Exame Logo

Ibovespa é derrubado pela reforma tributária e fecha semana em queda

Bancos puxam queda do índice, enquanto ações da Vale sobem; dólar avança após quatro dias seguidos de queda

Foto: Ricardo Moraes/Reuters (Ricardo Moraes/Reuters)
BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 25 de junho de 2021 às 17h24.

Última atualização em 25 de junho de 2021 às 17h27.

O Ibovespa teve forte queda nesta sexta-feira, 25, com investidores digerindo recentes dados de inflação e a segunda parte da reforma tributária ao Congresso, entregue pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

O IPCA referente à primeira metade de junho ficou levemente abaixo das expectativas, apontando para uma alta anual de 8,13%. Mas se a inflação não assustou, o mesmo não pode ser dito do texto da reforma tributária entregue pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

Repercutindo a notícia, o principal índice B3 aprofundou as perdas ao longo da tarde e encerrou o dia em queda de 1,74%, aos 127.255 pontos. O Ibovespa chegou a retornar aos 126.000 pontos na mínima do dia e, na semana, o índice apresentou recuo acumulado de 0,85%.

"Como esperado o mercado não gostou num primeiro momento da proposta de reforma tributária divulgada hoje. Afinal, ali se fala de tributação de dividendos e alteração na tributação de fundos imobiliários", comenta em nota André Perfeito, economista-chefe da Necton.

A mudança também estressou o câmbio e fez com que o dólar passasse a subir contra o real após quatro quedas consecutivas nesta semana. A moeda americana encerrou a sessão em alta de 0,67%, a 4,938 reais. Na semana, a cotação caiu 2,64%. Em junho, o dólar ainda recua 5,51%, e a moeda acumula perdas de 4,89% em 2021.

Thomás Gibertoni, analista da Portofino Multi Family Office, afirmou à Reuters que "o mercado de capital fica menos atrativo quando você acaba com a tributação privilegiada, quando se trata de grandes investidores".

Ele disse que a mudança nos dividendos "pode levar a uma saída de capitais do mercado" doméstico, mas ressaltou que enxerga a alta do dólar nesta sexta-feira apenas como um "susto inicial" em reação à notícia: "O mercado deve se adequar às mudanças mais à frente."

Abra sua conta no BTG Pactual digital e invista com o maior banco de investimentos da América Latina

Nos Estados Unidos, os índices Dow Jones e S&P 500 fecharam em alta -- com o S&P 500 em um novo recorde -- impulsionados pelos avanços nas negociações sobre o pacote de infraestrutura proposto pelo presidente Joe Biden na véspera. Já o índice Nasdaq ficou próximo da estabilidade, repercutindo a alta dos rendimentos dos títulos americanos de 10 anos.

O movimento ocorreu após a divulgação do índice de preço de consumo pessoal, que teve alta de 3,6%. O dado é tido como referência para a política de juros do Federal Reserve (Fed, banco central americano) e um aperto monetário antes do esperado poderia prejudicar principalmente ações de tecnologia, mais presentes no índice.

Destaque de ações

Na bolsa, as ações da Vale (VALE3) e de siderúrgicas foram os destaques positivos. A alta nos papéis ocorreu após nova alta do minério de ferro. Com a maior presença do índice, as ações da mineradora subiram 1,23%, enquanto a Bradespar (BRAP4), com participação na Vale, liderou os ganhos do índice, subindo 4,28%.

Por outro lado, as ações de grandes bancos tiveram fortes quedas e pressionaram negativamente o Ibovespa. No setor, os papéis do Itaú (ITUB4) apresentaram a maior perda, recuando 3,18%. Bradesco (BBDC3/BBDC4) teve perdas de 3,12% e 2,56%, respectivamente, enquanto Banco do Brasil (BBSA3) recuou 3,01%. Já as units do Santander (SANB11) caíram 2,36%.

A desvalorização ocorreu após o Senado aprovar nesta semana a medida provisória que prevê maior contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) dos bancos. Com a alteração a alíquota passará de 15% para 25% até o fim do ano.

No radar dos investidores também estiveram os novos detalhes sobre o open banking apresentado pelo Banco Central. "Ainda não é possível mensurar o impacto do open banking nas instituições financeiras vigentes, mas esperamos que tais iniciativas devam pressionar os spreads bancários, prejudicando os bancos tradicionais. Por outro lado, estimulará a criação de novos produtos e serviços financeiros, que podem ser capitalizados como possíveis novas fontes de receita", afirma, em nota, Leo Monteiro, analista da Ativa.

Investidores também aproveitam o ambiente misto para realizar lucros em ações ligadas à reabertura da economia, que estiveram entre as maiores altas das últimas semanas. Papéis de shoppings centers, companhias aéreas, concessionárias de rodovias e de conglomerados de educação encerraram a sexta-feira em queda.

As maiores quedas ficaram com Ambev (ABEV3) e Multiplan (MULT3), que recuaram 5,57% e 4,53%.

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Invest

Mais na Exame