Em dia trágico, Bolsa cai 8,8% e dólar tem maior alta em 14 anos
Um resumo do caos provocado no mercado pela crise de Michel Temer
Rita Azevedo
Publicado em 18 de maio de 2017 às 17h07.
Última atualização em 18 de maio de 2017 às 17h32.
São Paulo — A quinta-feira foi trágica para o mercado financeiro, depois da informação de que o presidente Michel Temer teria dado aval à JBS para a compra do silêncio de Eduardo Cunha
O Ibovespa fechou em queda de 8,83%, a 61.575 pontos e giro financeiro de 22,94 bilhões de reais. A derrocada devolveu parte dos ganhos acumulados desde o começo de 2017.
No início das negociações, a bolsa brasileira chegou a entrar em circuit breaker. Essemecanismo, que paralisa as negociações em 30 minutos, só é acionado quando as cotações superam o limite de 10% de alta ou de queda. A última vez que isso ocorreu foi em 2008, em meio à crise internacional.
Dólar
O dólar comercial fechou em alta de 8,15%, a 3,38 reais.A alta é a maior desde 5 de março de 2003 (+10,4 %), logo no início do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Durante o dia, a moeda norte-americana bateu os 3,43 reais, mas amenizou perdas depois da intervenção do Banco Central no mercado de câmbio. No decorrer do dia, o BC anunciou quatro leilões de swaps tradicionais, que equivalem à venda futura de dólares.
Nas casas de câmbio, o dólar turismo chegou a ser comercializado por 4 reais.
Futuro
O dólar futuro, um produto negociado em bolsa, atingiu o limite de negociação diária logo no começo da manhã, chegando a 3,3235 reais.
Os contratos de Ibovespa Futuro com vencimento para julho caíram mais de 10% e também atingiram o limite máximo permitido de 61.180 pontos.
Seguindo as regras da Bolsa, quando o limite de negociação é atingido, todos os negócios não podem ser fechados abaixo da pontuação.
Juros
As taxas dos contratos futuros de juros operavam em forte alta, repercutindo a aversão ao risco e com os investidores já apostando que o Banco Central vai desacelerar o ritmo de cortes da Selic agora.
Antes da crise de Temer, a aposta do mercado era no corte de 125 pontos-base a 150 pontos-base. Hoje, a curva de juros precificava 80% de chances de uma redução de 0,50 ponto-base para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para o próximo dia 31.
A Selic está hoje em 11,25 por cento ao ano, após dois cortes de 0,25 ponto cada, dois de 0,75 ponto e um de 1 ponto.
Entenda
Na conversa gravada por Joesley com Temer, segundo reportagem divulgada pelo jornal O Globo e confirmada à agência Reuters por três fontes com conhecimento do assunto, o dono da JBS conta a Temer que pagava a Eduardo Cunha e ao doleiro Lúcio Funaro, um dos operadores presos na Lava Jato , para que ficassem calados. Os dois estão presos.
De acordo com o jornal, ao receber a informação de Joesley, Temer respondeu: “Tem que manter isso, viu?”
Com informações da Reuters.