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Gestores fogem de ações e ficam atentos a cenário fiscal

Grandes fundos diminuem exposição em bolsa e ficam à espera de sinal de ‘compra gritante’

Painel de cotações da B3: investimento em ações fica de lado no portfólio dos gestores (Germano Lüders/Exame)
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Bloomberg

Publicado em 16 de dezembro de 2022 às 16h44.

Após semanas de turbulência nas quais os investidores se prepararam para uma deterioração mais acentuada na trajetória fiscal sob o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, algumas das maiores gestoras de fundos multimercado do país têm uma mensagem clara: fique longe de ações .

Uma aposta pessimista com bolsa brasileira é um das principais posições da Legacy Capital neste momento, enquanto a XP Asset Management e a Genoa Capital também montaram posições vendidas no mercado local via opções. A Verde Asset Management, cujo principal fundo tradicionalmente mantém cerca de um quarto de seu risco em ações, carrega somente cerca de 15% em bolsa.

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As bolsas estão caras por todo lado, inclusive no Brasil, de acordo com Felipe Guerra, sócio-fundador da Legacy. A visão pessimista virou o cenário básico no que diz respeito ao quadro doméstico, disse Guerra em evento neste mês.

As taxas dos contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2025 subiram mais de 170 pontos-base desde a eleição de Lula. O líder petista propôs aumentar o teto de gastos do país em um valor acima do esperado e escolheu nomes considerados não-amigáveis ao mercado para sua equipe econômica.

As expectativas de que os juros permaneçam em níveis altos por mais tempo não apenas machucam os múltiplos das ações, mas também pesam no apetite dos investidores de varejo que foram frustrados pelos retornos fracos do mercado no último ano e voltaram a se concentrar em investimentos em renda fixa com a taxa básica de juros perto de 14%.

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‘Desalento’

O período de juro baixo no Brasil “levou milhões de investidores menores a comprar ativos de renda variável — que hoje estão no prejuízo”, disse Luis Stuhlberger, CEO da Verde, em painel recente. “Demora alguns anos para esse desalento passar.”

O principal fator que tem impedido o índice Ibovespa de negociar em níveis ainda menores - potencialmente perto de 90.000 pontos, ou 13% abaixo do último fechamento - são as compras por parte dos estrangeiros, segundo Guerra. Os não-residentes ingressaram com cerca de US$ 557 milhões em ações na B3 no mês passado e US$ 730 milhões no acumulado de dezembro até a última segunda-feira.

Uma pesquisa recente do Bank of America com gestores de fundos de América Latina que administram US$ 79 bilhões mostrou que 56% deles estão se protegendo contra uma queda acentuada nos mercados de ações, acima da média histórica da pesquisa, de 35%.

O fundo macro da Absolute Investimentos, que geralmente toma risco no mercado de ações local, atualmente está sem exposição direcional. Fabiano Rios, sócio-fundador e diretor de investimentos da gestora, cita um cenário de altas taxas de juros, sinais de uma administração “hostil” ao mercado e resgates de fundos de ações locais.

“Em algum momento deve haver uma oportunidade de ‘compra gritante’, mas precisamos ter paciência até esse momento chegar”, disse Rios.

FundoRetorno em novembro (%)Retorno no acumulado do ano (*)
Absolute Vertex-0,25%22,12%
Adam Macro II-1,80%-4,44%
Bahia AM Marau-0,75%16,65%
Genoa Capital Radar0,08%20,91%
Ibiuna Hedge STH-0,59%19,59%
Kapitalo Kappa1,56%15,39%
Legacy Capital-0,26%21,79%
SPX Nimitz-4,97%21,38%
Verde-0,30%14,63%
Benchmarks
Anbima Hedge Funds Index-1,52%12,48%
CDI1,02%11,80%
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