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Dólar fecha em alta e supera R$ 5,45 com tensão entre EUA e China

Discurso agressivo de Trump em Assembleia da ONU aumenta cautela entre investidores

Dólar sobe 1,3%5 e encerra vendido a 5,468 reais (Pixabay/Reprodução)
GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 22 de setembro de 2020 às 09h16.

Última atualização em 22 de setembro de 2020 às 17h26.

O dólar fechou em alta de 1,3% nesta terça-feira, 22, e encerrou sendo vendido a 5,468 reais. No mercado, os investidores repercutiram os ataques do presidente Donald Trump à China e a fala do presidente do Federal Reserve de Chicago, Charles Evans.

Em Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Trump voltou a chamar o coronavírus de "vírus chinês" e disse que a ONU precisa responsabilizar a China. "O discurso do Trump foi muito pesado. Gera a expectativa de alguma resposta do governo chinês", afirma Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimentos

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O dólar também apresentou valorização no mundo, após Evans mencionar perspectivas de alta de juros nos Estados Unidos, o que contraria as recentes declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, que havia afirmado que a taxa de juros deve permanecer próximo de zero até 2023. O aumento da taxa de juros nos Estados Unidos tende a fortalecer o dólar, uma vez que os títulos americanos - considerado os mais seguros do mundo - ficam mais atrativos.

No exterior, o dólar se fortaleceu contra a maioria das moedas emergentes, com destaque para o peso mexicano, que se desvalorizava mais de 1,5% ao fim do pregão à vista no Brasil,  O índice Dxy, que mede o desempenho do dólar contra pares desenvolvidos, subia mais 0,32%, após ter registrado a maior alta em quase duas semanas na segunda-feira, 21.

Nesta terça, o mercado também esteve atento à primeira de três aparições do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no Congresso americano. Em seu discurso, Powell aumentou as dúvidas dos investidores quanto à recuperação da maior economia do mundo ao afirmar ver o futuro da economia americana como "altamente incerto". Segundo o presidente do Fed, a recuperação só será completa quando a pandemia estiver sob controle. "É provável que a recuperação total ocorra apenas quando as pessoas estiverem confiantes de que é seguro retomar uma ampla gama de atividades", afirmou.

No radar do mercado ainda seguiram o aumento do número de casos de coronavírus na Europa. Ainda pela manhã, o primeiro ministro do Reino Unido, Boris Johnson anunciou novas medidas de restrição, como o fechamento mais cedo de bares e pedidos para que as pessoas trabalhem de suas casas.

“O mercado teme a volta dos lockdowns. As indústrias e viagens aéreas estavam começando a retomar, mas um lockdown pode frear tudo isso. Mesmo com vacinas no radar, ainda levaria tempo para que toda população fosse vacinada”, comenta Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.

No cenário interno, o mercado repercutiu a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) da última reunião. Embora o documento dê margem a interpretações, pela leitura de André Perfeito, economista-chefe da Necton, o Copom deve manter as taxas de juros inalteradas nas próximas decisões.

“Dado a recuperação desigual da atividade seria necessário certo estímulo continuado, o que faz a SELIC fique baixa, no entanto, o colegiado do BCB entende que o nível de juros atual já está próximo do limite de baixa uma vez que cortes adicionais poderiam criar volatilidade dos ativos”, afirma em nota.

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