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Concorrência maior pode reduzir preços de IPOs no Brasil

Os investidores estrangeiros mais seletivos e com mais opções é o principal fator que alimenta a expectativa de redução de preços


	Bovespa: a participação dos estrangeiros, que já foi de 90% em algumas ofertas públicas iniciais, em 2013 não passou de 74,6% na oferta da Via Varejo, realizada em dezembro
 (Marcos Issa/Bloomberg)

Bovespa: a participação dos estrangeiros, que já foi de 90% em algumas ofertas públicas iniciais, em 2013 não passou de 74,6% na oferta da Via Varejo, realizada em dezembro (Marcos Issa/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 14 de janeiro de 2014 às 08h25.

São Paulo - O mercado de capitais brasileiro enfrentará um aumento da concorrência com outros países da América Latina, principalmente o México.

Com os investidores estrangeiros mais seletivos e com mais opções, uma das expectativas é que as ofertas públicas iniciais (IPOs, na sigla em inglês) convivam com uma pressão maior neste ano, que poderá puxar os preços das operações para baixo.

O banco de investimento Credit Suisse, por exemplo, tem olhado com atenção para o mercado de capitais mexicano. No ano passado, o banco participou do mesmo número de operações de IPO no Brasil e no México: foram cinco em cada país.

"O ânimo em relação ao Brasil vem diminuindo e aumentando no México, onde a bolsa está crescendo. Nós mesmos fizemos muitas operações no México no ano passado e acho que esse movimento, infelizmente, deve continuar", disse Marcelo Kayath, responsável pela área de mercado de capitais da instituição financeira.

Mas ele não está completamente pessimista em relação ao mercado brasileiro. "Mesmo com a bolsa ruim, sempre tem uma boa história. O que muda é que teremos de ser ainda mais seletivos."

Os estrangeiros estão selecionando melhor seus investimentos no Brasil. A participação deles, que já foi de 90% em algumas ofertas públicas iniciais, em 2013 não passou de 74,6% na oferta da Via Varejo, realizada em dezembro. No IPO da CPFL Renováveis, eles ficaram com apenas 25% das ações.

Para Marcio Veronese, diretor da área de serviços qualificados ao mercado de capitais do Citibank, os estrangeiros vão continuar participando das ofertas por uma questão de estratégia.


"Toda vez que temos uma oferta pública no Brasil, os estrangeiros têm participação relevante, embora já tenha sido muito maior. Não me surpreenderia se eles tivessem uma participação razoável em 2014."

O diretor de ADRs do BNY Mellon para a América Latina, Nuno Silva, acredita que, na conjuntura econômica atual, as empresas brasileiras que desejam captar no exterior terão mais trabalho, tendo de buscar novos fundos.

"Ter uma boa gestão, uma boa relação com o investidor ajudará as empresas brasileiras. O investidor vai olhar para cada oferta de forma isolada", diz.

Além do México, Chile, Colômbia e Peru já despontam como concorrentes para o Brasil, diz Jean Marcel Arakawa, advogado sócio do escritório Mattos Filho e especialista em mercado de capitais. "Essa é outra frente de concorrência para os novos emissores e para o giro em bolsa", afirma.

Na visão do advogado, a reticência dos investidores em relação ao Brasil poderá refletir nos preços das ofertas, que podem ficar até abaixo da faixa inicialmente sugerida. Esse foi o caso, por exemplo, das últimas duas ofertas realizadas no mercado brasileiro em 2013: CVC e ViaVarejo.


Um experiente gestor de renda variável acredita que, mesmo com o ingresso de capital estrangeiro limitado para o Brasil, algumas empresas que estão na fila das ofertas podem anunciar operação.

"O cenário vai ditar o ritmo das operações, mas o perfil e setor da empresa também vão determinar quanto e como o estrangeiro vai comprar."

O diretor do BNY Mellon observa, porém, que as empresas terão de aprimorar sua apresentação e buscar novos investidores. "O trabalho do passado não será suficiente. Elas precisam buscar novos canais, como os fundos de pensão."

Portfólio

Apesar do aumento da concorrência pelo capital, o Brasil ainda é um destino para investimentos de fundos internacionais. Entre outros fatores, porque a necessidade de diversificar o portfólio exige que esses fundos olhem para o Brasil.

A sócia do escritório Machado Meyer e especialista em mercado de capitais, Eliana Chimenti, salienta que o País é um mercado relevante quando se fala em diversificação regional para um fundo global.

"O investidor estrangeiro ficou mais exigente, mas continua tendo uma participação relevante. Não deveremos ter uma grande mudança nisso." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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