ClearSale começa a colocar ‘casa em ordem’ e prejuízo diminui para R$ 2,1 milhões
No primeiro trimestre, última linha do balanço ficou negativa em R$ 35,6 milhões; companhia colocou em prática ‘plano de equilíbrio’ para conciliar crescimento com margens
Karina Souza
Publicado em 15 de agosto de 2022 às 21h03.
Última atualização em 19 de agosto de 2022 às 11h45.
A ClearSale começou a colocar ‘a casa em ordem’ após os resultados do primeiro trimestre e ao menos parte desse efeito já começou a aparecer no segundo trimestre. Depois de os primeiros três meses do ano apontarem um prejuízo de R$ 35,6 milhões – reflexo de um cenário macro mais duro para uma empresa que se tornou pública com o intuito de expandir com margens menores – a companhia reorientou o foco. Foi colocado em prática um Plano de Equilíbrio, que na prática reduziu o ritmo da expansão para preservar margens daqui para frente. Em paralelo, problemas com o antifraude também foram resolvidos.
“Nós focamos em crescimento sustentável e em geração de confiança com clientes. Começamos a colocar a empresa nos eixos, estruturamos o plano, reduzimos custos e despesas. Também contamos com mais vendas de e-commerce e de fraud application (antifraude para serviços financeiros e vendas diretas). Entendo que somos uma empresa nova no mercado, que não nos conhece a fundo e não sabe da nossa história e da nossa capacidade de mudar conforme o contexto de mercado. Agora, isso deve ficar cada vez mais claro”, diz Bernardo Lustosa, presidente da ClearSale, à Exame Invest.
No segundo trimestre, a receita líquida realizada da companhia registrou avanço de 9,7% na comparação anual, para R$ 123,1 milhões. Desse total, R$ 72,9 milhões vieram do serviço de antifraude para e-commerce (queda de 3,8% no comparativo anual mas aumento de mais de 20% em relação ao trimestre anterior), R$ 34,3 milhões do de Fraud Application, aumento de 30,8% no comparativo anual, e os demais vieram do E-commerce Internacional, que teve avanço de 54%.
A margem bruta fechou o período em 29%, queda de dois dígitos na comparação anual mas avanço de dois dígitos no ano. O Ebitda ainda fechou o trimestre negativo em R$ 14,3 milhões, ante comparação positiva no mesmo período do ano anterior.
Diante desse contexto, o executivo explica que os resultados do plano de equilíbrio devem começar a aparecer a partir dos próximos trimestres de forma mais clara, refletidos nos números. Isso porque as primeiras ações foram colocadas em prática em maio – um mês depois da criação das diretrizes, grosso modo. Também joga a favor da companhia o fato de que o segundo semestre tende a ser mais aquecido no varejo com as datas comemorativas (o que impulsiona a quantidade de transações a serem analisadas).
A ideia é que a linha de antifraude para serviços financeiros e vendas diretas continue sendo a principal avenida de crescimento da companhia ao longo dos próximos trimestres. “Não paramos de investir nessa linha em nenhum momento. Pontos como abertura de crédito on-line, abertura de conta corrente, financiamento de veículos… tudo isso a gente atende. Até serviços para telefonia, venda direta. É nosso foco para crescer e, quem sabe, no futuro exportar para a América Latina”, diz Lustosa.
Em relação a outros possíveis planos de crescimento, o executivo ressalta o foco da companhia em autenticação ‘invisível’ (aquela feita sem que o usuário precise responder a nenhuma pergunta ou entrar em contato com atendentes).
De olho nesse objetivo, a ClearSale, no segundo trimestre, se integrou com um dos principais fornecedores de biometria, por exemplo. Outras áreas em desenvolvimento pela companhia são a de Know Your Customer (que previne fraudes em transações com instituições financeiras) e score de crédito. O foco é ter cada vez mais componentes como esses aperfeiçoados, para atrair tanto clientes novos quanto vender para os que já estão lá. São ferramentas integradas à divisão de Fraud Application, de modo geral.
Em relação a esse último ponto, a companhia tem um fator favorável: o baixo churn. Em seis meses, ficou em 1,7%, redução de 0,4 ponto percentual – resultado dos investimentos da companhia tanto nas plataformas quanto no atendimento, segundo o balanço.
Também conta a favor o ARR de vendas novas (receita recorrente anual nova que permanecerá na companhia ao longo dos próximos doze meses), métrica criada para acompanhar o upsell aos clientes, foi de R$ 45 milhões no segundo trimestre, aumento de 40,9% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Desse montante, quase 70% veio a partir dos serviços de Fraud Application.