Os bancos gregos despencaram 69 % neste ano e as empresas de consumo discricionário caíram mais de 10 % (Louisa Gouliamaki/AFP)
Da Redação
Publicado em 17 de agosto de 2015 às 15h27.
São Paulo -- Vasileios Antoniadis, da MetLife MFC, ganhou dinheiro com ações gregas mesmo após as longas negociações de resgate do país com os credores enervarem os mercados, algo que nenhum de seus pares conseguiu.
Seu fundo MetLife Alico M&S Domestic Equity subiu 4,8 % neste ano, sendo o único a apresentar ganho entre os 35 focados na Grécia, segundo dados compilados pela Bloomberg.
O restante teve prejuízo de 15 %, em média, sendo que o pior deles perdeu 28 %. O índice de referência ASE Index caiu 18 %, pois os vários meses de negociações e controles de capital provocaram o temor de que a Grécia possa deixar a zona do euro.
Olhando para trás, sua estratégia parece simples. Segundo suas próprias palavras, “muito óbvia”. Ele evitou bancos e empresas de consumo, apostando que seriam os mais atingidos pela crise, e comprou ações que considerou subavaliadas com base nos lucros e no histórico de gestão.
As maiores posições de seu fundo estão na Hellenic Petroleum SA, na Hellenic Exchanges SA e na Mytilineos Holdings SA, que subiram 9 % em média neste ano.
“Há uma série de empresas saudáveis para investir”, disse Antoniadis, que é diretor de investimento da unidade grega da MetLife Inc. desde 2008. “Estou me referindo a empresas rentáveis com perspectiva de crescimento e com fluxos de caixa decentes, com alavancagem mínima ou inexistente, que estejam sendo negociadas com desconto em relação ao seu valor líquido e com múltiplos de um dígito”.
O gestor de fundo de 45 anos, que ajuda a supervisionar 19,3 milhões de euros (US$ 21,5 milhões) na MetLife MFC, gerenciou recursos na Grécia durante quase metade de sua vida. Ele mantém uma posição overweight para produtoras de commodities e ações de tecnologia em relação ao Hellenic Mid Small Cap Index.
Controles de capital
Quando as coisas ficaram ruins e a bolsa de valores fechou, enquanto os manifestantes enfrentavam a polícia de choque em Atenas, Antoniadis manteve a calma e suas principais participações inalteradas.
“Trata-se de um processo contínuo de ganho de experiência”, disse Antoniadis, por telefone, de Atenas. “É diferente do início da minha carreira, em 1994. Naquela época, os mercados não tinham essa profundidade, todos esses participantes e essa tecnologia”.
Antoniadis começou a carreira na NBG Asset Management MFMC, primeira empresa de fundo mútuo da Grécia, que gerencia ativos do National Bank of Greece SA. Ele também trabalhou como diretor de TI da Marfin MFC, agora conhecida como CPB Asset Management.
Os bancos gregos despencaram 69 % neste ano e as empresas de consumo discricionário caíram mais de 10 %. Os fundos com os maiores prejuízos foram os mais sobrecarregados desses setores, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Enquanto os bancos suportaram o peso da crise na Grécia, quase metade das ações do índice ASE subiu neste ano.
Entradas de capital
Apesar de as escolhas de Antoniadis estarem compensando neste ano, o fundo perdeu 32 % em 2014, queda maior que a de 29 % registrada pelo ASE. Ele continua esperançoso quanto às perspectivas para a Grécia. A economia do país cresceu no segundo trimestre, surpreendendo os analistas que haviam previsto uma contração.
Outros gestores de fundos estão começando a concordar com ele. Os fundos de ações gregas tiveram as maiores entradas de capital na Europa enquanto proporção de ativos sob gestão na semana que terminou em 12 de agosto, segundo os dados mais recentes da EPFR Global.
“A Grécia enfrentará tempos difíceis no curto prazo devido às medidas de austeridade”, disse Antoniadis. “Mas se as reformas forem implementadas da forma correta desta vez, eu continuarei otimista a longo prazo”.