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Open Universe: ser aberto é estar no metaverso

De acordo com o Gartner, metaverso deverá permitir a transformação dos modelos de negócios, habilitando a reinvenção do engajamento com colaboradores e clientes

 (Red Hat/Divulgação)

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Publicado em 16 de novembro de 2022 às 09h00.

Última atualização em 16 de novembro de 2022 às 10h41.

A simulação em um ambiente virtual daquilo que acontece na vida real, apesar dos grandes obstáculos técnicos, avançou enormemente nas últimas décadas após um fracasso inicial da plataforma Second Life na década de 2000. A evolução que estamos testemunhando agora vem impulsionada por novas tecnologias como a computação em nuvem, processadores super-rápidos e um conjunto de softwares muito avançados que inclui algoritmos de inteligência artificial. Além disso, está relacionada a um fator inusitado: já há alguns anos, o metaverso é uma realidade nos jogos online. Agora está prestes a dar um salto de grande proporção para não só envolver diferentes gerações, como segmentos da indústria, abrindo, literalmente, um novo universo paralelo de oportunidades.

E nem precisamos ir muito longe para começar a sentir essa tecnologia em nosso dia a dia. Até mesmo as novelas, tradicionalmente um dos programas favoritos de muitos brasileiros, estão apostando no poder do metaverso, retratando com naturalidade as compras e passeios em shoppings virtuais, e as interações sem fronteiras. Nessa verdadeira profusão do metaverso, acontecem desde shows ao vivo exclusivos para milhões de pessoas, com efeitos visuais deslumbrantes, até a compra de calçados, automóveis, terrenos ou obras de arte virtuais. E isso é só o começo.

Tendência para 2023

O metaverso é uma tendência para 2023 e deverá permitir a transformação dos modelos de negócios, de acordo com o Gartner, habilitando a reinvenção do engajamento com colaboradores e clientes, além de acelerar as estratégias para alcançar novos mercados virtuais, ao lado dos superapps e das inteligências artificiais adaptativas.

Com seu potencial de gerar até US$ 5 trilhões até 2030, segundo dados da McKinsey, o metaverso é grande demais para as empresas ignorarem. Os universos virtuais permitem uma ampla gama de cenários e podem dar vida a uma rica e vibrante variedade de experiências. Estudantes podem explorar o passado interagindo com figuras históricas e edifícios que foram construídos séculos atrás. Colegas de trabalho podem se reunir para bater papo em um café, independentemente de onde estejam trabalhando no mundo. Músicos e artistas podem interagir com fãs de todo o planeta em pequenos ou grandes espaços digitais. Os encontros e as conferências têm a oportunidade de alcançar novos públicos e explorar espaços interativos.

Estudo do Instituto Ipsos que ouviu mais de 20 mil pessoas em todo o mundo, incluindo o Brasil, mostrou que mais de 70% dos brasileiros concordam que, nos próximos dez anos, o metaverso deve impactar áreas como aprendizagem virtual, entretenimento, trabalho e até em recursos de saúde.

Não à toa, a KPMG acredita que, em menos de dez anos, poderemos passar mais tempo no metaverso do que no mundo real. A consultoria prevê que no futuro próximo estaremos por lá com frequência, nos candidatando a vagas de emprego, encontrando amigos, fazendo compras, e até se casando, por meio dos recursos virtuais do ecossistema.

Com essa tendência no horizonte, o mercado deve se preparar para grandes mudanças tecnológicas na próxima década: de acordo com a pesquisa “Technology Vision” da Accenture, a próxima grande transformação digital dos negócios está atrelada ao metaverso contínuo, espectro que reúne mundos, realidades e modelos de negócios digitalmente aprimorados. Depois de ouvir milhares de consumidores e executivos C-level em 35 países, a consultoria mostrou que é clara a expectativa (e a necessidade) de um avanço significativo no desenvolvimento de universos multifacetados. Segundo a sondagem, eles serão povoados por pessoas e também por inteligência artificial, além das indústrias que vão surgir graças a novos tipos de computadores, machine learning, entre outras tecnologias, como o 5G.

O metaverso é open 

O open source é crucial para o desenvolvimento de tecnologias de simulação guiadas pelo uso econômico de recursos de infraestrutura. A partir da colaboração de uma comunidade, arquiteturas de microsserviços orientadas por metodologias de design e uma abordagem DevOps habilitam a criação de diferentes modelos de construção e implantação de ecossistemas de aplicações integradas. Por meio da tecnologia Serverless, por exemplo, é possível criar, implantar e executar aplicativos orientados a eventos, escalando rapidamente uma enorme oferta de recursos sob demanda.

Outro diferencial é o padrão aberto proporcionado pelo open source, modelo crucial para acesso de alto desempenho a plataformas e dispositivos de Realidade Aumentada (AR) e Realidade Virtual (VR) – coletivamente conhecidos como Realidade Estendida (XR). Esses elementos são fundamentais para a criação de simulações de alta qualidade e processos confiáveis. Graças ao padrão open viabilizado pelo código aberto, e o constante aprimoramento das novas tecnologias por meio da comunidade open source, será possível realizar a complexa integração de uma ampla gama de extensões e atributos com técnicas avançadas de interface de usuários via API e fornecedores variados.

Não é por acaso que a maior parte dos líderes de TI (82%) está optando por trabalhar com fornecedores corporativos de código aberto, como atesta o relatório Red Hat State of Enterprise Open Source, baseado em 1.296 entrevistas com líderes mundiais de TI corporativa. O levantamento também mostra que a migração das tecnologias proprietárias para open source deverá ser acelerada nos próximos dois anos.

A exemplo dos serviços de mensageria, que apesar do ambiente predominantemente bidimensional que oferecem conquistaram o mundo empresarial e o cotidiano das pessoas, a expectativa quanto à adesão ao metaverso, com todas as suas dimensões e potenciais, é muito forte. Sua chegada marca literalmente o nascimento de outros universos que, embora digitais, serão não só realistas mas também reais o suficiente para que muitas pessoas vivam grandes momentos de sua vida neles. E novos universos implicam novas regras e linguagens que serão, por sua vez, a chave de acesso a futuras novidades únicas, desde informações até produtos e serviços exclusivos.

Na próxima década, o metaverso irá transformar nossas rotinas para sempre, permitindo que consigamos fazer mais coisas ao mesmo tempo, por exemplo, participar de uma reunião de trabalho enquanto dirigimos um veículo semiautônomo, acompanhando tudo por meio de grandes óculos VR. Ou, ainda, que ofertas bastante personalizadas sejam automaticamente projetadas no seu para-brisa, convidando-o para um delicioso café que, embora não estivesse na agenda, está sendo passado naquele momento especialmente para você.

Diante dessas perspectivas, postergar a reflexão sobre a nossa participação nesse novo mundo, somente, para quando percebermos o acesso limitado que temos a certas informações, produtos ou serviços pode ser perigoso. Estar aberto a esse novo universo deve ser a meta de quem quer continuar inovando na vanguarda da tecnologia da próxima década.

*Gilson Magalhães é presidente da Red Hat Brasil

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