Bolsas despencam, mas fundos hedge reduzem apostas em caos com eleição
Gestores começam a montar posições para tomar proveito de uma vitória do democrata Joe Biden, à parte da queda das bolsas antes do pleito
Bloomberg
Publicado em 28 de outubro de 2020 às 17h04.
Última atualização em 28 de outubro de 2020 às 18h14.
Para gestores de fundos hedge, preparativos para o caos nas eleições presidenciais nos Estados Unidos dão lugar a estratégias para capitalizar uma vitória democrata.
A apenas seis dias da votação final, vários fundos de peso veem o ex-vice-presidente Joe Biden levando a Presidência e também a possibilidade da chamada onda azul—cor do Partido Democrata—, na qual republicanos também perderão o controle do Senado.
Gestoras de ativos como UBS O'Connor, Harvest Volatility Management e MKP Capital—com um total de mais de 12 bilhões de dólares em ativos—dizem que é provável que o presidente Donald Trump deixe o poder e adotaram uma série de estratégias para lucrar com o resultado, desde a compra de ações de valor a apostas em commodities.
“Estamos obcecados com isso nos últimos três meses”, disse o diretor de investimentos do UBS O'Connor, Kevin Russell. “Esta eleição, que foi um evento de risco tão grande e óbvio, está se transformando em um cenário muito mais benigno do ponto de vista do risco.”
No entanto, apesar de todo o consenso sobre a direção das eleições, os fundos são cautelosos em garantir que manterão os ganhos já obtidos em um 2020 difícil. Não estão depositando tudo em uma grande aposta, porque há chance de surpresa no final da campanha—como mostra a história eleitoral recente—ou um resultado contestado.
Como grupo, os fundos hedge têm histórico irregular em termos de previsão nos mercados nos últimos anos. Os retornos da indústria de 3,3 trilhões de dólares estão abaixo do índice S&P 500 em 2020 e ficaram aquém do índice acionário dos Estados Unidos em quatro dos seis anos anteriores, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Gestores de fundos hedge parecem seguir o clima em Wall Street. O VIX, Índice de Volatilidade da Cboe (bolsa de opções de Chicago)—conhecido como “indicador do medo” do mercado acionário—mostra desempenho relativamente moderado neste mês, em grande parte porque traders apostam em uma vitória de Biden.
Embora alguns analistas de Wall Street se concentrem nos possíveis benefícios da agenda dos democratas, como maior estímulo fiscal, outros se mostram preocupados que os aumentos de impostos possam afetar os lucros corporativos.
O investidor bilionário Stan Druckenmiller disse em conferência na terça-feira, 27, que uma ampla vitória dos democratas e o espectro de impostos mais altos e inflação pesarão sobre as ações nos próximos anos.