Fibria põe upgrade em risco após o maior prejuízo trimestral
Com maior prejuízo, as apostas de recuperação do grau de investimento após a crise de 2008 estão mais fracas
Da Redação
Publicado em 3 de novembro de 2011 às 08h16.
Nova York - O maior prejuízo trimestral da história da Fibria Celulose SA está enfraquecendo as apostas de que a empresa recuperará o grau de investimento perdido na crise financeira de 2008.
A taxa dos títulos da dívida em dólar com vencimento em 2020 da Fibria caiu 7 pontos-base para 7,42 por cento desde 25 de outubro, um dia antes de a empresa divulgar um prejuízo de R$ 1,11 bilhão no terceiro trimestre, segundo dados da Bloomberg. Os papéis da maior fabricante de celulose do mundo têm classificação Ba1, nota mais alta antes do grau de investimento, pela Moody’s Investors Service. O rendimento de títulos de companhias brasileiras com nota Ba1 caiu em média 47 pontos durante o mesmo período, para 7,82 por cento, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
A situação da Fibria se complicou por causa da alta do dólar, que lhe causou perdas financeiras, e com a queda dos preços da celulose. Para analistas do Barclays Plc e da RBS Securities Inc., o aumento da dívida da Fibria e o declínio da receita da empresa eliminaram a possibilidade de a Moody’s promover a empresa ao grau de investimento.
“Eu vinha esperando que a Fibria recebesse um ‘upgrade’ mas ela definitivamente não atende às condições das agências classificadoras de risco neste momento”, disse Omar Zeolla, analista de crédito de mercados emergentes da RBS em Stamford, Connecticut, em entrevista por telefone. “O ciclo de redução de alavancagem dela está terminando.”
Os títulos em dólar da Fibria com vencimento em 2020 pagam 401 pontos-base a mais do que a dívida do governo brasileiro de prazo similar, comparado a 270 pontos-base há três meses, segundo dados compilados pela Bloomberg. A Moody’s tem a nota Ba1 da Fibria em perspectiva positiva. A Fitch atribui nota equivalente, BB+. A Standard & Poor’s tem a empresa em BB.
Alavancagem
A Fibria registrou uma perda financeira de R$ 2 bilhões no terceiro trimestre, incluindo um prejuízo de R$ 558 milhões com hedges de câmbio. A perda superou o resultado operacional da empresa, gerando o prejuízo no balanço.
A aversão ao risco em meio à crise de crédito da Europa levou o real a cair 17 por cento ante o dólar no trimestre. Foi a segunda maior queda entre moedas de mercados emergentes, atrás apenas da do zloty, da Polônia.
A fabricante de celulose vinha tentando reduzir a alavancagem para obter uma nota melhor já no ano que vem. O prejuízo do terceiro trimestre elevou a razão entre a dívida líquida e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, ou Ebitda na sigla em inglês, de 2,9 vezes em 31 de março para 4,2 vezes.
Limites contratuais
A Vale SA, maior produtora de minério de ferro do mundo, apresentou na semana passada a primeira queda no lucro trimestral em dois anos, enquanto a Tele Norte Leste Participações SA, maior operadora de telefonia do Brasil e que atua sob a marca Oi, viu o lucro desabar 33 por cento em relação a um antes porque a desvalorização do real aumentou o custo da dívida em moeda estrangeira.
A assessoria de imprensa da Fibria não quis fazer comentários quando procurada pela Bloomberg News.
A companhia pode renegociar R$ 2,5 bilhões em empréstimos bancários que respondem por cerca de 22 por cento da dívida bruta de R$ 11,3 bilhões, disse o diretor financeiro, João Elek Jr., no dia 26 de outubro. O nível de alavancagem da companhia está se aproximando do limite contratual com bancos pelo qual a dívida líquida não pode exceder quatro vezes o chamado Ebitda no quarto trimestre.
Contra a maré
“A batalha deles pelo grau de investimento ainda vai morro acima e, de certa forma, os ventos estão soprando contra em termos do preço da celulose”, Joe Bormann, um diretor-gerente da Fitch Ratings em Chicago, afirmou em entrevista por telefone.
Analistas da Moody’s não quiseram comentar, segundo o porta-voz da empresa em Nova York, Eduardo Baker.
O índice global BHKP de preços de celulose caiu por 19 semanas consecutivas e acumula baixa de 16 por cento desde 14 de junho, no menor patamar desde fevereiro de 2010, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
A Fibria foi criada em 2009 quando a Votorantim Celulose & Papel SA comprou a Aracruz Celulose SA, que tinha registrado US$ 2,1 bilhões em perdas com derivativos cambiais. A dívida da empresa saltou para quase R$ 15 bilhões após a aquisição, levando a Moody’s a rebaixar a classificação de risco para Ba1 em abril de 2009. A nota da Fibria foi melhorada em um nível pela Fitch em março para BB+ após a venda de R$ 1,5 bilhão em ativos.
“Houve uma época após a reestruturação quando absolutamente tudo estava dando certo para a Fibria”, Juan Cruz, analista de dívida corporativa do Barclays em Nova York, disse em entrevista por telefone, citando a alta do preço da celulose, a venda de ativos e os cortes de custos obtidos com a fusão. “Estamos diante de um momento em que esses catalisadores praticamente terminaram.”
Nova York - O maior prejuízo trimestral da história da Fibria Celulose SA está enfraquecendo as apostas de que a empresa recuperará o grau de investimento perdido na crise financeira de 2008.
A taxa dos títulos da dívida em dólar com vencimento em 2020 da Fibria caiu 7 pontos-base para 7,42 por cento desde 25 de outubro, um dia antes de a empresa divulgar um prejuízo de R$ 1,11 bilhão no terceiro trimestre, segundo dados da Bloomberg. Os papéis da maior fabricante de celulose do mundo têm classificação Ba1, nota mais alta antes do grau de investimento, pela Moody’s Investors Service. O rendimento de títulos de companhias brasileiras com nota Ba1 caiu em média 47 pontos durante o mesmo período, para 7,82 por cento, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
A situação da Fibria se complicou por causa da alta do dólar, que lhe causou perdas financeiras, e com a queda dos preços da celulose. Para analistas do Barclays Plc e da RBS Securities Inc., o aumento da dívida da Fibria e o declínio da receita da empresa eliminaram a possibilidade de a Moody’s promover a empresa ao grau de investimento.
“Eu vinha esperando que a Fibria recebesse um ‘upgrade’ mas ela definitivamente não atende às condições das agências classificadoras de risco neste momento”, disse Omar Zeolla, analista de crédito de mercados emergentes da RBS em Stamford, Connecticut, em entrevista por telefone. “O ciclo de redução de alavancagem dela está terminando.”
Os títulos em dólar da Fibria com vencimento em 2020 pagam 401 pontos-base a mais do que a dívida do governo brasileiro de prazo similar, comparado a 270 pontos-base há três meses, segundo dados compilados pela Bloomberg. A Moody’s tem a nota Ba1 da Fibria em perspectiva positiva. A Fitch atribui nota equivalente, BB+. A Standard & Poor’s tem a empresa em BB.
Alavancagem
A Fibria registrou uma perda financeira de R$ 2 bilhões no terceiro trimestre, incluindo um prejuízo de R$ 558 milhões com hedges de câmbio. A perda superou o resultado operacional da empresa, gerando o prejuízo no balanço.
A aversão ao risco em meio à crise de crédito da Europa levou o real a cair 17 por cento ante o dólar no trimestre. Foi a segunda maior queda entre moedas de mercados emergentes, atrás apenas da do zloty, da Polônia.
A fabricante de celulose vinha tentando reduzir a alavancagem para obter uma nota melhor já no ano que vem. O prejuízo do terceiro trimestre elevou a razão entre a dívida líquida e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, ou Ebitda na sigla em inglês, de 2,9 vezes em 31 de março para 4,2 vezes.
Limites contratuais
A Vale SA, maior produtora de minério de ferro do mundo, apresentou na semana passada a primeira queda no lucro trimestral em dois anos, enquanto a Tele Norte Leste Participações SA, maior operadora de telefonia do Brasil e que atua sob a marca Oi, viu o lucro desabar 33 por cento em relação a um antes porque a desvalorização do real aumentou o custo da dívida em moeda estrangeira.
A assessoria de imprensa da Fibria não quis fazer comentários quando procurada pela Bloomberg News.
A companhia pode renegociar R$ 2,5 bilhões em empréstimos bancários que respondem por cerca de 22 por cento da dívida bruta de R$ 11,3 bilhões, disse o diretor financeiro, João Elek Jr., no dia 26 de outubro. O nível de alavancagem da companhia está se aproximando do limite contratual com bancos pelo qual a dívida líquida não pode exceder quatro vezes o chamado Ebitda no quarto trimestre.
Contra a maré
“A batalha deles pelo grau de investimento ainda vai morro acima e, de certa forma, os ventos estão soprando contra em termos do preço da celulose”, Joe Bormann, um diretor-gerente da Fitch Ratings em Chicago, afirmou em entrevista por telefone.
Analistas da Moody’s não quiseram comentar, segundo o porta-voz da empresa em Nova York, Eduardo Baker.
O índice global BHKP de preços de celulose caiu por 19 semanas consecutivas e acumula baixa de 16 por cento desde 14 de junho, no menor patamar desde fevereiro de 2010, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
A Fibria foi criada em 2009 quando a Votorantim Celulose & Papel SA comprou a Aracruz Celulose SA, que tinha registrado US$ 2,1 bilhões em perdas com derivativos cambiais. A dívida da empresa saltou para quase R$ 15 bilhões após a aquisição, levando a Moody’s a rebaixar a classificação de risco para Ba1 em abril de 2009. A nota da Fibria foi melhorada em um nível pela Fitch em março para BB+ após a venda de R$ 1,5 bilhão em ativos.
“Houve uma época após a reestruturação quando absolutamente tudo estava dando certo para a Fibria”, Juan Cruz, analista de dívida corporativa do Barclays em Nova York, disse em entrevista por telefone, citando a alta do preço da celulose, a venda de ativos e os cortes de custos obtidos com a fusão. “Estamos diante de um momento em que esses catalisadores praticamente terminaram.”