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Aversão ao risco puxa alta de 1% do dólar ante o real

O dólar australiano e o neo-zelandês, considerados de perfil semelhante ao real, também ganhavam cerca de 1%

Notas de dólar (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 23 de julho de 2012 às 11h59.

São Paulo - Temores com a Espanha feriam com força o apetite por risco do investidor nas praças financeiras globais nesta segunda-feira, tornando o dólar mais atrativo e levando a moeda norte-americana a subir cerca de 1 por cento em relação ao real.

Às 11h36, a moeda norte-americana subia 1,05 por cento, para 2,0443 reais na venda. O dólar australiano e o neo-zelandês, considerados de perfil semelhante ao real, também ganhavam cerca de 1 por cento ante a divisa dos Estados Unidos.

A economia da Espanha caiu ainda mais em recessão no segundo trimestre do ano, e as crises de financiamento nas regiões autônomas do país preocupavam os investidores de que a Espanha não poderá evitar um resgate total.

Reportagens publicadas durante o fim de semana mostraram que a região de Múrcia pedirá assistência financeira ao governo central da Espanha, com outras seis regiões prontas para seguir os passos tomados por Valência na sexta-feira.

Diante disso, os yields dos títulos soberanos de 10 anos da Espanha ultrapassavam 7,5 por cento, nível que levou outros países da zona do euro a buscarem ajuda internacional.

"Claramente o mercado externo está influenciando nosso dólar. A percepção de risco piorou bem lá fora, com a Espanha voltando a ser o foco das atenções", afirmou o economista sênior do BES Investimento Flavio Serrano, destacando ainda a proibição de vendas a descoberto na Espanha como mais um fator para o pessimismo dos mercados.

O regulador do mercado acionário da Espanha proibiu por três meses vendas a descoberto sobre todos os ativos espanhóis, e afirmou que pode estender a proibição para além de 23 de outubro.

O economista destacou ainda que o movimento do dólar nesta sessão aumenta as expectativas de intervenção do Banco Central, mas acredita que uma atuação ainda é improvável, uma vez que o mercado de câmbio doméstico está em linha com os mercados internacionais.

"Há três coisas que pautam o BC na hora de intervir: volatilidade, discrepância com o cenário externo e nível. E hoje esses três fatores não parecem ser uma preocupação", afirmou Serrano.


"Mas fica uma expectativa, tanto que o mercado deu uma parada abaixo de 2,05 reais e está em compasso de espera", emendou o economista.

O operador de câmbio da Interbolsa do Brasil Ovidio Soares ponderou que as chances de intervenção da autoridade monetária aumentam se o dólar ultrapassar 2,05 reais. "Acho que (o dólar) tem que subir mais para o BC entrar, pois ele já atuou nesse nível, assim como com o dólar a 2,08 e 2,10 reais", disse.

A última vez que o BC atuou no mercado de câmbio foi em 29 de junho, completando uma sequência de três intervenções seguidas por meio de leilões de swap cambial tradicional --operação que equivale a uma venda de dólares no mercado futuro. Nessa época, o dólar ameaçou romper 2,10 reais. (Reportagem de Natália Cacioli; Edição de Camila Moreira)

São Paulo - Temores com a Espanha feriam com força o apetite por risco do investidor nas praças financeiras globais nesta segunda-feira, tornando o dólar mais atrativo e levando a moeda norte-americana a subir cerca de 1 por cento em relação ao real.

Às 11h36, a moeda norte-americana subia 1,05 por cento, para 2,0443 reais na venda. O dólar australiano e o neo-zelandês, considerados de perfil semelhante ao real, também ganhavam cerca de 1 por cento ante a divisa dos Estados Unidos.

A economia da Espanha caiu ainda mais em recessão no segundo trimestre do ano, e as crises de financiamento nas regiões autônomas do país preocupavam os investidores de que a Espanha não poderá evitar um resgate total.

Reportagens publicadas durante o fim de semana mostraram que a região de Múrcia pedirá assistência financeira ao governo central da Espanha, com outras seis regiões prontas para seguir os passos tomados por Valência na sexta-feira.

Diante disso, os yields dos títulos soberanos de 10 anos da Espanha ultrapassavam 7,5 por cento, nível que levou outros países da zona do euro a buscarem ajuda internacional.

"Claramente o mercado externo está influenciando nosso dólar. A percepção de risco piorou bem lá fora, com a Espanha voltando a ser o foco das atenções", afirmou o economista sênior do BES Investimento Flavio Serrano, destacando ainda a proibição de vendas a descoberto na Espanha como mais um fator para o pessimismo dos mercados.

O regulador do mercado acionário da Espanha proibiu por três meses vendas a descoberto sobre todos os ativos espanhóis, e afirmou que pode estender a proibição para além de 23 de outubro.

O economista destacou ainda que o movimento do dólar nesta sessão aumenta as expectativas de intervenção do Banco Central, mas acredita que uma atuação ainda é improvável, uma vez que o mercado de câmbio doméstico está em linha com os mercados internacionais.

"Há três coisas que pautam o BC na hora de intervir: volatilidade, discrepância com o cenário externo e nível. E hoje esses três fatores não parecem ser uma preocupação", afirmou Serrano.


"Mas fica uma expectativa, tanto que o mercado deu uma parada abaixo de 2,05 reais e está em compasso de espera", emendou o economista.

O operador de câmbio da Interbolsa do Brasil Ovidio Soares ponderou que as chances de intervenção da autoridade monetária aumentam se o dólar ultrapassar 2,05 reais. "Acho que (o dólar) tem que subir mais para o BC entrar, pois ele já atuou nesse nível, assim como com o dólar a 2,08 e 2,10 reais", disse.

A última vez que o BC atuou no mercado de câmbio foi em 29 de junho, completando uma sequência de três intervenções seguidas por meio de leilões de swap cambial tradicional --operação que equivale a uma venda de dólares no mercado futuro. Nessa época, o dólar ameaçou romper 2,10 reais. (Reportagem de Natália Cacioli; Edição de Camila Moreira)

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