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Bradesco testa apetite por letra financeira com oferta pública

A iniciativa contribui para os esforços do governo de criar alternativas à captação externa para bancos

O Bradesco anunciou que pretende emitir letras financeiras a partir desse mês com vencimento em três, cinco e sete anos (Germano Lüders/EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 12 de agosto de 2011 às 11h27.

São Paulo - O Banco Bradesco SA tem planos de realizar a primeira oferta pública de letras financeiras, contribuindo para os esforços do governo de criar alternativas à captação externa para bancos.

Bancos brasileiros emitiram R$ 100 bilhões de letras financeiras em ofertas privadas desde que o Banco Central autorizou, em fevereiro de 2010, a emissão dos papéis de longo prazo para estimular a captação local após a crise financeira de 2008 ter enxugado o mercado externo, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais. As instituições financeiras captaram US$ 13,4 bilhões no mercado externo este ano, comparado a US$ 2 bilhões para seus concorrentes mexicanos e US$ 13 bilhões dos bancos russos, de acordo com dados da Bloomberg.

As captações locais aumentam em meio a receios que a economia global pode voltar à recessão e dificultar o levantamento de fundos no mercado internacional. A emissão do Bradesco, o terceiro maior banco do País em ativos, vai ajudar outras instituições a buscar captação de longo prazo no mercado local, disse Celina Vansetti, chefe de pesquisa de bancos da America Latina na Moody’s Investors Service.

“As pessoas vão ver esse tipo de transação como uma opção que pode abrir portas”, disse Vansetti em entrevista por telefone de Nova York. Os bancos brasileiros vão “ficar mais vulneráveis se não houver um instrumento que proporcione taxas razoáveis, ou custo razoável, e captação de longo prazo.”

Rendimento

Os bancos com melhor nota de crédito geralmente pagam entre 106 e 107 por cento da taxa de depósito interfinanceiro para letras com vencimento entre dois e três anos, disse Erica Hoegeler, analista de produtos do HSBC Bank Brasil SA, em São Paulo. Isso equivale a uma taxa de cerca de 13,2 por cento. Os bancos com maior risco chegam a pagar até 115 por cento do DI, ou cerca de 14,4 por cento, disse Hoegeler.

As Notas do Tesouro Nacional da série F com vencimento em 2013 têm rendimento de 12,05 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Os Certificados de Depósito Bancário ainda são a maior fonte de captação para os bancos brasileiros, sendo responsáveis por cerca de R$ 610 bilhões do total de R$ 2,2 trilhões levantados em 2010, segundo dados do BC.

Prêmio

As letras financeiras se tornaram atraentes para investidores já que os bancos pagam um prêmio para compensar o risco de um empréstimo por período mais longo, disse Ricardo Araujo, da Itaú Asset Management em São Paulo, que administrava R$ 379,4 milhões em ativos ao fim de junho.

“Naturalmente, preferimos o CDB por causa da liquidez, mas acho que o tomador do empréstimo e o investidor acabaram chegando a um acordo e as letras financeiras estão pagando um pouco mais que o CDB”, disse Araujo em entrevista por telefone.

Alguns investidores ainda preferem CDB, que podem ser resgatados a qualquer momento, ou títulos garantidos às letras financeiras, que tendem a ter rendimento menor, disse Allan Hadid, presidente da BRZ Investimentos SA.

“Quais são os incentivos?”, disse Hadid em entrevista em São Paulo. “Ainda não está claro para mim. Ou procuramos liquidez ou uma recompensa pelo risco”.

O Bradesco anunciou em 9 de agosto em um comunicado ao mercado que pretende emitir letras financeiras a partir desse mês com vencimento em três, cinco e sete anos. A instituição fará 13 emissões diferentes, com volumes variando de R$ 500 milhões até R$ 2,5 bilhões, de acordo com o comunicado. O banco não retornou ligações telefônicas da Bloomberg em busca de comentários.

Outras emissões públicas

Outros bancos menores também querem entrar nesse mercado. O Banco BMG SA, que oferece crédito consignado a pensionistas e trabalhadores, e o Banco Daycoval SA, que faz empréstimos a pequenas e médias empresas, entraram com pedido de emissão pública de letras financeiras junto à Comissão de Valores Mobiliários, disse Felipe Claret da Mota, superintendente de Registro de Valores Mobiliários da CVM.

“Com relação ao potencial de crescimento, a CVM tem boas perspectivas para esse mercado”, disse da Mota, em resposta a e-mail enviado com questionamentos.

Ricardo Gelbaum, diretor executivo de finanças do BMG, não quis comentar sobre a emissão porque o pedido está sob análise na CVM. Pelo mesmo motivo, um representante do Daycoval, que pediu para não ser identificado devido a políticas internas, não quis comentar.
Um porta-voz do BC, que pediu para não ser identificado devido a políticas internas da instituição, não quis comentar.

“É uma boa hora para esse tipo de papel”, disse Vansetti, da Moody’s. “Quando os bancos encontram investidores para crescerem, você tem um alongamento da curva de yield, o que seria muito bem-vindo.”

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São Paulo - O Banco Bradesco SA tem planos de realizar a primeira oferta pública de letras financeiras, contribuindo para os esforços do governo de criar alternativas à captação externa para bancos.

Bancos brasileiros emitiram R$ 100 bilhões de letras financeiras em ofertas privadas desde que o Banco Central autorizou, em fevereiro de 2010, a emissão dos papéis de longo prazo para estimular a captação local após a crise financeira de 2008 ter enxugado o mercado externo, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais. As instituições financeiras captaram US$ 13,4 bilhões no mercado externo este ano, comparado a US$ 2 bilhões para seus concorrentes mexicanos e US$ 13 bilhões dos bancos russos, de acordo com dados da Bloomberg.

As captações locais aumentam em meio a receios que a economia global pode voltar à recessão e dificultar o levantamento de fundos no mercado internacional. A emissão do Bradesco, o terceiro maior banco do País em ativos, vai ajudar outras instituições a buscar captação de longo prazo no mercado local, disse Celina Vansetti, chefe de pesquisa de bancos da America Latina na Moody’s Investors Service.

“As pessoas vão ver esse tipo de transação como uma opção que pode abrir portas”, disse Vansetti em entrevista por telefone de Nova York. Os bancos brasileiros vão “ficar mais vulneráveis se não houver um instrumento que proporcione taxas razoáveis, ou custo razoável, e captação de longo prazo.”

Rendimento

Os bancos com melhor nota de crédito geralmente pagam entre 106 e 107 por cento da taxa de depósito interfinanceiro para letras com vencimento entre dois e três anos, disse Erica Hoegeler, analista de produtos do HSBC Bank Brasil SA, em São Paulo. Isso equivale a uma taxa de cerca de 13,2 por cento. Os bancos com maior risco chegam a pagar até 115 por cento do DI, ou cerca de 14,4 por cento, disse Hoegeler.

As Notas do Tesouro Nacional da série F com vencimento em 2013 têm rendimento de 12,05 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Os Certificados de Depósito Bancário ainda são a maior fonte de captação para os bancos brasileiros, sendo responsáveis por cerca de R$ 610 bilhões do total de R$ 2,2 trilhões levantados em 2010, segundo dados do BC.

Prêmio

As letras financeiras se tornaram atraentes para investidores já que os bancos pagam um prêmio para compensar o risco de um empréstimo por período mais longo, disse Ricardo Araujo, da Itaú Asset Management em São Paulo, que administrava R$ 379,4 milhões em ativos ao fim de junho.

“Naturalmente, preferimos o CDB por causa da liquidez, mas acho que o tomador do empréstimo e o investidor acabaram chegando a um acordo e as letras financeiras estão pagando um pouco mais que o CDB”, disse Araujo em entrevista por telefone.

Alguns investidores ainda preferem CDB, que podem ser resgatados a qualquer momento, ou títulos garantidos às letras financeiras, que tendem a ter rendimento menor, disse Allan Hadid, presidente da BRZ Investimentos SA.

“Quais são os incentivos?”, disse Hadid em entrevista em São Paulo. “Ainda não está claro para mim. Ou procuramos liquidez ou uma recompensa pelo risco”.

O Bradesco anunciou em 9 de agosto em um comunicado ao mercado que pretende emitir letras financeiras a partir desse mês com vencimento em três, cinco e sete anos. A instituição fará 13 emissões diferentes, com volumes variando de R$ 500 milhões até R$ 2,5 bilhões, de acordo com o comunicado. O banco não retornou ligações telefônicas da Bloomberg em busca de comentários.

Outras emissões públicas

Outros bancos menores também querem entrar nesse mercado. O Banco BMG SA, que oferece crédito consignado a pensionistas e trabalhadores, e o Banco Daycoval SA, que faz empréstimos a pequenas e médias empresas, entraram com pedido de emissão pública de letras financeiras junto à Comissão de Valores Mobiliários, disse Felipe Claret da Mota, superintendente de Registro de Valores Mobiliários da CVM.

“Com relação ao potencial de crescimento, a CVM tem boas perspectivas para esse mercado”, disse da Mota, em resposta a e-mail enviado com questionamentos.

Ricardo Gelbaum, diretor executivo de finanças do BMG, não quis comentar sobre a emissão porque o pedido está sob análise na CVM. Pelo mesmo motivo, um representante do Daycoval, que pediu para não ser identificado devido a políticas internas, não quis comentar.
Um porta-voz do BC, que pediu para não ser identificado devido a políticas internas da instituição, não quis comentar.

“É uma boa hora para esse tipo de papel”, disse Vansetti, da Moody’s. “Quando os bancos encontram investidores para crescerem, você tem um alongamento da curva de yield, o que seria muito bem-vindo.”

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