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Fleury foca em eficiência e aguarda aval de aquisição para manter ritmo de crescimento em 23

Companhia espera a aprovação do Cade a respeito da compra de Hermes Pardini e, no cenário de juros altos, vê novas aquisições com cautela

Fleury: companhia continua de olho em aquisições em 2023
Fleury: companhia continua de olho em aquisições em 2023
Karina Souza

16 de março de 2023 às 18:51

O Fleury teve em 2022 um ano bastante movimentado: seis aquisições anunciadas, sendo a maior delas, a de Hermes Pardini, ainda sujeita à aprovação do Cade -- um processo que deve acontecer ao longo de 2023. Além da expansão inorgânica, a empresa investiu no aumento das próprias operações, com a inauguração de 18 unidades e de um novo Núcleo Técnico Operacional, que vai triplicar a capacidade de processamento da companhia e prepará-la para os próximos vinte anos. Na ponta final do balanço, a companhia, assim como praticamente qualquer outra na B3, teve o lucro líquido machucado pelo aumento da despesa financeira, que dobrou de tamanho de um ano para o outro. O Fleury fechou 2022 com um lucro líquido de R$ 307 milhões, 12% menor do que o de 2021.

Do lado operacional, como resultado da estratégia 'pé no acelerador', a companhia conquistou crescimento de dois dígitos em receita (o quarto trimestre marca o terceiro seguido de recordes na primeira linha do balanço), acompanhado por outro -- também na casa dos dois dígitos -- em Ebitda. O aumento de rentabilidade, apesar de bastante próximo ao ganho de receita, ainda não refletiu a totalidade dos ganhos em faturamento. Esse fator, somado à incorporação do laboratório adquirido no ano passado e à nova 'casa', sem esquecer das taxas de juros mais altas, abre espaço para um Fleury mais dedicado a olhar para dentro do que para fora ao longo de 2023.

É esse o tom da entrevista do EXAME IN com Jeane Tsutsui, CEO do Fleury, e com José Antonio Filippo, CFO do Fleury. A conversa aconteceu poucos minutos depois de um 'envio acidental' de alguns dos dados do balanço da companhia aos investidores, posteriormente reportados também à CVM. Durante a conversa, a executiva relembrou a estratégia da companhia de construir um ecossistema de saúde e detalhou os principais ganhos envolvidos nesse objetivo ao longo do último ano. Começando pelo início, a receita do Fleury aumentou 15% de 2021 para 2022, fechando o ano em R$ 4,4 bilhões. O crescimento orgânico, na comparação anual, foi de 8%. 

Receita por divisão

As frentes de Medicina Diagnóstica, Novos Elos e Plataforma de Saúde contribuíram para o crescimento anual. O maior aumento percentual fica com Novos Elos, somando R$ 412,7 milhões, ou 8,6% da receita do grupo, em uma evolução de mais de 80% na comparação com 2021. No ano, foram inauguradas oito novas unidades, e a expansão de serviços gerou um aumento de 20,2% na receita por metro quadrado comparando 2022 com 2019. Também é destaque do período a evolução em Atendimento Móvel -- que se fortaleceu com Novos Elos -- crescendo 33,1% ao longo do ano e já soma 8,5% da receita total do grupo. 

Medicina Diagnóstica, a que responde pela maior parte do faturamento, ficou 15% maior ao longo de 2022, com uma receita de R$ 3,7 bilhões. O crescimento reflete principalmente os aumentos acumulados do primeiro trimestre ao terceiro, uma vez que, no último do ano, houve um crescimento reduzido em razão de Copa do Mundo e de sazonalidade de viagens de férias. “No primeiro trimestre deste ano, já observamos aumento da quantidade de serviços”, afirma Tsutsui. A marca Fleury, no ano, apresentou crescimento anual de 11,4%.

A única vertical a encolher na comparação anual foi a de B2B de hospitais e laboratórios de referência cerca de 11%, totalizando R$ 619 milhões. Isso se deve a dois efeitos: o primeiro é uma menor receita de exames relacionados à Covid (uma vez que o percentual desse tipo de exame é maior em hospitais e unidades de atendimento e, em 2022, sofreu desaceleração). O segundo efeito foi uma descontinuidade de contrato com um grande hospital — um efeito natural para a operação do negócio, segundo Tsutsui. 

A CEO ressalta que, para 2023, a grande expectativa do grupo está com a aprovação do Cade para a compra da rede Hermes Pardini . Nas estimativas que constam no resultado, as empresas combinadas terão uma receita de R$ 6,9 bilhões e Ebitda de R$ 1,7 bilhão. Está mantido o guidance de Ebitda anual incremental de R$ 160 milhões a R$ 190 milhões após a integração. 

Rentabilidade em foco

Olhando pelo retrovisor, o Ebitda recorrente do Fleury atingiu o recorde de R$ 1,2 bilhão em 2022, crescimento de 9,1% em relação ao Ebitda recorrente do ano anterior, com uma margem de 26,7% (0,6 ponto percentual menor do que a registrada em 2021). Desconsiderando as despesas com a aquisição do laboratório, a margem Ebitda deste ano seria de 27%.

Um ponto que permitiu à companhia manter a rentabilidade ao longo do tempo foi o investimento em inovação. Ao longo do ano, 26 startups que estão presentes nas operações da empresa permitiram uma redução de custos em mais de R$ 34 milhões ao longo do ano.

A companhia fechou o ano com R$ 1,4 bilhão em caixa, 66% maior do que o do ano anterior , resultado do caixa operacional e de uma capitalização de R$ 847,3 milhões finalizada em dezembro. Com isso, a companhia reduziu a alavancagem de 1,7 vez em 2021 para 1,2 vez em 2022, com um prazo médio de 3,7 anos para pagamento das debêntures, financiamentos e aquisições. 

Diante desse resultado — e dos juros ainda altos — o Fleury continua olhando para oportunidades de compra, mas com parcimônia. “Vamos levar em consideração a preservação de liquidez, custo de capital, todos os parâmetros de disciplina financeira da nossa gestão. Oportunidades podem surgir, é claro”, afirma o CFO. 

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Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Formada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.