Dólar fecha em alta após rejeição de estímulo nos EUA
Política monetária fica inalterada na Europa, enquanto pedidos de auxílio desemprego superam estimativas
Guilherme Guilherme
Publicado em 10 de setembro de 2020 às 09h29.
Última atualização em 10 de setembro de 2020 às 19h12.
O dólar fechou em alta de 0,4% e encerrou cotado a 5,32 reais nesta quinta-feira, 10, com a piora do cenário externo, após o Senado americano ter rejeitado a proposta de um novo pacote de estímulo fiscal. No radar dos investidores também estiveram os dados de seguro desemprego nos EUA e a decisão do Banco Central Europeu de manter os juros e os estímulos inalterados.
Divulgado nesta manhã pelo Departamento de Trabalho americano, os pedidos semanais de seguro desemprego ficaram em 884.000, acima da expectativa de 846.000. Na Europa, o BCE manteve as taxas de juros em 0% e a taxa de facilidade de depósito em -0,5%.
Pela manhã, o euro chegou a disparar 0,9% ferente ao dólar, mas perdeu força ao longo do dia e, ao fim desta reportagem, subia apenas 0,1%. "O mercado esperava que a Christine Lagarde [presidente do BCE] dissesse alguma coisa na linha da última fala do Jerome Powell [presidente do Federal Reserve, que anunciou meta de inflação média], mas não veio nada. A manutenção dos estímulos acabou ajudando o euro, que segue forte, e consequentemente derruba o dólar no mundo. Mas não teve nada de novo", comenta Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.
Contra as principais moedas emergentes, o desempenho do dólar foi misto, caindo contra o rublo russo e a lira turca, mas subindo perante o peso mexicano e a rúpia indiana.
No cenário interno, os investidores repercutiram os dados de vendas no varejo de julho, que tiveram alta anual de 5,5% ante expectativa de 2,2%. “Veio acima do ano anterior, sem pandemia, isso gera algum otimismo”, afirma Tulio Portella, diretor comercial da B&T. Entre os fatores que contribuíram para a melhora das vendas estão o auxílio emergencial e a reabertura dos comércios.
Embora os números do varejo tenham saído fortes, a inflação voltou a dar as caras no Brasil, gerando preocupação entre os investidores. Na primeira prévia de setembro, o IGP-M, conhecido como inflação do aluguel, teve alta de 4,41%, ante 1,46% da primeira prévia de agosto. Já o Índice de Preço do Atacado (IPA) teve alta de 6,14%
“O mercado voltou a prestar atenção na inflação. Essa inflação do atacado pode passar para o varejo, o que impacta a política de juros”, comenta Cris Quartaroli, economista do Ourinvest.
Com a inflação voltando a subir, ficam ainda menores as expectativas de um novo corte da taxa básica de juros Selic, que está em sua mínima histórica de 2%.