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Em semana marcada por risco fiscal, Fed salva o Ibovespa

Expectativa de manutenção da taxa de juros americana próxima de zero gera otimismo nos mercados globais.

Jerome Powell discursa em Simpósio de Jackson Hole (Daniel Acker/Bloomberg via/Getty Images)

Jerome Powell discursa em Simpósio de Jackson Hole (Daniel Acker/Bloomberg via/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 29 de agosto de 2020 às 07h00.

O fantasma do risco fiscal e a possibilidade do ministro da Economia, Paulo Guedes, deixar o governo permearam os negócios no mercado financeiro durante toda a última semana. Mas apesar de todas as incertezas, o otimismo internacional fez com que o Ibovespa fechasse em alta semanal de 0,61%. Ainda assim, atrás dos índices americanos S&P 500 e Nasdaq, que subiram 3,26% e 3,39%, respectivamente.

Em Simpósio de Jackson Hole, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, anunciou a meta de inflação média, que tende a manter a taxa de juros americanas próximas de zero. Em relatório, analistas da Exame Research, explicam que a medida tem impacto direto nos ativos de renda variável, como ações, uma vez que possibilita que outros países também deixem baixas suas taxas de juros.

“Se lembrarmos do que manda a regra de paridade de juros, o juro local precisa pagar pelo menos o juro americano, uma taxa de prêmio de risco e expectativa de desvalorização da moeda”, afirmam em relatório.

Mas embora tenha terminado bem, a semana foi de tensão no mercado financeiro, ao menos no brasileiro. Isso porque por diversas vezes, o cargo de Guedes esteve ameaçado em meio a seu processo de fritura pelo presidente Jair Bolsonaro, que, publicamente, chegou a anunciar que não iria entregar ao Congresso o projeto Renda Brasil de sua equipe econômica.

As divergências entre Bolsonaro e Guedes levaram ao adiamento do “Big Bang”, o projeto de Guedes que contemplaria desde medidas sociais até privatizações e corte de gastos. E o otimismo sobre o pacote de Guedes, que, na segunda-feira, 24, fez o Ibovespa tocar a máxima em duas semanas, deu lugar à aflição.

Insatisfeito, Guedes faltou no lançamento do Casa Verde e Amarela, novo projeto do que irá substituir o Minha Casa Minha Vida do governo petista, e chegou a dizer que havia um “complô” para derrubá-lo em Brasília.

Embora a declaração tenha sido em tom de brincadeira, os atritos entre ministros estão cada vez mais aparentes, sendo que o próprio Guedes já ameaçou brigar com a “ala dos fura-teto”, supostamente liderada pelo ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.

Mesmo em meio aos temores sobre o descontrole fiscal e a possibilidade, cada vez mais iminente, de furar o teto de gastos, o governo elevou o orçamento para obras em infraestrutura de 5 bilhões de reais para 6,5 bilhões de reais. Cerca da metade desse valor deve ser direcionada para os ministérios de Infraestrutura e de Desenvolvimento Regional, com os gastos direcionados para o Nordeste – reduto eleitoral de Marinho.

Apesar das dúvidas sobre a manutenção da agenda liberal de Guedes, na bolsa, as ações da Eletrobras terminaram na ponta do Ibovespa, com alta semanal de cerca de 10%. Na sequência, ficaram os papéis da Magazine Luiza, que subiram 8,28% no período e encerraram a semana na máxima histórica, com valor de mercado de 149,4 bilhões de reais.

Na ponta negativa, ficaram os papéis da Yduqs, ex-Estácio, que despencaram 14,58%, tendo como pano de fundo o resultado do segundo trimestre, em que a companhia registrou prejuízo de 79,5 milhões de reais, revertendo o lucro do mesmo período do ano passado. Bastante afetada pelos efeitos da pandemia, as ações da companhia do ramo educacional acumulam queda de 41,9% no ano.

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