram subindo ao longo do dia. Os papéis das Lojas Americanas lideraram as altas do Ibovespa, avançando 10,1%, enquanto seu braço digital, a B2W, subiu 4,1%. As ações da Via Varejo e da Magazine Luiza se valorizaram 7,1% e 3,5%, respectivamente. Na véspera, os papéis do setor não apresentaram grandes variações, embora dados do varejo tenham sido o principal gatilho para a alta da bolsa.

Já as ações da Eletrobras se mantiveram em forte alta por todo o pregão, encerrando com valorização de 8,6%. No radar dos investidores estão os esforços do governo para a privatização da companhia. "No Brasil, a gestão estatal costuma ser ineficiente, com burocracia para contratar, demitir. É totalmente atrasado em relação ao setor privado. Se privatizar, tem mudança de governança que ajuda a destravar um grande valor para a companhia", comentou Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos.

No lado negativo, pesaram as ações da Petrobras, que caiu mais de 2%, acompanhando o preço do barril de petróleo, que também se desvalorizou. "O preço do barril de petróleo mostra que o otimismo com a recuperação econômica não é tão grande", comentou Bertotti. Embora o petróleo brent, referência para a política de preços da Petrobras, tenha apresentado forte valorização em meio às reaberturas econômicas, a commodity ainda acumula queda de cerca de 35% no ano.

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