Efeito dominó derruba bolsas ao redor do planeta
Os mercados estão "ameaçados", afirmou Stephen Innes, diretor para Ásia-Pacífico na OANDA, empresa de serviços financeiros
AFP
Publicado em 11 de outubro de 2018 às 09h06.
Última atualização em 11 de outubro de 2018 às 09h07.
As bolsas vivem uma quinta-feira complicada: quedas expressivas no mercado asiático e operações em baixa na abertura das praças europeias, depois do resultado negativo de Wall Street na véspera, em um cenário tenso pela guerra comercial e o aumento dos juros nos Estados Unidos , medida criticada por Donald Trump .
A Bolsa de Tóquio perdeu 3,89%, a de Xangai mais de 5% e a de Hong Kong 3,5%.
O efeito dominó atingiu as principais Bolsas da Europa: nos primeiros minutos da sessão, Paris operava em queda de 1,50%, Londres recuava 1,35% e Frankfurt perdia 1,31%.
Os mercados estão "ameaçados", afirmou Stephen Innes, diretor para Ásia-Pacífico na OANDA, empresa de serviços financeiros.
"Há vários motivos: a queda em Wall Street, o aumento das taxas de juros a longo prazo, novas preocupações com as relações comerciais entre China e Estados Unidos e uma atitude prudente antes dos anúncios dos resultados das empresas", declarou à agência Bloomberg Juichi Wako, da consultoria japonesa Nomura Securities.
O presidente americano, Donald Trump, afirmou na quarta-feira que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) "enlouqueceu", em um novo ataque contra a instituição e sua política de aumento progressivo das taxas de juros.
Trump fez as declarações após um dia negativo para Wall Street. O índice Dow Jones fechou a quarta-feira no menor nível desde fevereiro.
O índice industrial Dow Jones caiu 3,15%, a 25.598,74 pontos, apenas oito dias depois de ter registrado o máximo histórico.
O Nasdaq, índice de valores tecnológicos, recuou 4,08%, a 7.422,05 unidades, o pior valor desde junho de 2016.
"Acho que o Fed está cometendo um erro. Acho que o Fed enlouqueceu (...). Realmente não concordo com isto", disse Trump, que habitualmente critica o Fed por sua política de aumentar gradualmente as taxas de juros.
A maioria das grandes empresas americanas sofreu no pregão de quarta-feira: Boeing e Facebook perderam mais de 4%, e Amazon, Nike e Microsoft caíram além de 5%.
A diretora gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, justificou nesta quinta-feira o aumento das taxas de juros, que chamou de "necessário e inevitável" para economias como a dos Estados Unidos, com um crescimento forte, um aumento da inflação e um desemprego "extremamente baixo".
Para evitar o superaquecimento da economia e o retorno da inflação, o Fed elevou em três oportunidades este ano as taxas de juros em 0,25%, o que deve voltar a acontecer em dezembro.
As taxas de juros agora estão na faixa entre 2 e 2,25%.