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Ibovespa cai 5,2% após Senado americano rejeitar pacote de US$ 2 tri

Pacote de estímulos para conter os efeitos econômicos do coronavírus seria o maior da história dos Estados Unidos

Ibovespa: na última semana, índice registrou a maior queda semanal desde 2008 (NurPhoto/Getty Images)

Ibovespa: na última semana, índice registrou a maior queda semanal desde 2008 (NurPhoto/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 23 de março de 2020 às 10h12.

Última atualização em 23 de março de 2020 às 18h36.

São Paulo - O Ibovespa voltou a registrar fortes perdas nesta segunda-feira (23), após o Senado americano ter rejeitado, no domingo (22), um pacote de cerca de 2 trilhões de dólares para atenuar os efeitos econômicos do coronavírus. Após chegar a cair 7,3% na sessão e alimentar a expectativa de um novo circuit breaker, o principal índice acionário da bolsa brasileira fechou em queda de 5,22%, em 63.569,62 pontos. O mecanismo, que serve para interromper as negociações quando o Ibovespa atinge 10% de baixa, foi acionado seis vezes nas últimos duas semanas.

O pacote, que seria o maior da história dos Estados Unidos, era bastante aguardado pelos investidores e pode voltar a ser discutido nesta segunda. Para senadores do Partido Democrata, a medida atenderia mais aos interesses de Wall Street do que os da população. Por lá, o índice S&P 500 caiu 3,98%. 

Para Jefferson Laatus, foi uma "surpresa" o circuit breaker não ter sido acionado na bolsa brasileira, já que segundo ele, o mercado local também foi afetado pelo campo da política. Nesta segunda, o governo chegou a emitir uma MP que abria a possibilidade de o empregador não pagar seus funcionários por até 4 meses. Mas após a repercussão negativa, o governo de Jair Bolsonaro revogou o trecho do MP. Além dos desmandos do atual presidente Laatus também criticou a postura que Bolsonaro tem adotado com parlamentares e governadores. "Isso vai desgastando o cenário. Daqui a pouco, pode ser que o governo não consiga mais aprovar nada de importante", disse.

Nesta manhã, o Federal Reseve (FED) anunciou um novo programa para oferecer linhas de crédito para famílias, pequenas empresas e grandes empregadores. Após o anúncio, os índices futuros americanos, que chegaram cair mais de 4% desde a abertura, reduziram as perdas, mas não tiveram forças para reverter a queda.

Entre as medidas do FED, está a compra de títulos de grandes empregadores e empréstimos equivalentes a quatro anos de financiamento. "É interessante, principalmente a recompra de ativos por parte de FED, mas o mercado praticamente ignorou isso tudo", disse Jason.

Além dos incentivos para aumentar a atividade econômica, os investidores também seguem atentos às medidas para conter o avanço do vírus. "O mercado sobe com estímulos, com vacina, se descobrirem que hidroxicloroquina é mais eficaz do que se previa. É um misto de notícias médicas e econômicas ", disse Vieira.

Entre os componentes com maior peso no Ibovespa, as ações dos grandes bancos puxaram a queda do índice, com os papéis do Itaú e Bradesco tendo respectivas quedas de 6,9% e 8,2% e os do Banco do Brasil recuando quase 10%.

Apesar do petróleo ter se valorizado no mercado internacional, as ações da Petrobras amargaram mais um dia de depreciação. Na Bolsa, as ações ordinárias e preferenciais da petroleira caíram 4,9% e 4,2%, respectivamente. A maior queda do índice ficou com os papéis da rede de vestuário Hering. O ativo, que vem sofrendo desde que decepcionou em resultado de vendas do último trimestre, caiu mais 17,2%. 

Na outra ponta do índice, os papéis da fabricante de motores Weg lideraram as altas do Ibovespa, subindo 8,7%. A empresa, que tem a maior parte de sua receita em dólar, vem apresentando bons resultados operacionais e é vista como uma alternativa quando o real sofre depreciação, assim como as ações da Suzano, que subiram 5,15% neste pregão. 

Os papéis do Grupo Pão de Açúcar subiram 6,9% na expectativa de que a empresa se beneficie da corrida aos supermercados. Também está no radar o fato de que o segmento é um dos poucos que não precisarão a fechar as portas para evitar a proliferação do coronavírus.

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