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Educacionais caem na Bolsa com dados desanimadores do MEC

O número de alunos matriculados no ensino superior privado no país caiu em 2016, algo que não acontecia há 25 anos

Kroton: ações da empresa e de outras educacionais registram perdas  (Germano Lüders/Exame)

Kroton: ações da empresa e de outras educacionais registram perdas (Germano Lüders/Exame)

Rita Azevedo

Rita Azevedo

Publicado em 4 de setembro de 2017 às 12h28.

Última atualização em 4 de setembro de 2017 às 13h44.

São Paulo -- Pela primeira vez em 25 anos, o número de matriculados no ensino superior privado caiu no Brasil. Em 2016, todas as instituições privadas tinham juntas 6,05 milhões de alunos. No ano anterior, a soma chegava a 6,07 milhões. Os dados são do Censo da Educação Superior, divulgado no final da última semana pelo Ministério da Educação (MEC).

Com a notícia nada animadora, as empresas do setor educacional começaram a semana em queda na Bolsa. As ações da Kroton chegaram a cair 1,9%, negociadas a 17,63 reais na mínima do dia. Já as da Estácio registravam queda de até 2,6%, a 25,71 reais. Os dois papéis compõem o Ibovespa, que operava praticamente estável, rondando os 72 mil pontos.

Fora do principal índice da Bolsa, as ações da Anima amargavam queda de até 2,66%, a 17,91 reais, enquanto as da Ser Educacional tinham perdas de 1,7%, a 28,71 reais.

De quem é a culpa?

O ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM-PE), culpou a crise econômica pelo quadro de estagnação do sistema privado do ensino superior.  "Eu tenho a percepção clara de que a crise econômica afeta os ânimos e a disposição de jovens de se matricular. As famílias empurram jovem para que possam ajudar na renda familiar, o que dificulta os planos de acesso à educação superior. Minha opinião é de que a crise econômica afetou negativamente a desaceleração no aumento de matrículas no ensino superior", argumentou o ministro.

Mendonça Filho rejeitou relacionar, no entanto, a queda do número de estudantes na rede particular com a decisão do governo federal de restringir o acesso ao Fies, colocando como regras, por exemplo, a exigência de nota mínima de 450 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e teto de renda para os candidatos.

"Posso dizer que as mudanças no Fies que estão sendo introduzidas não tiveram qualquer impacto relacionada ao horizonte do novo Fies. Não há nenhuma relação. Acreditamos, inclusive, que o novo Fies vai possibilidade uma curva crescente de acesso à educação superior. A última oferta [de vagas] do programa é inferior à nossa projeção já dentro das novas regras", afirmou.

Já a secretária executiva do MEC, Maria Helena Guimarães de Castro, admitiu a relação do Fies com a queda do número de matrículas no ensino superior privado, mas disse que os resultados foram impactados pela gestão no mandato da ex-presidente Dilma Rousseff.

"A grande desaceleração foi em 2015 e e impactou 2016, por essa razão estamos vendo essa tendência. Quando assumimos, no primeiro semestre de 2016, o Fies estava num impasse. O MEC não tinha liberado recursos. Foi ministro que conseguiu reabrir o orçamento [do programa] em junho do ano passado", defendeu.

Com Estadão Conteúdo.

 

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