Ricos emitem 11 vezes mais carbono do que pobres, diz pesquisa inglesa
Os 10% mais abastados concentram quase um terço das emissões no Reino Unido, diz Oxfam, que pede taxação das grandes fortunas
Rodrigo Caetano
Publicado em 8 de dezembro de 2020 às 12h37.
Última atualização em 8 de dezembro de 2020 às 16h23.
O aquecimento global afeta todas as pessoas, independentemente de classe social. A responsabilidade pelas emissões de gases do efeito estufa , no entanto, não pode ser dividida igualmente entre ricos e pobres. É o que mostra uma pesquisa realizada na Inglaterra pela Oxfam, organização que atua no combate às desigualdades.
Segundo o levantamento, os ricos emitem 11 vezes mais carbono do que os pobres. Britânicos com renda de até 92 mil libras por ano, que correspondem a metade da população, foram responsáveis por 7% das emissões, no período entre 1990 e 2015. Esse grupo reduziu suas emissões em 12%, no intervalo analisado.
Já os 10% mais ricos responderam por 27% do carbono jogado na atmosfera, sendo que o grupo do 1% mais rico foi o único a aumentar suas emissões no período.
Os dados mostram, segundo a Oxfam, a necessidade de taxar as grandes fortunas, o que seria uma maneira mais justa de combater as mudanças climáticas. Quase metade das emissões no topo da pirâmide é proveniente de jatinhos executivos e SUVs.
"Em todo planeta, vemos a mesma fotografia: as mudanças climáticas estão forçando as pessoas a deixar suas casas, enquanto uma elite produz muito mais carbono do que o resto da população", afirma Danny Sriskandarajah, diretor da entidade na Inglaterra.
Empresas também precisam melhorar
O setor produtivo também não está colaborando muito. Um levantamento feito pelo banco suíço J Safra Sarasin , com 6 mil companhias abertas, aponta que, no atual nível de emissões, o mundo caminha para um aumento de 4 graus Celsius na temperatura, o dobro do estipulado como seguro no Acordo de Paris.
Na Europa, a preocupação parece ser maior. Mesmo assim, considerando as emissões das empresas europeias, a elevação da temperatura, nos próximos 30 anos, ficaria em 3,5 graus Celsius, uma leve melhora, mas insuficiente para evitar as consequências negativas das mudanças climáticas.
“Há uma onda de investimentos ESG (ambiental, social e governança, na sigla em inglês), mas o mercado não está correspondendo às demandas dos investidores”, afirmou Sasja Beslik, líder da área de sustentabilidade do banco, em entrevista ao jornal Financial Times.