Fed anuncia afrouxamento e Bolsas de NY avançam

Por Gustavo Nicoletta

Nova York - Os principais índices do mercado de ações dos EUA fecharam em alta, após o Federal Reserve (Fed, banco central americano) anunciar que injetará mais dinheiro na economia do país ao longo dos próximos meses, encerrando um fator de incerteza que vinha impedindo as bolsas de apresentarem movimentos amplos nas últimas sessões.

O Dow Jones subiu 26,41 pontos, ou 0,24%, para 11.215,13 pontos. O Nasdaq ganhou 6,75 pontos, ou 0,27%, para 2.540,27 pontos. O S&P 500 avançou 4,39 pontos, ou 0,37%, para 1.197,96 pontos.

Hoje o Fed divulgou que, além dos aproximadamente US$ 300 bilhões que já pretendia investir em Treasuries (títulos do Tesouro dos EUA) conforme o anunciado em agosto, também aplicará US$ 600 bilhões em bônus da dívida dos EUA ao longo dos próximos oito meses. Com isso, o banco central investirá até US$ 900 bilhões em Treasuries até o final do segundo trimestre de 2011. A instituição também disse que vai "revisar regularmente o ritmo de compras desses títulos e o volume do programa de compras de ativos".

As expectativas de que o Fed anunciaria um programa de compras de Treasuries nesta quarta-feira foram o principal suporte para o avanço de aproximadamente 12% do índice Dow Jones nos últimos dois meses.

Segundo Anthony Chan, economista-chefe do JPMorgan Private Wealth Management, a estratégia do Fed ajudará as bolsas "removendo as nuvens de incerteza". Para Keith Springer, presidente da Capital Financial Advisory Services, o Fed apresentou "o mínimo" do aceitável para o mercado. Ele comentou que o tamanho do programa traz uma mensagem negativa. "As coisas devem estar muito ruins para o Fed estar preocupado desse jeito", acrescentou.

De acordo com Dan Cook, executivo-chefe do IG Markets-U.S., a decisão do banco central veio "exatamente em linha" com a expectativa.

Scott Clemons, estrategista-chefe de investimentos da Brown Brothers Harriman, disse que a decisão do Fed de afrouxar ainda mais as condições monetárias provavelmente pesará sobre o dólar. "Acho que na verdade é um desejo explícito do Fed - isso torna as exportações (dos EUA) mais atraentes e encarece as importações, o que ajuda a importar inflação. O Fed disse muito claramente que deseja ver um pouco de inflação."

Indicadores divulgados mais cedo mostraram alguns sinais de recuperação na economia, como a criação de vagas pelo setor privado dos EUA e uma aceleração no ritmo de crescimento da atividade do setor de serviços do país. Além disso, as encomendas à indústria norte-americana também aumentaram pelo terceiro mês consecutivo.

Segundo Frank Longman, técnico de mercado da Brean Murray, Carret & Co., "se os dados continuarem sendo marginalmente positivos, como foram nas últimas duas semanas, pode haver combustível" para sustentar o rali nas ações.

Entre as ações de destaque da sessão, as da Time Warner caíram 1,05% após a empresa divulgar que seu lucro encolheu 21% no terceiro trimestre na comparação com igual período do ano passado. A Aetna, que anunciou um aumento de 53% no lucro do terceiro trimestre, registrou alta de 2,90% em seus papéis.

As ações da Ford Motor subiram 5,20% após a companhia divulgar um aumento de 19% nas vendas de outubro em comparação a igual período do ano passado. Os papéis da BlackRock recuaram 4,26% depois de o Bank of America (+1,05%) afirmar que pretende vender pelo menos 34,5 milhões das ações que detém na companhia. As informações são da Dow Jones.