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Aversão ao risco no exterior afeta abertura da Bovespa

Bolsa brasileira começou perdendo os 54 mil pontos, caindo quase 2%

Pregão da Bovespa (Divulgação/BM&FBovespa)

Pregão da Bovespa (Divulgação/BM&FBovespa)

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Da Redação

Publicado em 30 de maio de 2012 às 13h57.

São Paulo - As renovadas preocupações com a crise de dívida soberana na Europa, especialmente com a Espanha, devem levar a Bovespa a registrar mais um pregão de queda nesta quarta-feira. Nos mercados internacionais, o sinal é negativo, embora as perdas vistas desde o início dos pregões na Europa tenham diminuído, após a informação de que o fundo de resgate permanente da zona do euro pode ter permissão para recapitalizar diretamente os bancos debilitados da região. Internamente, os investidores aguardam a decisão, na noite de hoje, do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre o juro básico da economia (Selic), que pode ser reduzido ao mínimo histórico. Por volta das 10h15, o Ibovespa perdia os 54 mil pontos, em queda de 1,90%, aos 53.596,71 pontos.

No mesmo horário, na Europa, a Bolsa de Paris caía 1,84% e a Bolsa de Frankfurt cedia 1,35%, enquanto a Bolsa de Madri recuava 1,31%. Em Nova York, o futuro do S&P 500 caía 0,85% e o do Nasdaq, -0,83%.

As bolsas europeias desaceleraram as quedas após a Comissão Europeia informar, em relatório, que a recapitalização direta dos bancos pelo Mecanismo de Estabilidade Europeu (ESM, na sigla em inglês) pode ser considerada. Ainda de acordo com o braço executivo da União Europeia (UE), sete dos 17 países da zona do euro estão enfrentando desequilíbrios que exigem ação de política corretiva, mas os problemas não são "excessivos".

Mais cedo, porém, o ministro das Finanças espanhol, Luis de Guindos, afirmou que os bancos do país precisarão reservar € 84 bilhões para cobrir potenciais perdas com ativos imobiliários neste ano e que a quantia será levantada por meio de resultados, vendas de ativos ou de investidores. "O Bankia não é o início dos problemas. O que o governo está fazendo é acelerando o processo para corrigir o setor bancário", disse, realimentando os temores sobre o efeito contágio de uma eventual ruptura do sistema financeiro.

Além disso, o índice de sentimento econômico da zona do euro caiu para 90,6 em maio, de 92,9 em abril, abaixo das previsões. Por outro lado, em abril, os bancos aumentaram os empréstimos às empresas em € 10 bilhões, após uma queda de € 8 bilhões em março, segundo dado revisado.


Já nos EUA, a agenda econômica mais esvaziada traz como destaque apenas a divulgação das vendas pendentes de moradias em abril. O dado sai às 11h (de Brasília) e a previsão é de estabilidade.

Na avaliação do operador de renda variável da Renascença Corretora, Luiz Roberto Monteiro, as notícias sobre estímulos econômicos menos agressivos na China ainda reverberam nos mercados hoje, mas o foco está na Espanha. "Os investidores estão preocupados com o sistema financeiro espanhol e como ele será capitalizado, o que leva ao mau humor", disse. De acordo com ele, a queda do petróleo, com o WTI negociado abaixo de US$ 90 por barril, afeta as ações do setor, o que também deve pressionar a Bovespa para baixo nesta quarta-feira.

Ainda para Monteiro, além dos fatores macroeconômicos, a Bolsa é penalizada pela ausência dos investidores estrangeiros. "Eles começaram a deixar de gostar do Brasil depois da interferência maior do governo sobre a economia", afirma. Um operador da mesa de renda variável de uma corretora paulista acrescenta que "só com a pessoa física a Bovespa não anda".

A saída dos "gringos" é confirmada pelos dados atualizados pela BM&FBovespa. O saldo de capital externo na Bolsa está negativo em R$ 2,784 bilhões em maio até o dia 25. Desconsiderando, porém, o montante levantado na Oferta Pública de Aquisição (OPA) de ações da Confab, em abril, que movimentou R$ 1,275 bilhão em recursos estrangeiros, na prática, as entradas de capital externo totalizam "apenas" R$ 1,2 bilhão no ano até a mesma data - ou apenas 15% do maior valor registrado no ano, de R$ 8,40 bilhões acumulados em 2012 até a primeira semana de fevereiro.

E, ainda hoje, o Copom anuncia sua decisão de política monetária. A expectativa da maioria dos analistas é de redução do ritmo de corte da Selic, hoje em 9,00% ao ano, para 0,50 ponto porcentual, levando o juro básico ao mínimo histórico de 8,50% ao ano, o que, em tese, deveria atrair mais investidores para a renda variável. A conferir.

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