Em busca de nota, Fibria é ameaçada por excesso de oferta
Reconquistar a classificação de grau de investimento fica cada vez mais difícil a medida em que a empresa enfrenta uma concorrência cada vez maior
Da Redação
Publicado em 18 de fevereiro de 2014 às 13h57.
São Paulo - O objetivo da Fibria Celulose SA de reconquistar uma classificação de grau de investimento está em risco em um momento em que a maior produtora de celulose enfrenta uma concorrência cada vez maior e uma queda nos preços.
O Moody’s Investors Service e a Fitch Ratings dizem que os projetos de celulose em andamento neste ano podem jogar os preços para baixo, o que representa o maior obstáculo para que a Fibria, que tem sede em São Paulo, possa conseguir uma classificação de crédito mais alta. A produção global deverá crescer mais de quatro vezes mais rápido do que a demanda nos próximos dois anos, estima a Fitch.
“As agências de rating tendem a ser muito conservadoras”, afirma o CEO Guilherme Cavalcanti, em entrevista por telefone. “Em um cenário de novas capacidades e uma possível queda nos preços da celulose, eles podem querer esperar mais um pouco para ver o que acontece”.
Cinco anos depois que a Fibria perdeu sua classificação de grau de investimento em meio a US$ 2,1 bilhões em perdas de derivativos cambiais, a empresa está focada em domar a dívida, enquanto os concorrentes se expandem. Formada depois que a Votorantim Celulose Papel resgatou a Aracruz Celulose, em 2008, a Fibria vendeu terras, florestas e uma fábrica de papel para recomprar bônus.
“A Fibria foi eficiente na estratégia de redução da alavancagem nos últimos anos”, disse a analista da Fitch Fernanda Rezende, em entrevista por telefone, do Rio de Janeiro. “Para este ano, a gente vê uma manutenção do processo de desalavancagem, mas num cenário mais desafiador”.
A Fibria está mais exposta a uma queda no preço da celulose do que alguns concorrentes que também produzem papel porque quase toda sua receita vem da matéria-prima, disse a analista do Moody’s Barbara Mattos.
‘Mais exposta’
“A Fibria se beneficia de estar no elo da cadeia onde estão as maiores margens”, disse Mattos. “Mas ao mesmo tempo fica mais exposta a essas flutuações de preço”.
Os preços de referência da celulose caíram 6,6 por cento nos últimos oito meses, para US$ 766,73 a tonelada, segundo o índice BHKP, da FOEX Indexes Ltd., com sede em Helsinque.
As expectativas de que a Fibria, que está classificada com o mais alto nível “junk” pelo Moody’s, pela Fitch e pela Standard Poor’s, ganhará um aumento na classificação neste ano ajudou a estimular uma recuperação em seus bônus depois que a empresa reduziu a dívida a 2,3 vezes os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, contra um razão de 7,1 em 2009.
Em setembro, o Moody’s colocou a empresa em uma perspectiva positiva para um possível aumento de classificação, sete meses depois da Fitch. A S&P mantém a Fibria com uma perspectiva estável desde março.
Recompra de bônus
Os rendimentos dos US$ 751,2 milhões em notas circulantes da Fibria com vencimento em 2020 caíram 0,28 ponto percentual, ou 28 pontos-base, desde que a empresa anunciou, em 29 de janeiro, que recomprará US$ 690,2 milhões dos bônus no mês que vem, e ficaram em 5,47 por cento ontem.
As dívidas de vencimento similar da Celulosa Arauco Constitución SA, produtora de celulose chilena que está classificada um nível acima da Fibria, está rendendo 4,7 por cento.
Entre os projetos de celulose em andamento na América do Sul, neste ano, estão o empreendimento da Stora Enso Oyj e da Montes Del Plata, empresa da Arauco, no Uruguai, e uma planta da Suzano Papel Celulose SA no norte do Brasil, que juntos adicionam um total de 2,8 milhões de toneladas à capacidade anual de produção.
A Empresas CMPC SA, do Chile, também planeja concluir a expansão de sua unidade Guaíba, no sul do Brasil, no ano que vem, adicionando mais 1,3 milhão de toneladas ao total.
“O mercado vem precificando essas novas capacidades”, disse Manoel Neves, analista da empresa de pesquisa do setor de celulose Poeyry Oyj, com sede em Vantaa, Finlândia, por telefone, de São Paulo.
Redução da dívida
Contudo, os esforços da Fibria para reduzir sua dívida podem ser suficientes para a obtenção da classificação de grau de investimento que Cavalcanti busca, disse Frederico Tebechrani, diretor de pesquisa corporativa do Banco Pine em São Paulo, que tem uma recomendação neutra em relação aos bônus da empresa.
“Creio que com a divulgação dos resultados do primeiro trimestre, as agências já terão subsídios suficientes para o upgrade”, disse Tebechrani.
A Fibria levantou R$ 3,6 bilhões (US$ 1,5 bilhão) nos últimos dois anos por meio da venda de ações e ativos. A dívida líquida caiu para R$ 7,38 bilhões no ano passado, contra R$ 9,26 bilhões em 2011, segundo dados compilados pela Bloomberg.
As exportações representam cerca de 90 por cento das vendas da empresa. O preço de uma tonelada de celulose teria que cair US$ 100 para neutralizar a geração de caixa livre líquido, disse Cavalcanti.
“A Fibria está muito resiliente a essas oscilações”, disse Cavalcanti.
São Paulo - O objetivo da Fibria Celulose SA de reconquistar uma classificação de grau de investimento está em risco em um momento em que a maior produtora de celulose enfrenta uma concorrência cada vez maior e uma queda nos preços.
O Moody’s Investors Service e a Fitch Ratings dizem que os projetos de celulose em andamento neste ano podem jogar os preços para baixo, o que representa o maior obstáculo para que a Fibria, que tem sede em São Paulo, possa conseguir uma classificação de crédito mais alta. A produção global deverá crescer mais de quatro vezes mais rápido do que a demanda nos próximos dois anos, estima a Fitch.
“As agências de rating tendem a ser muito conservadoras”, afirma o CEO Guilherme Cavalcanti, em entrevista por telefone. “Em um cenário de novas capacidades e uma possível queda nos preços da celulose, eles podem querer esperar mais um pouco para ver o que acontece”.
Cinco anos depois que a Fibria perdeu sua classificação de grau de investimento em meio a US$ 2,1 bilhões em perdas de derivativos cambiais, a empresa está focada em domar a dívida, enquanto os concorrentes se expandem. Formada depois que a Votorantim Celulose Papel resgatou a Aracruz Celulose, em 2008, a Fibria vendeu terras, florestas e uma fábrica de papel para recomprar bônus.
“A Fibria foi eficiente na estratégia de redução da alavancagem nos últimos anos”, disse a analista da Fitch Fernanda Rezende, em entrevista por telefone, do Rio de Janeiro. “Para este ano, a gente vê uma manutenção do processo de desalavancagem, mas num cenário mais desafiador”.
A Fibria está mais exposta a uma queda no preço da celulose do que alguns concorrentes que também produzem papel porque quase toda sua receita vem da matéria-prima, disse a analista do Moody’s Barbara Mattos.
‘Mais exposta’
“A Fibria se beneficia de estar no elo da cadeia onde estão as maiores margens”, disse Mattos. “Mas ao mesmo tempo fica mais exposta a essas flutuações de preço”.
Os preços de referência da celulose caíram 6,6 por cento nos últimos oito meses, para US$ 766,73 a tonelada, segundo o índice BHKP, da FOEX Indexes Ltd., com sede em Helsinque.
As expectativas de que a Fibria, que está classificada com o mais alto nível “junk” pelo Moody’s, pela Fitch e pela Standard Poor’s, ganhará um aumento na classificação neste ano ajudou a estimular uma recuperação em seus bônus depois que a empresa reduziu a dívida a 2,3 vezes os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, contra um razão de 7,1 em 2009.
Em setembro, o Moody’s colocou a empresa em uma perspectiva positiva para um possível aumento de classificação, sete meses depois da Fitch. A S&P mantém a Fibria com uma perspectiva estável desde março.
Recompra de bônus
Os rendimentos dos US$ 751,2 milhões em notas circulantes da Fibria com vencimento em 2020 caíram 0,28 ponto percentual, ou 28 pontos-base, desde que a empresa anunciou, em 29 de janeiro, que recomprará US$ 690,2 milhões dos bônus no mês que vem, e ficaram em 5,47 por cento ontem.
As dívidas de vencimento similar da Celulosa Arauco Constitución SA, produtora de celulose chilena que está classificada um nível acima da Fibria, está rendendo 4,7 por cento.
Entre os projetos de celulose em andamento na América do Sul, neste ano, estão o empreendimento da Stora Enso Oyj e da Montes Del Plata, empresa da Arauco, no Uruguai, e uma planta da Suzano Papel Celulose SA no norte do Brasil, que juntos adicionam um total de 2,8 milhões de toneladas à capacidade anual de produção.
A Empresas CMPC SA, do Chile, também planeja concluir a expansão de sua unidade Guaíba, no sul do Brasil, no ano que vem, adicionando mais 1,3 milhão de toneladas ao total.
“O mercado vem precificando essas novas capacidades”, disse Manoel Neves, analista da empresa de pesquisa do setor de celulose Poeyry Oyj, com sede em Vantaa, Finlândia, por telefone, de São Paulo.
Redução da dívida
Contudo, os esforços da Fibria para reduzir sua dívida podem ser suficientes para a obtenção da classificação de grau de investimento que Cavalcanti busca, disse Frederico Tebechrani, diretor de pesquisa corporativa do Banco Pine em São Paulo, que tem uma recomendação neutra em relação aos bônus da empresa.
“Creio que com a divulgação dos resultados do primeiro trimestre, as agências já terão subsídios suficientes para o upgrade”, disse Tebechrani.
A Fibria levantou R$ 3,6 bilhões (US$ 1,5 bilhão) nos últimos dois anos por meio da venda de ações e ativos. A dívida líquida caiu para R$ 7,38 bilhões no ano passado, contra R$ 9,26 bilhões em 2011, segundo dados compilados pela Bloomberg.
As exportações representam cerca de 90 por cento das vendas da empresa. O preço de uma tonelada de celulose teria que cair US$ 100 para neutralizar a geração de caixa livre líquido, disse Cavalcanti.
“A Fibria está muito resiliente a essas oscilações”, disse Cavalcanti.