Alta dos juros nos EUA: quais são as 10 empresas brasileiras mais endividadas em dólares
Juros mais altos significam dívidas em dólares mais caras, além de valorização da moeda americana
Carlo Cauti
Publicado em 29 de julho de 2022 às 18h26.
Última atualização em 29 de julho de 2022 às 18h57.
Após dez anos em níveis próximos do zero ou negativos, as taxas de juro nos principais países do mundo voltaram a subir. E o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, saiu na liderança das políticas monetárias restritivas globais.
Na última quarta-feira o Fed elevou a taxa de juro americana em 0,75 ponto percentual (p.p.) para o intervalo de 2,25% e 2,50%.
A alta é a quarta desde março e a segunda consecutiva em 0,75 p.p.
O ajuste tem como principal objetivo controlar a crescente inflação dos Estados Unidos, que chegou a 9,1% em junho, o maior patamar desde o início da década de 1980.
Juros altos para contrastar inflação
A tendência de alta nos juros é destinada a perdurar, pelo menos até que a inflação volte a ser controlada internacionalmente.
Mas juros mais caros significam também um aumento dos custos da dívida pública, um impacto nos orçamento das famílias, e consequências sobre o endividamento das empresas, em particular aquelas que têm dívidas muito elevadas ou em dólares.
No Brasil, o problema é ainda maior, pois as empresas brasileiras que estão endividadas em dólares terão de enfrentar um aumento dos juros e um dólar mais forte, o que acaba encarecendo ainda mais as dívidas.
E essa situação ocorre em um momento de erosão das margens, por causa do ambiente de recessão que está se delineando em nível global e pela inflação elevada, principalmente de energia e matérias-primas.
Confira as dez empresas brasileiras com maior endividamento em dólares:
- Petrobras (PETR3) - US$ 58.554.181
- JBS (JBSS3) - US$ 17.681.254
- Suzano (SUZB3) - US$ 14.514.316
- Vale (VALE3) - US$ 14.015.577
- Cosan (CSAN3) - US$ 9.149.675
- Eletrobras (ELET3) - US$ 8.969.607
- Neoenergia (NEOE3) US$ 8.305.543
- Marfrig (MRFG3) - US$ 6.939.794
- Simpar (SIMH3) - US$ 6.916.564
- Raízen (RAIZ4) - US$ 6.901.849
(Fonte: Economatica)
Analistas estão prevendo planos de redução das dívidas
Muitos analistas estão prevendo que, em nível global, grandes grupos econômicos iniciarão planos de corte de dívida.
Algumas empresas poderiam vender ativos considerados não estratégicos para amortizar o pagamento das dívidas.
Além disso, em geral, o maior problema das empresas com elevado endividamento é evitar, nessa fase de alta de juros, o rebaixamento do rating pelas agências de avaliação de risco.
Isso já está acontecendo em nível internacional. A Moody's e a S&P rebaixaram a dívida do EDF, e por isso o governo francês decidiu nacionalizar a empresa para prosseguir com a reestruturação do grupo fora da Bolsa de Valores de Paris.
Em nível internacional, as empresas mais endividadas atuam principalmente aos setores de telecomunicações e automotivo.
Geograficamente falando, as maiores dívidas concentram-se nos grandes grupos industriais dos EUA e da Alemanha, ainda que a empresa mais endividada do mundo seja, com US$ 186 bilhões, a japonesa Toyota, seguida pela alemã Volkswagen, com US$ 185 bilhões, e em terceiro lugar pelo operador de telefonia dos EUA, AT&T, que tem uma dívida de US$ 182 bilhões.