Bitcoin: analistas explicam queda e falam se é hora de comprar ou vender
O bitcoin vive uma semana volátil com a superquarta e o anúncio do aumento da taxa de juros nos Estados Unidos. Especialistas do BTG Pactual apontam possíveis razões e perspectivas
Mariana Maria Silva
Publicado em 6 de maio de 2022 às 18h36.
O mercado de criptomoedas mostrou todo o potencial de sua volatilidade nesta semana, com altos e baixos que pegaram alguns investidores de surpresa. A principal motivação para o ocorrido é o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos, medida realizada pelo Fed para tentar conter a inflação recorde no país.
Quando o banco central americano aumenta as taxas de juros, isso também aumenta o custo para as instituições financeiras pegarem empréstimos, causando um efeito dominó que vai até as taxas de cartão de crédito dos consumidores comuns. A intenção de medidas como esta é desacelerar ou reverter a inflação, tornando o dinheiro mais caro.
O meio ponto percentual foi o suficiente para chacoalhar os mercados financeiros de todo o mundo. Embora por um momento tenha parecido que as criptomoedas se beneficiariam da notícia, com um movimento de alta que não era visto há um tempo nas principais criptomoedas nesta última quarta-feira, 4, a alegria dos investidores do setor durou pouco.
Já na quinta-feira, 5, a grande maioria das criptomoedas despencou. De modo geral, apenas as stablecoins - criptomoedas estáveis cujo valor acompanha ativos reais como o dólar – se mantiveram firmes à reação um pouco atrasada do setor após a superquarta.
Durante a tarde desta sexta-feira, 6, as criptos seguem no vermelho, com o bitcoin cotado a US$ 36.092 no momento. De acordo com o analista Lucas Costa, do BTG Pactual, o movimento da maior criptomoeda do mundo estaria acompanhando os mercados globais. Confira a análise completa:
“O bitcoin segue acompanhando o mal humor dos mercados globais após decisão de aumento da taxa de juros do banco central americano. O dia foi marcado também pelos dados do relatório de emprego não agrícola (payroll), que veio acima das expectativas e mostrou a criação de 428 mil vagas. O cenário macro de aumento das taxas de juros e mercado de trabalho muito aquecido é considerado ruim para os mercados de maior risco, com a pressão vendedora não sendo uma ação de preço exclusiva do bitcoin.
O gráfico diário tem um suporte em US$34.610, que pode ser testado durante o final de semana. A região de preço é importante, dado que compradores atuaram anteriormente e podem estar dispostos a defender as suas posições. A resistência de curto prazo é US$37.500, base do pivô de queda que acelerou o movimento de baixa.
O gráfico de 60 minutos mostra um movimento de prazo ainda mais curto, com uma sequência de barras vendedoras após a perda do suporte em US$37.500. O dia de hoje tem um enfraquecimento da pressão de venda, média móvel menos inclinada, mas que ainda não é suficiente para reverter a tendência.
O cenário técnico de médio e longo prazo ainda se encontra indefinido para a principal cripto. O movimento de curto prazo deve ser observado nesse final de semana, para avaliação de como o bitcoin se comporta sem as movimentações do mercado tradicional.”
Além de Lucas, outros especialistas do BTG Pactual apontam a correlação das criptomoedas ao mercado tradicional de ativos de risco como a causa para as quedas dos últimos dias. “Como passamos a ter mais adoção institucional e de investidores tradicionais nos últimos dois anos, é normal que [o bitcoin] tenha uma correlação e passe a se movimentar mais em consonância com outros ativos de risco”, explicou o head de Digital Assets do BTG Pactual, André Portilho.
A fuga dos ativos de risco reflete o medo de uma possível recessão, apontada como um risco iminente pelo presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey. De acordo com falas do presidente do banco, a tendência atual marca uma “aceleração econômica acentuada” que deixa a economia em risco de uma recessão real.
Os principais índices do mercado tradicional também apresentam quedas nesta sexta-feira, 6. O Dow Jones Industrial Average fecha a semana com perdas de 0,30%, enquanto o S&P500 com -0,57% e o Nasdaq 100, focado em ações de empresas de tecnologia, com -1,22%.
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