Bovespa abre em alta de olho nos 72 mil pontos

Por Olívia Bulla

São Paulo - A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) deve encontrar hoje forças para se manter acima da marca dos 72 mil pontos, diante do maior entusiasmo dos mercados internacionais com a enxurrada de dólares anunciada ontem pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). Depois de uma reação inicial mais tímida aos estímulos econômicos a serem adotados nos EUA, os investidores se animam hoje com as apostas de maior liquidez nos negócios, principalmente nos países emergentes. O enfraquecimento do dólar também beneficia as commodities, aumentando as chances de ganhos locais. Às 11h07 (horário de Brasília), o índice Bovespa (Ibovespa) subia 0,95%, aos 72.584 pontos.

Ontem, o Fed anunciou a compra de títulos de longo prazo do Tesouro norte-americano durante os próximos oito meses, totalizando um pacote de estímulos de US$ 600 bilhões, ou ao redor de US$ 75 bilhões por mês. Para o economista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi, o pacote do banco central dos EUA não surpreendeu. "Mas mostra o empenho da autoridade monetária em equilibrar a inflação e o emprego no país", avaliou, acrescentando que mais dinheiro pode ser impresso, caso seja necessário. De acordo com o comunicado emitido no fim do encontro de ontem, a principal preocupação do Fed é a taxa de inflação corrente e as expectativas deprimidas de longo prazo, assim como o desemprego ainda elevado.

Conforme dados divulgados na manhã de hoje, o número de trabalhadores norte-americanos que entraram pela primeira vez com pedido de auxílio-desemprego cresceu acima do esperado na semana passada, em 20 mil, ante previsão de 11 mil novas solicitações. Da mesma forma, a produtividade da mão de obra no país subiu 1,9% no terceiro trimestre deste ano, ante uma projeção de alta de 1,5%. Os dados de emprego são uma prévia para o relatório oficial sobre o mercado de trabalho dos EUA (payroll), a ser anunciado amanhã.

Diante da ausência de novos eventos de peso previstos para esta quinta-feira, operadores afirmam que o viés para a Bolsa é de alta. As apostas são de que a maior movimentação ocorra entre as ações de primeira linha, em consequência do aumento de liquidez anunciado pelo Fed. "O Brasil está na vitrine para os negócios", comentou um operador.

No noticiário corporativo, destaque para a entrada da sul-coreana Posco, a terceira maior siderúrgica do mundo em produção, no acordo firmado entre a Vale e a também sul-coreana Dongkuk Steel para construir um usina siderúrgica no Brasil. As três companhias concordaram em construir até 2014 uma siderúrgica no Ceará, com capacidade inicial de produção anual de 3 milhões de toneladas de aço por ano. Numa segunda fase, a capacidade da usina será duplicada.