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Dólar vai a R$ 4,60 e recua mais de 17% no ano com fluxo para Brasil

Moeda americana atinge o menor patamar de fechamento desde o início de março de 2020, mês de início da pandemia no país

O dólar fecha em queda de 1,27% e a R$ 4,6075 na venda (Itaci Batista/Estadão Conteúdo)
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Reuters

Publicado em 4 de abril de 2022 às 17h50.

Última atualização em 4 de abril de 2022 às 23h07.

O dólar recuou pela terceira sessão consecutiva nesta segunda-feira, dia 4, negociado a uma cotação mínima desde o início de março de 2020. O patamar elevado dos juros básicos brasileiros -- a 11,75% ao ano -- continua impulsionando o real, que mantém a liderança global de desempenho contra a moeda americana no acumulado de 2022.

Após chegar a tocar R$ 4,6045 na menor cotação do dia, a moeda americana à vista fechou em queda de 1,27%, a R$ 4,6075 na venda. Foi o menor patamar para fechamento desde 4 de março de 2020 (R$ 4,5806). A moeda aprofundou suas perdas no ano para 17,33%.

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Na B3, às 17h03 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,11%, a R$ 4,6395.

Os motivos por trás da queda do dólar

Parte dos mercados associou o recuo do dólar na sessão à sua fraqueza internacional contra divisas de países exportadores de commodities. Com a guerra na Ucrânia, esses países têm se beneficiado de temores de restrição e instabilidade da oferta de produtos como o petróleo e o milho.

"O Brasil se credenciou hoje como um país oportuno para receber fluxo estrangeiro e excesso de liquidez: temos entre os Brics uma democracia estável e estamos com juros altíssimos", disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

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"Com a pandemia, o Brasil derrubou os juros para 2% ao ano, patamar que não faz frente ao risco Brasil, e o dólar saltou a R$ 5,80. Aí agora a Selic volta a disparar, vem de 2% para 11,75% — e podendo chegar a 14% —, e é natural que esse desmonte de posições aconteça e que o fluxo se inverta [ a favor da moeda local ]", continuou o especialista.

Nos Estados Unidos, os juros básicos estão atualmente numa faixa de 0,25% a 0,5%, e, embora o Federal Reserve (Fed, banco central americano) tenha dado início ao que promete ser um ciclo intenso de aperto monetário, o diferencial em relação à Selic segue amplo, apontou Bergallo.

O Banco Central do Brasil começou a subir os juros em março de 2021, tirando a Selic de uma mínima histórica. Desde então, promoveu aperto acumulado de 9,75 pontos, e já indicou que haverá dose adicional de 1 ponto em maio. "A alta da Selic demorou para reverberar, mas, depois que fez efeito, foi mínima atrás de mínima [ para o dólar ]", disse Bergallo.

A moeda americana vem rompendo barreiras de maneira sucessiva e, como consequência, alcançou características pré-pandemia. No final de fevereiro de 2020, antes de a covid-19 abalar os mercados financeiros de todo o mundo, o dólar estava sendo negociado em torno de R$ 4,50.

Falando sobre as perspectivas para o restante do ano, Bergallo disse acreditar ser difícil ver o dólar abaixo de R$ 4,50, devido aos riscos fiscais locais, mas também não acha que a moeda vai recuperar muito terreno, ainda pressionada pela atratividade da taxa Selic.

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