São Paulo - O dólar registrava leve queda ante o real nesta quarta-feira, com os investidores aguardando o anúncio das decisões tomadas nas reuniões do Federal Reserve, banco central norte-americano, nesta tarde, e do Banco Central Europeu (BCE) na quinta-feira.

Caso os banco centrais tomem medidas de estímulo monetário para impulsionar suas economias, fluxos tendem a se dirigir para mercados emergentes como o Brasil, puxando o dólar para baixo.

Às 11h46, a moeda norte-americana cedia 0,20 por cento, para 2,0450 reais na venda, mostrando pouca variação deste a abertura do pregão. Em relação a uma cesta de divisas , o dólar tinha ligeira alta de 0,06 por cento.

"Está todo mundo ligado na reunião do Fed, na expectativa de medidas adicionais de estímulo. E havendo emissão monetária, aumentará a liquidez nos mercados e a percepção de segurança no mundo", afirmou o economista-chefe da Gradual Investimentos, Andre Perfeito, referindo-se à operação chamada de "quantitative easing", que consiste na impressão de dinheiro novo pelo Fed para compra de ativos.

O economista ponderou, no entanto, que o banco central norte-americano não deve anunciar outra rodada de estímulo nesta tarde --o que poderá pressionar os mercados--, mas que a reunião do BCE na quinta-feira poderá, de fato, trazer alguma medida para ajudar a frágil economia europeia.

"Há coisas que precisam ser feitas na Europa, apesar de gerar desconforto entre alguns parceiros da zona do euro", afirmou Perfeito.

De acordo com ele, a alteração da perspectiva da Alemanha para negativa no final de junho pela agência classificação de risco Moody's e a declaração do presidente do BCE, Mario Draghi, na semana passada de que fará "o quer for preciso para proteger o euro" sinalizam que alguma ação deverá ser tomada para preservar o bloco monetário.

"Essa alteração de perspectiva evidenciou que a crise chegou muito próximo da Alemanha, e a declaração do Draghi dias depois pode sinalizar que a Alemanha está dando para espaço para o BCE agir ... Não acho que essa declaração foi uma coincidência", afirmou Perfeito.

Para o economista, a tendência é de valorização do real ante o dólar, assim como outras moedas de países emergentes, diante dessas medidas de estímulo no mundo.

"(O cenário) sugere um real mais apreciado, não só por causa das maiores entradas de fluxo, mas também da diminuição da percepção de risco no mundo se essas medidas forem anunciadas", avaliou Perfeito, ponderando, no entanto, que o dólar deve continuar acima de 2 reais devido à vontade das autoridades brasileiras de proteger a indústria nacional.