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Ações do setor siderúrgico continuam sob pressão, alerta HSBC

Analista diz que aumento de participação da CSN na Usiminas é “mau uso do caixa”

O preço-alvo em 12 meses das ações preferenciais classe A da Usiminas foi elevado de 12 para 13 reais, um potencial de valorização de 9,5%

O preço-alvo em 12 meses das ações preferenciais classe A da Usiminas foi elevado de 12 para 13 reais, um potencial de valorização de 9,5%

DR

Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2011 às 15h38.

São Paulo – Mesmo com a redução nas importações de aço e a normalização dos estoques, o setor siderúrgico brasileiro ainda preocupa o HSBC. O analista Jonathan Brandt destaca em seu relatório de hoje que os níveis de estoques de aço no Brasil melhoraram e continuam abaixo da média histórica de longo prazo pelo segundo mês consecutivo. “Em paralelo, os volumes de importação, começaram a cair de forma agressiva, puxados pelo enfraquecimento do real”, lembra o analista.

Ele cita também que as importações de aços planos diminuíram, representando apenas 13% do consumo aparente do produto, cerca de um terço do nível de outubro de 2011. O consumo doméstico de aço está caindo, mostrando em outubro, pelo oitavo mês consecutivo, uma queda na comparação com o mesmo período do ano anterior, ao passo que os preços domésticos do aço continuam a um pequeno prêmio para o material importado. Já as taxas de utilização no mundo caíram a um nível abaixo de 77%.

“As ações do setor de siderurgia do Brasil continuam sob pressão e mantemos nossa perspectiva de cautela a respeito do setor, apesar da melhoria nos dados relativos ao mercado doméstico, incluindo queda nas importações e estoques de aço”, explica Brandt.

Tendo em vista o atual contexto, o analista fez algumas alterações nas análises das siderúrgicas listadas em bolsa, porém, manteve a recomendação “neutra” para todos os papéis. Confira:

Usiminas

A Usiminas (USIM3; USIM5) continua a enfrentar dificuldades com seus altos custos e baixa lucratividade, segundo Jonathan Brandt.

“O aumento nas exportações de minério de ferro ainda está pelo menos a um ano de distância, uma vez que o porto da MMX (MMXM3) foi adiado até 2013”.

Além disso, Brandt considera que o anúncio da Ternium em 17 de novembro, de uma possível compra das participações de Camargo Correa e Votorantim na Usiminas tem pouco a contribuir para ajudar os acionistas da Usiminas.

O preço-alvo em 12 meses das ações preferenciais classe A da Usiminas foi elevado de 12 para 13 reais, um potencial de valorização de 9,5%. No ano, os papéis registram queda de 41,5%.


CSN

O relatório destaca o fato de que a CSN (CSNA3) ainda está comprando ações da Usiminas no mercado, em conformidade com as normas regulatórias.

A Companhia Siderúrgica Nacional revelou na semana passada que aumentou sua participação no capital da Usiminas, passando a deter 20,14% das ações preferenciais e 11,66% das ações ordinárias da companhia.

“Continuamos a acreditar que isso representa um mau uso de caixa, podendo, em última instância, deixar a empresa com sua participação e sem estratégia de saída”, diz o relatório.

Brandt destaca ainda que a CSN continua a aumentar sua dívida e investe pouco em seus ativos de minério de ferro.

As ações ordinárias da CSN tiveram seu preço-alvo em 12 meses elevado de 17 para 17,50 reais, o que corresponde a um potencial de valorização de 16%. Os papéis amargam uma desvalorização de 42,5% neste ano.

Gerdau e Metalúrgica Gerdau

A Gerdau (GGBR4) registrou os melhores resultados dentre as siderúrgicas brasileiras no terceiro trimestre, na avaliação do HSBC.

A empresa anunciou um lucro líquido de R$ 713 milhões no período, o que representa uma alta de 17% sobre os R$ 609 milhões registrados no mesmo período de 2010. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações) ficou em R$ 1,215 bilhão, queda de 4% sobre o de R$ 1,265 bilhão do terceiro trimestre de 2010.

“O bom resultado é fruto das fortes operações no Brasil. Entretanto, acreditamos que o curto prazo continuará desafiador para ela, particularmente em suas operações nos EUA”, projeta Brandt.

De acordo com o analista, a Gerdau continuará a enfrentar dificuldades em suas operações nos EUA, e o mercado pode estar colocando excessiva ênfase em seus ativos de minério de ferro, já que a liberação de valor ainda levará muitos anos para acontecer.

O preço-alvo em 12 meses às ações preferenciais da Gerdau subiu de 14,50 para 15 reais, um potencial de valorização de 7,9%. Em 2011, os papéis caem 39%.

Com queda de 34% no ano, os papéis preferenciais da Metalúrgica Gerdau (GOAU4) sofreram uma redução em seu preço-alvo, de 23 para 19 reais, o que representa um potencial de apreciação de 6,8%.

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