BM&FBovespa e bolsa do Chile: parceria tem efeito limitado nas ações
Movimento mostra estratégia acertada, mas que ainda agrega pouco ao balanço da bolsa brasileira
Da Redação
Publicado em 14 de dezembro de 2010 às 13h36.
São Paulo – O estreitamento entre o mercado de ações brasileiro e chileno, por meio de convênio entre a BM&FBovespa (BVMF3) e a Bolsa de Comércio de Santiago anunciado na segunda-feira (13), pode ter benefícios limitados para a bolsa nacional. A ressalva foi levantada pelo mercado em análises do acordo nesta terça-feira (14).
A oportunidade de expansão dos negócios da bolsa paulista é positiva, mas deve ter dimensão restrita pelos volumes modestos da Bolsa de Santiago, afirmam os analistas Regina Longo Sanchez, Thiago Bovolenta Batista e Alexandre Spada, do Itaú BBA. Segundo os dados da World Federation of Exchanges (WFE), o giro total das ações da bolsa chilena chegou a 38,1 bilhões de dólares em 2009, o equivalente a 6% do giro da Bovespa no mesmo ano (626,2 bilhões de dólares).
A falta de detalhes sobre cronograma e a pendência da aprovação da parceria pelos órgãos reguladores também atrapalha a mensuração dos benefícios, diz o Itaú. “Devido às incertezas relativas a implementação deste acordo, os possíveis impactos deste empreendimento sobre as demonstrações financeiras da BM&FBovespa ainda não estão claros”, afirmam.
Ainda segundo a corretora, é pouco provável que a parceria com a bolsa chilena represente uma grande prioridade ao longo dos próximos meses, uma vez que a BM&F Bovespa se encontra em meio ao desenvolvimento de novas plataformas de negociação com a Bolsa de Chicago.
Benefícios estratégicos
Para o banco de investimentos UBS, o acordo também é “ligeiramente positivo”. Mais do que impulsionar volumes ou agregar valor de mercado, a parceria representa um passo estratégico para as intenções da BM&FBovespa em se consolidar como líder do mercado latino-americano, diz o UBS. “Mesmo que tenha tamanho restrito, a bolsa chilena é um instrumento importante para consolidar a BM&FBovespa na região”, afirma o analista Alcir Freitas.
A avaliação dos benefícios pelo Itaú BBA é semelhante: o principal dividendo da parceria não é financeiro, e sim a utilização da bolsa chilena como ponte para as bolsas peruana e colombiana, que dividem entre si acordo de cooperação. “O acordo de hoje pode abrir caminho para futuras oportunidades de negócios envolvendo estes países”, afirmam os analistas.
O Itaú BBA reiterou a classificação de market-perform (desempenho em linha com a média do mercado) para a BVMF3, com um preço alvo para o fim de 2011 de 17,60 reais por ação. A avaliação do UBS para o papel é de “compra” e o preço-alvo calculado para os próximos doze meses é de 17 reais.