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O plano da Natura para a equidade salarial entre homens e mulheres

A Natura &Co se comprometeu publicamente a eliminar até 2023, a diferença salarial residual que não se explica por variáveis legítimas e que pode constituir inequidade por gênero

Natura &Co: equidade salarial e de gênero até 2023 (Germano Lüders/Exame)

Marina Filippe

Publicado em 25 de fevereiro de 2022 às 07h00.

Última atualização em 25 de fevereiro de 2022 às 11h57.

Há décadas a fabricante de cosméticos Natura &Co trabalha para gerar oportunidade para homens e mulheres, seja por meio das vendas diretas, ou com benefícios para os funcionários, como o berçário dentro das sedes de São Paulo e Cajamar para pais e mães de crianças com até três anos.

Já na pandemia da covid-19, em plena crise sanitária, a companhia lançou a “Visão de Sustentabilidade 2030 — Compromisso com a Vida”, um documento com metas para a década. Ali, assumiu-se o compromisso de ter 50% de mulheres na alta liderança da empresa até 2030. Em outra frente, a empresa quer ter 30% de outros grupos pouco representados, como o de LGBTI+, em cargos de liderança daqui a nove anos.

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Mas, além de aumentar a representatividade, foi percebida a necessidade de fazer mais e promover a equidade salarial. Ou seja, mulheres e homens que exercem a mesma função e tempo de casa devem ter remuneração semelhante. Parece óbvio, mas, ainda não é uma realidade nas empresas, e as mulheres seguem ganhando cerca de 30% menos que os colegas homens nas mesmas profissões, de acordo com pesquisa da economista Laísa Rachter, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

Na contramão do mercado, a Natura &Co se comprometeu com equidade salarial eliminando qualquer diferença de gênero até 2023. Para isto, um detalhado trabalho vem sendo feito. "Fizemos um mapeamento, trabalhamos com consultoria e estamos criando mecanismos que nos ajudam a fazer a gestão durante o ano, para que as admissões e movimentações também tenham um impacto em eliminar essa diferença", diz Lilian Ikeda, gerente de remuneração sênior para Natura &Co América Latina. Veja abaixo a entrevista completa à EXAME.
Quando começou de fato a análise de equidade salarial entre homens e mulheres?

Acreditamos que as empresas têm um importante rol como agentes de mudança, por isso, no Compromisso com a Vida, nossa visão de sustentabilidade a 2030, contém no segundo pilar metas específicas que orientam o grupo a atuar para defender os direitos humanos, garantindo a equidade e a inclusão.

Entre as metas e ações a serem executadas até o fim desta década, realizamos compromissos específicos relacionados com balanço de gênero, equidade de salário, inclusão e renda digna (living wage).

Nos comprometemos com equidade salarial eliminando qualquer diferença de gênero até 2023 e nos comprometemos a implementar as ações necessárias para a equidade salarial em todas as empresas do grupo Natura &Co.

Como isto está sendo desenvolvido?

Desenvolvemos com a Mercer, consultoria líder em consultoria de recursos humanos, um estudo sobre a equidade salarial no grupo. Esse estudo, realizado durante o último trimestre de 2020, nos permitiu conhecer o ponto de partida sobre equidade salarial em todas nossas unidades de negócios. Ele incluiu dados dos funcionários em mais de 70 países, abrangendo dados de salário, posição, nível de experiência, tempo no cargo, desempenho, localidade e gênero.

Para Natura &Co América Latina, realizamos a primeira medição e respectiva ação para redução em 2021. Estamos na segunda edição e vamos endereçar o tema no ciclo da revisão salarial anual. É importante comentar também que a análise de equidade salarial já acontecia na Avon antes da integração das empresas.

Já houve algum equilíbrio?

Realizamos um avanço importante ao entender aquilo que temos pela frente para alcançar nossas metas de equidade de gênero. O estudo providenciou informações relevantes sobre o ponto de partida, aprendemos muito sobre nós mesmos e sobre as melhores práticas para alcançar as metas. Estamos trabalhando na evolução do tema anualmente para que possamos eliminar as diferenças até 2023.

É importante levar em conta que ao falar de pessoas, há movimentos contínuos, por isso continuaremos monitorando e reportando os dados com transparência para garantir a equidade salarial e prevenir diferenças salariais.

Quais diferenças salarias foram percebidas durante a análise?

Ao falar de equidade salarial, é preciso esclarecer algumas definições como:

- “Diferença Salarial Pura”: A diferença entre o salário médio de homens e mulheres dentro do grupo independente da posição, nível de experiência, tempo no cargo, desempenho, país e gênero.

- “Diferença Salarial Explicável”: Como o pagamento difere porque homens e mulheres desempenham funções diversas, têm níveis diferentes de experiência e os fatores acima mencionados.

- “Diferença Salarial Inexplicável” reflete a diferença salarial residual que não se explica por variáveis legítimas e que pode constituir inequidade salarial por gênero, raça ou etnia.

O foco da nossa atuação está na “Diferença Salarial Inexplicável” porque acreditamos que nossa forma de fazer negócios não deve aceitar nenhum tipo de inequidade.

Estamos comprometidos com a eliminação de qualquer diferença, por pequena que ela seja, e para isso damos prioridade à criação de mecanismos de gestão da equidade de gênero ao longo do ano considerando as admissões e movimentos salariais que ocorrem além do ciclo de Revisão Salarial, mas não podemos comentar mais detalhes.

Por que investir na iniciativa?

Pode parecer óbvio, mas cabe lembrar que somos um dos principais grupos da indústria da beleza no mundo. Temos plena consciência de que quando as mulheres têm uma relação saudável com a beleza, elas se transformam e constróem melhor autoestima.

Então, nos preocupamos com as mulheres, criamos produtos para elas, e impulsionamos os empreendimentos de muitas delas a partir das nossas marcas. Além disto, a participação das mulheres em nossa força de trabalho é maioritária. Por isso, para nós, faz todo sentido garantir que elas possam evoluir em suas carreiras de forma justa.

Como a iniciativa está ligada às metas ESG da empresa?

Acreditamos que os negócios devem ser uma força para o bem e que temos um papel na transformação positiva da economia global. Nossa busca por soluções ambientais e sociais que gerem impacto positivo são parte fundamental dos  negócios, pois a longevidade de uma empresa está ligada à sua capacidade de contribuir para a evolução da sociedade e de seu desenvolvimento sustentável.

Assim foi desenhada nossa visão estratégica, o Compromisso com a Vida, um plano um plano que reúne 31 metas com ações concretas para enfrentar alguns dos desafios globais mais urgentes: a crise climática e a proteção da Amazônia; a defesa dos direitos humanos, garantindo a equidade e inclusão em toda nossa rede; e abraçar a circularidade e a regeneração em nossos negócios até 2030.

Dentro do segundo pilar de Direitos Humanos, assegurar a equidade, inclusão e a diversidade é essencial para gerar impacto social positivo, é nossa fonte de inovação para o desenvolvimento sustentável, e está na base do compromisso com a promoção de um mundo mais democrático, justo e próspero.

Este ainda é um caminho em construção e para percorrê-lo garantindo os direitos humanos para todas as pessoas que compõem nossa sociedade, é preciso implementar estratégias claras. Por isso esse tema está presente no planejamento estratégico da empresa, começando por uma Política de Diversidade, Equidade e Inclusão integrada e acompanhamento das metas pelo Comitê Executivo e pela Vice-Presidência de Pessoas, Organização e Cultura.

 

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