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Atualmente, cerca de 90% dos ativos globais são gerenciados por investidores comprometidos com o Princípios para o Investimento Responsável (PRI) (Adam Gault/Getty Images)
Rodrigo Caetano
Publicado em 15 de janeiro de 2021 às 06h00.
Analisar uma empresa com base em critérios socioambientais e de governança, como defendido no modelo ESG, não é uma tarefa fácil. O mercado ainda não definiu um padrão de relatórios, por exemplo, e muitas empresas têm dificuldade em compreender quais informações passar aos investidores. Mesmo assim, a demanda por esses dados é enorme.
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Atualmente, cerca de 90% dos ativos globais são gerenciados por investidores comprometidos com o Princípios para o Investimento Responsável (PRI), rede apoiada pela ONU que promove princípios sustentáveis no mercado financeiro. O último relatório da Global Sustainable Investment Alliance, referente a 2018, aponta que 30% dos investimentos globais já são ESG. Hoje, o porcentual deve ser bem maior.
As grandes gestoras, como BlackRock e Vanguard, se apoiam em metodologias próprias de análise ESG. A BlackRock, que é a maior do mundo com quase 8 trilhões de dólares em carteira, desenvolveu um sistema proprietário de análise de riscos e construção de portfólios chamado Aladdin. No ano passado, a gestora fez uma atualização no sistema para incluir métricas de ESG, transversalmente, em todas as suas análises.
“Lá fora, a principal abordagem é o negative screening”, afirma Maria Paula Cantusio, líder de pesquisa para a área ESG do banco Santander. “No Brasil, convencionou-se usar o método do best in class.” No primeiro caso, o investidor exclui empresas por não atenderem determinados critérios – como, por exemplo, ser de um setor intensivo em carbono ou não divulgar determinadas informações. No segundo, a opção é por privilegiar aquelas que apresentam padrões mais elevados de conformidade. Segundo Cantusio, não há um método correto de avaliação. A diferença se deve às características de cada mercado.
Nesta semana, o Santander lançou sua primeira carteira ESG, com 15 empresas. Cantusio explica que a falta de dados sobre empresas brasileiras dificulta esse tipo de análise. A equipe ESG do banco optou por se basear mais em uma avaliação qualitativa do que quantitativa. “O trabalho maior foi o de se reunir com as empresas e conversar”, diz a analista. “Não dava para usar apenas scores ESG, que é uma análise massificada, pela falta de empresas brasileiras nos principais provedores, como MSCI e Sustainalytics.”
Um caso emblemático dessa dinâmica é a Magazine Luiza. Ela não é compreendida pela maioria dos scores internacionais. Porém, é uma das empresas mais alinhadas ao ESG no Brasil, com foco especial no S de social. Ela está na carteira do Santander (veja abaixo).
Caminho a percorrer
Em comparação às empresas europeias, que são o estado da arte em matéria de ESG atualmente, as brasileiras têm um caminho longo a percorrer. Faltam compromissos de longo prazo, metas palpáveis e, em especial, levantamentos abrangentes sobre diversidade – segundo Cantusio, poucas companhias realizam sensos internos, por exemplo, o que permite conhecer o quadro de funcionários em termos de orientação sexual, raça e etnia.
A boa notícia é que há um grande engajamento das lideranças das companhias para avançar com a agenda ESG. E existem algumas “europeias” por aqui, caso da Natura. “Ela é uma empresa global, então não surpreende que tenha um padrão elevado, assim como a Suzano. Cabe um destaque para a Renner, que não é tão internacional e está num bom nível”, afirma Cantusio.
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