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BC atua e dólar fecha com a maior cotação desde janeiro

A moeda norte-americana fechou com avanço de 0,75%, cotada a R$ 1,8575

Notas de dólar (Getty Images)

Notas de dólar (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 17 de abril de 2012 às 19h09.

São Paulo - O dólar fechou em alta ante o real nesta terça-feira, acelerando ganhos perto do fechamento dos mercados e com a divisa norte-americana mantendo ganhos devido à atuação do Banco Central, que fez mais dois leilões de compra de dólares no mercado à vista.

A moeda norte-americana fechou com avanço de 0,75 por cento, cotada a 1,8575 real na venda, a maior cotação desde o dia 2 de janeiro deste ano, quando fechou a 1,8694. Durante a sessão, a divisa oscilou entre 1,8407 real e 1,8592 real.

Desde a quinta-feira passada o BC tem intensificado suas intervenções no mercado, fazendo dois leilões à vista por dia. Até então, o BC vinha fazendo leilões com menos frequência.

"Está ficando mais claro que está mudando a forma de atuação do BC. Há quem diz que não mudou e que o BC continua atuando quando há liquidez, mas para mim ele está forçando uma alta deliberada, comprando a moeda com a moeda já em alta", afirma o consultor financeiro da Previbank DTVM Jorge Lima.

Para o consultor, fica a dúvida, agora, sobre até quanto a autoridade monetária deseja levar o dólar e em que patamar deve continuar atuando. Anteriormente, o mercado chegou a acreditar que o BC atuava com o dólar em um patamar de 1,80 real.

Lima ressalta que essa atuação do BC tem feito com que o movimento da divisa norte-americana ante o real não siga caminhos semelhantes aos registrados no exterior, como nesta terça-feira. Ante uma cesta de divisas, por exemplo, o dólar seguia próximo da estabilidade.

"O dólar não está correspondendo ao movimento lá fora, não está seguindo a lógica das moedas, mas a lógica daqui. O mercado não está se arriscando muito a ficar vendido", disse.

O operador de câmbio da B&T Corretora de Câmbio Marcos Trabbold também acredita que o BC quer puxar a cotação da moeda, mas não descarta a hipótese de que ele pode estar vendo a entrada de algum fluxo de dólares no país e se antecipando a isso.

Tanto o operador quanto o consultor também citaram que a decisão da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre os juros, e que será divulgada nesta quarta-feira, também pode estar influenciando de alguma maneira o câmbio.

Para Trabbold, caso a Selic, atualmente em 9,75 por cento ao ano, seja reduzida para 9 por cento esta semana, como espera a maioria do mercado, a taxa básica de juros começa a ficar menos atrativa para investidores, reduzindo o fluxo de entrada de dólares e ajudando na alta do dólar ante o real.

Por outro lado, o consultor financeiro da Previbank acredita que com a Selic menor, a bolsa de valores brasileira é que passar a atrair mais investimentos externos.

Além disso, o Tesouro Nacional anunciou nesta terça emissão e recompra de bônus globais denominados em real, com vencimento em 2024, com objetivo de melhorar a liquidez desses papéis e alongar o perfil de vencimento dessa dívida.

A emissão de dívida soberana em real está no radar do governo desde o início do ano. O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, afirmou recentemente que uma emissão em real ajuda o governo a combater a valorização excessiva da moeda nacional em relação ao dólar.

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