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Paul Polman: liderança ambiental é oportunidade histórica e gera desbloqueio econômico para o Brasil

O ex-CEO da Unilever, referência em ESG no setor empresarial, defende que o Brasil busque liderar o Sul Global na luta contra as mudanças climáticas

Paul Polman no Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas: Brasil tem papel de liderança ambiental no G20 e na COP30 (Marcelo Pereira / FOTOKA/Divulgação)

Paul Polman no Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas: Brasil tem papel de liderança ambiental no G20 e na COP30 (Marcelo Pereira / FOTOKA/Divulgação)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 28 de fevereiro de 2024 às 14h43.

Para Paul Polman, ex-CEO da Unilever, o Brasil pode se tornar um líder do Sul Global na luta pela transformação ecológica. “O Brasil já lidera o uso de energias limpas, vocês estão agora como exemplo para o resto do mundo. Este pode ser o maior desbloqueio econômico do país”, afirmou.

O ex-CEO, que implantou na Unilever um dos planos de transformação sustentável mais ambiciosos do mundo corporativo, perdeu o emprego e se tornou uma das vozes mais atuantes no combate às mudanças climáticas, esteve presente no primeiro dia do Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas, realizado em São Paulo. O encontro reuniu líderes globais na busca por um desenvolvimento sustentável, discutiu as estratégias para implementar uma economia ligada à sustentabilidade e o papel do Brasil na presidência do G20 e como anfitrião da Conferência da ONU pelo Clima de 2025 (COP30), que será realizada em Belém.

Para o Polman, o momento atual do Brasil é de liderar a busca por equilíbrio no clima e no uso do meio ambiente. “Vocês têm vários ‘Pauls Polmans’ agora. Se 80% do mundo está no Sul Global, vocês têm muitas oportunidades de mobilização. Sejam o exemplo para outros países ao sul. Usem as oportunidades e se tornem líderes para os projetos que precisamos fazer. Determinem o padrão. Não há melhor país para atacar o problema do que o Brasil”, determinou.

Polman ainda criticou a falta de uma liderança global na busca por melhorias, e a guerra política entre nações, que paralisa as ações necessárias. “Só 30% dos acordos feitos nas COPs foram implementados. Não estamos atacando o problema e a urgência que ele pede. Espero que possamos superar os problemas das lideranças e colocar as pessoas certas no poder das decisões”.

Líderes globais contra às mudanças climáticas

No painel também estiveram presentes Alok Sharma, presidente da COP26, realizada na Escócia em 2022; Ivan Oliveira, subsecretário de Financiamento ao Desenvolvimento Sustentável do Ministério da Fazenda; Sandra Guzmán, fundadora do Climate Finance Group (Grupo de Finanças Climáticas) para América Latina e Caribe; e Fabio Kono, assessor da Diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES.

Para Sharma, países estão tendo de lidar com problemas semelhantes no que tange às mudanças climáticas. “Vocês têm uma grande oportunidade histórica, não apenas como uma gigante na economia, mas também como líderes na COP30 e no G20. Não subestimem esse poder”, afirmou.

O presidente da COP26 também pontuou que o nível de ação global ainda não reflete a real presença de uma emergência climática. “Certifiquem-se de que sairemos da COP com soluções que vão trazer mudanças, ou voltaremos em algum tempo com a mesma discussão. Esse é o momento para agir”, contou durante o painel.

De acordo com Sandra Guzmán, fundadora do Climate Finance Group para América Latina e Caribe, o Brasil pode fazer a intermediação entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento. “Os países ricos devem cobrir os vãos que existem na transição ecológica dos países em desenvolvimento”, afirmou. Sandra ainda relatou que o processo para a transição justa inclui cobrar mais esforços e taxas dos que possuem mais recursos financeiros e das empresas e países que poluem mais.

Justiça climática na inclusão social e geração de empregos

Segundo Daniel Teixeira, diretor do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade (CEERT), os anos de exclusão e violência contra a população negra acarretaram na luta dessa população para ocupar os espaços de execução de políticas. “Se por um lado os jovens negros são os que mais sofrem violações de direitos humanos, pensemos como essa juventude que mais sofre essa violação dos direitos humanos é a mais chamada para mudar a regra social. A bioeconomia deve dialogar com a dimensão humana. Quem é a pessoa pensada em políticas de bioeconomia?”, questionou.

Além de Teixeira, o painel -- mediado por Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente e presidente do Painel Internacional de Recursos Naturais da ONU Meio Ambiente -- contou com a participação de Alessandra Nilo, diretora da Gestos, ONG voltada a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, e Masyita Crystallin, conselheira especial do Ministro das Finanças da Indonésia para Política Macroeconômica e Fiscal.

Para Masyita, o Sul Global ainda não enfrenta as mudanças climáticas com o compromisso necessário porque esses países ainda não estão no centro das discussões sobre o meio ambiente, problema que pode ter avanços com a atuação do Brasil na liderança do G20 e durante a COP30. “Embora enfrentemos problemas similares em cada economia, os países têm capacidades e condições diferentes para enfrentar os desafios. A presidência brasileira deve debater com as nações e entender suas limitações”, afirmou.

A conselheira ainda apontou que o governo indonésio, que liderou o G20 em 2022, espera que o Brasil possa superar seus feitos durante a presidência. Até 2025, a liderança do G20 será feita por países do Sul Global.

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