Bolsa e real mostram investidor à mercê da política
A queda e a consequente recuperação ilustram a natureza tênue dos ganhos de ativos brasileiros neste ano
Da Redação
Publicado em 11 de maio de 2016 às 09h17.
Durante cerca de meia hora, parecia que o rali dos mercados brasileiros, recorde mundial no ano, seria rapidamente desmantelado.
Poucos minutos antes do meio-dia, em um dia de negociações relativamente calmo em São Paulo, o real repentinamente teve a maior queda em quatro anos e foram eliminados US$ 16,5 bilhões em valor do Ibovespa . Nos 30 minutos seguintes, ambos os mercados haviam se recuperado praticamente por completo.
A queda e a consequente recuperação ilustram a natureza tênue dos ganhos de ativos brasileiros neste ano. O Ibovespa e o real apresentam alguns dos melhores desempenhos do mundo em meio a apostas de que a presidente Dilma Rousseff sofrerá impeachment e será substituída por um governo mais favorável ao mercado.
Essa tese foi colocada em dúvida ao meio-dia de segunda-feira, quando o presidente em exercício da Câmara inesperadamente convocou uma nova votação do impeachment na casa, tendo recuado dessa decisão mais tarde.
O anúncio inicial gerou pânico entre os investidores que já davam a saída de Dilma como certa. A relativa calma retornou quando ficou evidente entre os traders que se tratava apenas de um revés temporário. Os fatos se deram após meses de discórdia e incerteza durante a tramitação do processo de impeachment de Dilma na Justiça e posterior aprovação na Câmara. O índice de volatilidade implícita de três meses do real, um indicador das oscilações de preço, é o quarto maior do mundo e o Ibovespa tem a maior flutuação entre os maiores índices de ações.
“O processo de impeachment como um todo continuará sendo turbulento e incerto”, disse Enestor dos Santos, economista principal do Banco Bilbao Vizcaya Argentaria em Madri, antes de Maranhão reverter sua decisão. "É uma decepção. O mercado quer ter certeza de como será o processo".
O Ibovespa encerrou o dia em queda de 1,4 por cento, atingindo o valor de fechamento mais baixo desde 11 de abril, enquanto o real caiu 0,4 por cento. As ações brasileiras deram retorno de 31 por cento em dólares neste ano, o maior entre os principais mercados do mundo, enquanto o avanço de 13 por cento do real é o mais elevado entre as cerca de 150 moedas monitoradas pela Bloomberg em todo o mundo.
A votação desta semana no Senado continuará como planejado, disse o presidente do Senado, Renan Calheiros, na segunda-feira, depois de Maranhão dizer que havia anulado a votação do impeachment do mês passado na Câmara devido a irregularidades nos procedimentos. Posteriormente, Maranhão divulgou um comunicado revogando sua decisão de anular as sessões do impeachment na Câmara.
O caos mostra a disfunção das instituições brasileiras, "com cada um dos poderes em posição contrária ao outro e até mesmo grupos dentro do mesmo poder também em conflito", escreveu Rafael Elias, chefe de estratégia para mercados emergentes da Cantor Fitzgerald em Nova York, em nota a clientes.
Durante cerca de meia hora, parecia que o rali dos mercados brasileiros, recorde mundial no ano, seria rapidamente desmantelado.
Poucos minutos antes do meio-dia, em um dia de negociações relativamente calmo em São Paulo, o real repentinamente teve a maior queda em quatro anos e foram eliminados US$ 16,5 bilhões em valor do Ibovespa . Nos 30 minutos seguintes, ambos os mercados haviam se recuperado praticamente por completo.
A queda e a consequente recuperação ilustram a natureza tênue dos ganhos de ativos brasileiros neste ano. O Ibovespa e o real apresentam alguns dos melhores desempenhos do mundo em meio a apostas de que a presidente Dilma Rousseff sofrerá impeachment e será substituída por um governo mais favorável ao mercado.
Essa tese foi colocada em dúvida ao meio-dia de segunda-feira, quando o presidente em exercício da Câmara inesperadamente convocou uma nova votação do impeachment na casa, tendo recuado dessa decisão mais tarde.
O anúncio inicial gerou pânico entre os investidores que já davam a saída de Dilma como certa. A relativa calma retornou quando ficou evidente entre os traders que se tratava apenas de um revés temporário. Os fatos se deram após meses de discórdia e incerteza durante a tramitação do processo de impeachment de Dilma na Justiça e posterior aprovação na Câmara. O índice de volatilidade implícita de três meses do real, um indicador das oscilações de preço, é o quarto maior do mundo e o Ibovespa tem a maior flutuação entre os maiores índices de ações.
“O processo de impeachment como um todo continuará sendo turbulento e incerto”, disse Enestor dos Santos, economista principal do Banco Bilbao Vizcaya Argentaria em Madri, antes de Maranhão reverter sua decisão. "É uma decepção. O mercado quer ter certeza de como será o processo".
O Ibovespa encerrou o dia em queda de 1,4 por cento, atingindo o valor de fechamento mais baixo desde 11 de abril, enquanto o real caiu 0,4 por cento. As ações brasileiras deram retorno de 31 por cento em dólares neste ano, o maior entre os principais mercados do mundo, enquanto o avanço de 13 por cento do real é o mais elevado entre as cerca de 150 moedas monitoradas pela Bloomberg em todo o mundo.
A votação desta semana no Senado continuará como planejado, disse o presidente do Senado, Renan Calheiros, na segunda-feira, depois de Maranhão dizer que havia anulado a votação do impeachment do mês passado na Câmara devido a irregularidades nos procedimentos. Posteriormente, Maranhão divulgou um comunicado revogando sua decisão de anular as sessões do impeachment na Câmara.
O caos mostra a disfunção das instituições brasileiras, "com cada um dos poderes em posição contrária ao outro e até mesmo grupos dentro do mesmo poder também em conflito", escreveu Rafael Elias, chefe de estratégia para mercados emergentes da Cantor Fitzgerald em Nova York, em nota a clientes.